8.26.2008

1 mês

Parece incrível, mas hoje já fez 1 mês que nos casámos.

Porque ainda andamos tanto nas nuvens e ainda se fala tanto sobre esse dia tão especial, tanto nós, como família e amigos, ficam aqui algumas notas soltas sobre o mesmo:

- a minha querida amiga Mariana, mesmo não podendo estar presente por se encontrar no outro lado do mundo, enviou-nos um SMS emocionado e uma foto tirada em Adelaide, na Austrália, no dia 26 de Julho.



- Tinha uma chamada não atendida no telemóvel, do Reino Unido. Mais um Amigo que quis estar presente!

- Chegou-me 'as mãos este pequeno vídeo, onde tentei cantar para o David, na Igreja:



- Enquanto tirávamos fotografias nos Forte de São Filipe, o Gonçalo esforçava-se arduamente por captar tudo com a sua câmara de filmar. Num dos momentos, ouvimos o som de tecido a rasgar: o Gonçalo, que se tinha baixado, tinha acabado de rasgar as calças entre pernas... e passou o dia a tentar omitir os seus boxers amarelos e a andar de maneira engraçada.

- Uma das sessões de fotografia foi feita no já tão conhecido lusco-fusco. A meio da festa, aparece-nos o Pedro em polvorosa, aflitíssimo e, de olhos arregalados, só nos dizia: é o lusco-fusco! é o lusco-fusco!! - e gesticulava enquanto nos chamava, a mim e ao David, lá para fora - Rápido, rápido!!! E eu ria-me... são 5, 7 minutos não é? - Vês como tu sabes, sorriu-me o Pedro!
Se vocês não sabem, fica aqui a informação sobre porque é que o lusco-fusco é tão famoso!

8.25.2008

Apanhado!!!


Este fim de semana foi passado na praia. No Sábado com a Lu e ontem com ela e com mais duas amigas.

Como eu e a Vera tinhamos bicicleta, comprados os bilhetes, dirigimo-nos todas para a última carruagem do comboio. Este vagão é destinado 'as binas uma vez que até metade tem assentos e a outra metade tem um espaço amplo com suportes onde se podem deixar os veículos.

Entrámos: a Vera 'a frente, eu, e a Lu e a Ariane atrás de mim. Ainda íamos no corredor ladeado por bancos, quando senti que alguém mexia na minha mochila. Virei-me para trás, convencida que era a Lu, mas entre mim e ela ia já um moço.

Olhei como quem diz "o que é que se passa"? Mesmo sem proferir nenhuma palavra, ele imediatamente levantou os braços e disse:

- Ai desculpa! Está tudo ok!

Não achei aquilo nada normal e quis muito deitar a mão ao bolso de trás da mochila para verificar se estava tudo bem mas, ao mesmo tempo, tive receio de, ao fazer isso (e estar tudo bem) estar a ser bastante indelicada para com o rapaz. Como já estávamos mesmo a chegar ao fim do vagão, virei-me para a frente e continuei.
Mas senti o gajo outra vez nas minhas costas!
Virei-me para trás de novo e deste vez disse-lhe:

- Queres passar 'a frente? Já vi que estás com muita pressa!
- Não! Não! Queres que te ajude com a tua bicicleta?
- Não, não quero! Fazes favor de passar 'a frente? - respondi-lhe já mal encarada
- Não! Não! Na minha terra as senhoras passam primeiro.

E neste momento deu passagem 'a Lu, ficando ela nas minhas costas. Continuei a andar e ainda disse entre dentes 'a Vera, em Português:

- Tu queres-me ver que este gajo me estava a tentar roubar a carteira?

Mas seguimos.
Acontece que, por a Lu e a Ariane não terem bicicleta, se sentaram um pouco antes de mim e da Vera... o que pôs o rapaz de novo nas minhas costas.

Eu não notei neste pormenor mas sei que senti um desconforto enorme nas minhas costas de novo. Foi um daqueles momentos de inspiração!
Eis que me viro e qual é o belo cenário?
O gajo está naquele preciso e exacto minuto, segundo, milisegundo a sacar a minha carteira e com ela na mão. Como disse, foi um daqueles momentos de inspiração.

Com uma raiva e bravura desconhecidas, que só me assolam em situações destas, em que nem penso bem no que estou a fazer, lancei a mão 'a carteira com toda a força, agarrei-a, deixando o gajo completamente assarapantado e depois (e ainda está para aparecer alguém que me explique como é que tenho descernimento para estas coisas em momentos como este), qual filme, desato aos berros. em Inglês, para que toda a gente no vagão se apercebesse do que se estava a passar:

- THIS IS MY WALLET YOU SON-OF-A-BITCH!!!!!!!!!
WHAT THE FUCK ARE YOU DOING WITH IT???

Literalmente estas palavras!!
O gajo, ali encurralado no corredor, entre cadeiras, bicicletas pessoas e eu, balbuciou um:

- You're crazy!!! - (ainda tentou o ardil de me fazer passar por louca... assim o pessoal demora mais tempo a perceber o que se está a passar) enquanto se tentava pisgar dali a toda a pressa.

Eu, com a bicicleta numa mão, a carteira na outra e numa bela pilha de adrenalina, nem sequer pensei em agarrá-lo, mas enquanto ele passava pelas pessoas, eu continuava a gritar a ver se alguém fazia alguma coisa:

- SHAME ON YOU! YOU THIEF!!!
THIEF!!!!!

E aí, um homenzinho, já mesmo junto 'a porta do vagão, percebeu o que se passava, mas a esta hora já o mafarrico se punha na alheta e corria pela plataforma. O Sr. só me perguntou:

- Ele levou a sua carteira??
- Não, tenho-a aqui comigo! Obrigada!

Foi tudo tão rápido e despercebido que a Lu, acabadinha de se sentar, quando ouviu os berros julgou que era eu a mandar vir com o rapaz por ele ir tão perto de mim e que me pudesse ter apalpado ou feito alguma coisa. A Vera, que estava 'a minha frente e que viu a cena toda na primeira fila, ao ver-me tão furiosa até quis dizer-me:

- Pronto, Inês! Já passou, tem calma!

Ela tinha razão. E se o gajo sacava de uma navalha, ou de uma outra arma? Mas fico tão injuriada com estas coisas que me esqueço desses "SES" todos e vou de peito para a coisa... e pelos vistos faço-o muito bem.

Com o comboio já em movimento e sentada com as minhas amigas (a e gora a tremer que nem varas verdes) o casal sentado nas cadeiras ao lado perguntou-me o que é que se tinha passado, pois só se aperceberam que alguma coisa estava errada quando eu comecei aos berros. Explicada a história, a senhora só me disse:

- Parabéns! Você esteve muito bem! Você é rija!! (You're tough... se bem que traduzido fica meio esquisito).

Pois sou... e sou-o sem sequer pensar, o que qualquer dia até me pode custar caro.
A Lu e Ariane, Brasileiras, e mais tarde o David, quando lhe contei a história, só me diziam que eu não sobreviviria muito tempo no Brasil... reagir assim é pedir por sarilhos ainda maiores. Têm razão, mas não posso desmentir que senti uma satisfação imensa por aquele ladrão não ter levado a dele a melhor... e depois até pensei " mas porque é que não lhe dei uma cotovelada nas trombas?".
E' que é isso mesmo que dá vontade de fazer!

O curioso disto tudo é que, a viver 25 anos em Portugal e já tendo passado um total de 5 ou 6 meses no Brasil (2 dos quais sozinha, a viajar de mochila 'as costas) NUNCA fui assaltada ou roubada. Venho para os USA e a conta já vai em 4:

- uma bicicleta em NYC
- casa assaltada em Boston
- cartão de crédito, dinheiro e carta de condução roubadas do laboratório (e acho que o pífaro/clarinete também, mas até hoje não sei se ele desapareceu do lab ou quando a casa foi roubada)
- e agora esta cena do ladrão

Felizmente, a carteira ficou comigo e recuperei o que roubaram da casa mas... não deviam os USA ser mais seguros?

8.20.2008

Em breve...



Noite de Núpcias e Lua de Mel :)

8.18.2008

Ainda o nosso casamento

A avaliar pelo tempo que o pessoal passa no post anterior, estou a ver que nem todos têm paciência para ler e ver tudo.

Assim, e porque ainda me sinto no direito de ser uma "noiva histérica", fica aqui o essencial:

O Filme que deixa o pessoal a rir e a chorar:



E as fotos :)

8.12.2008

O Nosso Casamento

Se alguém achou o vídeo do post anterior radical, esperem só para ver o filme e as fotos (oficiais e amadoras) que acompanham este relato (se tiverem paciência para ler tudo e chegar até lá). Esse sim é prova de algo verdadeiramente radical: eu e o David, no passado 26 de Julho... casámos... de novo!! :)

A decisão foi tomada em Março de 2007, quando recebemos as nossa alianças, oferta dos mui amigos Melos. Ao colocar-ma no dedo, o David, com os olhos mais apaixonados deste mundo, só me disse: casa comigo! vamos casar “como deve ser”.

Porque casámos pelo civil há 2 anos atrás, e ainda por cima no Brasil, e porque conheci o David cá nos USA, passados esses 2 anos muita da minha família ainda não conhecia o Eleito... já para não falar que os nossos pais, meus e do David, também só tinham travado conhecimento por telefone até ‘a data. Existia de facto a urgência de um evento onde pudéssemos reunir todos aqueles que nos são queridos, partilhar com eles o nosso Amor e deixar toda a gente conhecer-se. Assim, desde Março de 2007 que andámos a preparar o grande dia.
Ah, e obviamente que eu disse logo que “Sim” ao David!

Poupei-vos da histeria típica dos noivos (mais das noivas, devo dizer) e nunca referi a preparação do grande enlace. No entanto, agora que há tanta coisa para contar e mostrar, não resisto a partilhar convosco o que foi aquele dia. Afinal, vocês também fazem parte do meu dia-a-dia e até têm acompanhado aqui e ali as nossas peripécias.

Por isso, merecem... espero ser merecedora do vosso tempo também. Vai ser longo, hehehe!

Dia 26 de Julho de 2008, Setúbal. Para mim o dia começou logo ‘as 6 da manhã, após umas míseras 3 horas de sono... típico! A minha mana chegou pontualmente ‘a casa dos meus pais. O David dormiu na casa dela, para que não houvesse a mínima hipótese de ver a noiva antes da hora. Já que uma pessoa se mete nestas coisas, fá-lo como deve ser até ao fim.

Fomos, eu, a minha mãe e a minha mana para o cabeleireiro, sendo que eu fui logo a primeira a entrar em acção. Confesso que não fui uma noiva muito convencional, uma vez que não tinha qualquer penteado pré-definido ou idealizado. O único requerimento era levar uma fita do mesmo tecido do vestido na cabeça, uma vez que véus também não é coisa para mim. Paciente e artista como sempre, a Salete andou para ali em experimentações, até que finalmente engendrou uma maneira de pôr a fita, prender a fita e assegurar que a coisa se mantinha firme até ao fim do dia.









Depois do penteado seguiu-se a maquilhagem. Até então o dia estava a correr muito bem mas, assim que a miúda me começou a pintar, senti-me pela primeira vez nervosa. Aliás, parece até ridículo, mas durante o dia todo foi naquele momento que me senti mais ansiosa... eu sei que a noiva se deve atrasar, mas, pelo menos, que seja para ir linda. E, a avaliar pelo “belo” serviço que a rapariga estava a fazer, não me pareceu que esse fosse o caso. Vejam só a minha cara de felicidade!!







O que vale é que a minha mana estava lá e, graciosamente, foi guiando a miúda, dizendo-lhe como devia pintar, com que cor e tal. Mais valia ter sido logo a minha mana a pintar-me. Tinha ficado muito mais tranquila e bonita, mas pronto... não se pode controlar tudo. No fim, acho que nem ficou assim tão mauzinho:



Com a noiva e a mãe da noiva prontas (lindíssimas, diga-se), seguimos para casa, deixando a minha mana, sogra e cunhada a aperaltarem-se, para depois seguirem para a casa do noivo.



Chegada a casa, preparei-me para vestir o vestido, uma vez que os fotógrafos estariam a chegar daí a nada. O meu pai também se começou a vestir quando, meio que aparvalhado a olhar para a cintura dele, só balbuciou:

- Oh Cidália, tens a certeza que estas são as minhas calças?
- Lá estás tu! Claro que são!! – respondeu a minha mãe ainda antes de chegar ao quarto e ver o meu pai numa cena típica de filme cómico – Não vês que emagreceste? (e neste momento entrava no quarto).
- Pois... só que mesmo assim elas estão-me minúsculas!!

O cenário era no mínimo hilariante e eu já me começava a rir. No dia anterior a minha mana levou os fatos dos meus sogros e da minha cunhada para casa dela, para que eles se vestissem lá e tirassem as fotografias com o filho. A minha mami, como é meio pitosga e os fatos do meu pai e do meu sogro até eram algo parecidos (mas bem diferentes, diga-se), deu o fato do meu pai para a minha irmã levar. Conclusão, ali estava o meu pai a tentar vestir as calças do pai do David, que é um senhor consideravelmente mais baixo.

Eu ria-me, o meu pai despia-se e abanava a cabeça, a minha mãe começou a deitar fumo pelos ouvidos (coitadinha, ser mãe da noiva é um posto difícil) mas a coisa resolveu-se facilmente: o meu pai foi a casa da minha mana, trocou os fatos, voltou e ninguém deu por nada. Antes mesmo de os convidados chegarem já toda a família, incluindo a minha mãe, estava empiriquitada. Acho que estas coisas fazem parte de todos os casamentos, hehehe. E’ para dar mais emoção!

Os fotógrafos foram extremamente pontuais. ‘As 10h tocaram ‘a campainha e parece-me que fizeram o mesmo com o David, mesmo tendo marcado com o noivo só ‘as 11h. Ainda o apanharam nos últimos preparativos, mas nada de stresses. Tudo correu bem. O Pedro e o Gonçalo puseram-me super ‘a vontade e foi sem esforço nenhum que tirei todas as fotos, muitas vezes até sem notar que elas estavam a ser feitas.

Pouco depois, começou toda a Alegria que se prolongou por todo o dia, Alegria essa que só variou para aumentar ainda mais: a chegada dos convidados. Eram Amigos, Familiares, mais Amigos, muitos abraços, muitos! Muitos sorrisos, muitos reencontros, muita Saudade de repente esquecida. E eu sorria e sorria, tanto que as lágrimas assomavam sem eu mesma notar. Toda a gente sorria. Imperou a Felicidade! Estar no estrangeiro tornou destes momentos muito raros, se não mesmo inexistentes. Está-se em casa sempre por um período finito e curto, sendo impossível estar com todos, muito menos no mesmo espaço, por isso foi tão mais especial ver todas aqueles rostos luminosos.

Toda a gente me referia o quão bonita eu estava, o quão bonito era o meu vestido e como era original o penteado. Confesso que, de todos os elogios, o que mais se repetiu, e que mais me agradou, foi toda a gente dizer: estás mesmo Tu!

Nunca pensei casar por Igreja. Aliás, nunca pensei casar e era acérrima militante contra tudo o que envolvesse um dia assim. Sempre achei um disparate todo o dinheiro que se gasta, o tempo que se dispende, o balúrdio que é um vestido... tudo. Os meus pais bem me diziam: vais ver... quando menso esperares Ele aparece!
E assim foi, de repente tudo fez sentido.

Aquela segurança que sinto naqueles olhos dele, o estremecer que me provoca o seu toque, o Amor que me dói quando me beija, aquele cheiro em que quero ser envolvida todas as noites, hoje e para sempre... e sim, vamos casar, celebrar todo o nosso bem-querer, partilhar a nossa felicidade. E sim, quero estar linda para ti, e ter um vestido e pintar-me e até arriscar usar uns sapatos “de senhora”. Sim, sim, sim!!

E lá me vi eu na eminência de ter que comprar um vestido, sem nunca ter tido aqueles sonhos de menina, que idealizam aquele dia e logo imaginam todos os pormenores Daquele vestido. Sem saber bem o que procurava, sabia contudo que queria continuar a ser eu mesma e que as pessoas vissem a Inês de sempre e não uma boneca vestida de princesa.

Foi o segundo vestido que experimentei e soube de imediato que era aquele. Em menos de 2 horas de buscas a coisa já estava feita. Simples e liso. Senti-me bem dentro dele de imediato e não desconfortável. E ficou provado que fiz a escolha certa. Não ouve quem não referisse o quanto o vestido era a minha cara.

Quando me viu, a D.Lizete, nossa vizinha que me conheceu com 10 meses, beijou-me e segredou-me: está tão linda, Inês!! Mais linda do que a sua irmã há 3 anos, mas não lhe diga nada! Sorri. Achei engraçada a maneira como quis expressar o que sentia. Não contei ‘a minha mana, porque estas coisas não são verdade. Depois de ter sido uma, tenho a certeza que não existem noivas feias (e a minha mana estava mesmo muito bonita, no dia dela).

Após as fotografias em casa, chegou o momento de seguir para a Igreja. Os convidados já tinham ido e sobravam agora o meu pai e a minha mãe. Estavam ambos radiantes, lindos. E não era por causa da indumentária, mesmo estas sendo muito chiques, viu?

Tinham um brilho especial, de Orgulho, mas um Orgulho que transcende o terreno. Não é pela Beleza, não é pela Alegria daquele dia, por si só já suficientes para deixar qualquer um em estado de plenitude. Era um Orgulho de concretização, de missão cumprida, e bem cumprida, o saber que me criaram e mimaram toda a vida e que ali estava o resultado: alguém Feliz, muito Feliz, e rodeada de Azul, Mar, muito Mar, tudo de bom... e que agora era esperada, pelo Amor verdadeiro, para ser ainda mais Feliz.
Quero um dia poder sentir o mesmo com um filho/filha minha.

Enquanto a minha mãe se certificou que tudo estava em ordem, ajeitei a flor na lapela do meu pai.

- Vamos? - disse-lhe com um sorriso miudinho.

Estava muito descontraída e feliz e, chegada ‘a Igreja, só queria sair do carro e caminhar em direcção ao David.

Tive que refrear a minha vontade, pois o casamento anterior, que já devia ter terminado, ainda estava para durar.



Dentro do carro tentava manter-me baixa para que não houvesse a mínima hipótese de o David me ver, mas duvido que ela não tenha percebido onde eu estava. Os amigos que ainda não me tinham visto de imediato vieram para ao pé de mim e ali se travaram mais sorrisos e reencontros. A espera nem custou nada!



Saído o casamento, toda a gente entrou para a Igreja e chegou finalmente a hora de me juntar ao David. Subi a escadaria da Igreja com medo de tropeçar. O meu pai ia-se certificando que tinha o casaco apertado, a flor na lapela e esquecia-se de me dar o braço. A minha mãe já estava ‘a espera, com a Clara ao colo, para também ela entrar. A minha sobrinha foi a menina das alianças mas, porque ainda não sabe andar, seguiu com a avó.

A música soou: o órgão, encheu a Sé, acompanhado das vozes dos Amigos: os Melos, nossos Amigos de longa, longa data... correcção, nossa Família de longa data, e outros Amigos, também eles do peito, afinaram as vozes para abrilhantarem o nosso casamento.



Assomámos, eu e o meu pai, ‘a porta da igreja, silhuetas escuras contra o sol brilhante lá de fora e o céu azul. Procurei o David com o olhar e lá estava ele ‘a minha espera: lindo... lindo demais! Sorriu-me e mesmo ‘aquela distância consegui sentir o carinho nos seus olhos. Tive que segurar o braço do meu pai com mais força.




De repente senti os olhos encherem-se de água e o queixo a tremer. Não podia continuar a olhar para o David. Começámos a caminhar e então olhei para todos aqueles sorrisos e olhos brilhantes. Estendi a mão ao Ricardo, pisquei o olho ‘a Teresinha, a minha irmã tinha lágrimas a molharem-lhe o sorriso rasgado... e continuava a sentir toda aquela emoção estremecer-me. Não conseguia olhar para o David... só o encarei já muito perto dele, quando a mão dele já estava quase ao meu alcance, quando já a podia segurar na minha e ter a certeza que aquilo não era um sonho.

O atravessar da Igreja esfumou-se na minha memória. Lembro-me do que aqui relatei e nada mais, mais ninguém para além dos enunciados, e a música... e depois o meu pai falou com o David, e a um novo filho entregou a filha. Olhámo-nos:

- Bom Dia, Amor! – disse-lhe com a voz embargada.
- ‘Cê tá linda, querida! – disse-me, enquanto me apertava a mão.



Virámo-nos para o altar e o padre Graça cumprimentou-nos. Relembrei-o que me conheceu quando eu tinha 6 anos. “Já vão uns aninhos”, respondeu com a sua voz grossa. Falou com o David, deu-lhe umas pantufadas na cara (acho que os velhinhos sentem que exprimem melhor a sua satisfação dando umas palmadinhas na cara com força) e ficámos a ouvir a música, que ainda decorria. O Padre Graça sentou-se, fechou os olhos e ficou a escutar, eu e o David sussurrávamos carinhos um ao outro, discretamente... como se ainda não fosse permitido fazê-lo, mas como se não nos conseguíssemos conter.





Senti, pela primeira vez em toda a minha vida, o que é ter os joelhos a tremer. Bateram um no outro duas ou três vezes. E de mãos dadas, soube que não ia cair, pois o David segurava-me.



Terminada a marcha nupcial, caiu o silêncio sobre os ecos que ainda ressoavam. A Clara continuou a cantar, como se estivesse a gostar da música, mas logo parou. E o Padre Graça iniciou a celebração:

- Bom dia a todos! Estamos aqui a reunidos para celebrar a união da Maria Inês e do Francisco.



E neste momento sentiu-se uma certa agitação entre a assembleia. Como já devem ter percebido, Francisco é bastante diferente de David e, embora sejam esses os seus nomes, o David apresenta-se usando o segundo. Ninguém sabia que o primeiro nome dele é Francisco e foi com grande espanto que ouviram o padre Graça enunciar os primeiros nomes que leu.

O David também se riu, mas já era tarde demais para corrigir a coisa e a partir daí foi Francisco até ao fim. O nosso amigo Ricardo referiu-nos mais tarde que, caso o Padre tivesse perguntado se alguém tinha alguma coisa contra aquele casamento ele se teria levantado e perguntado: mas quem é esse Francisco?? Eu quero é saber onde está o meu amigo David!

Se esta peripécia tirou alguns risos aos presentes, o que se seguiu arrancou gargalhadas. Como profissionais que são, os fotógrafos movimentavam-se pr’aqui e pr’ali, por forma a captarem tudo e mais alguma coisa. Para que a luz fosse ideal, instalaram um holofote junto ao local das leituras e suavam em bica para assegurarem um trabalho de qualidade. Iniciada a cerimónia e já a meio do seu discurso, sem que ninguém o previsse, o Padre pára de falar, olha para o holofote, olha para os fotógrafos e diz:

- Tirem-me lá daqui esta coisa que já estou cheio de calor. Que coisa! Em tantos anos nunca vi tamanha agitação! Desliguem já tudo e deixem-me fazer a celebração em paz!

Apanhado de surpresa, o Pedro foi até lá atrás e desligou o holofote... só que com ele desligou também o microfone do Padre. Ia o Padre continuar o seu discurso quando percebeu que o micro... nicles, tinha-se ido ao ar. Com a sua voz poderosa (talvez prática de muitos anos sem estas modernices), resmungou:

- Olha agora, então não é que me desligaram o som!! Bonito!! Um sistema caríssimo e agora estragaram isso tudo. Que chatice!!

A Sara, minha madrinha, ria atrás de mim. O Patrick, meu padrinho, mesmo não percebendo Português, ria também. E riam a minha irmã e o meu cunhado, padrinhos do David. E ria toda a gente.
Como se já não bastasse isto tudo, o Padre ainda nos diz:

- Esperem aí que eu já venho!

E saiu, deixando-nos ali no altar. Eu gargalhava (uma amiga até me disse que foi naquela altura que teve a certeza que era eu que ali estava, pois aquela gargalhada era inconfundível), o David também se ria. Olhávamos para trás de nós e entre risos e ombros encolhidos de como quem diz “e agora?”, aquele momento foi sensacional para informalizar a coisa e ser aquilo que verdadeiramente era, um momento entre Família e Amigos.

Quando voltou, o Padre veio a resmungar com os fotógrafos, dizendo algo entre o “estragaram” e o “têm que pagar”. Depois, lá se recompôs e continuou, como se nada se tivesse passado. Fez o sermão, escutámos com atenção e depois os padrinhos aproximaram-se para a bênção e troca das alianças.









Obvio que neste momento os fotógrafos, coitados, já sem luz (o padre também não os deixava acender as luzinhas das próprias cameras) aproximaram-se o máximo que conseguiam. Afinal, não pode faltar justamente esta foto. Clic para aqui, clic para ali, e o Padre a benzer as alianças, mais um clic, mais outro... e o Padre a resmungar:

- Saiam lá daqui, que chatice!!! Nunca vi fotógrafos assim, valha-me Deus! – e olhava para cima como quem diz “Senhor, ajuda-me!!”.

A esta hora até os fotógrafos já se estavam a rir e nem ligaram muito ‘a coisa.
Decorrida a troca das alianças, o padre dava por encerrada a cerimónia. O David, espantado, sussurrou-me “e não beijo a noiva?”.

- O Francisco quer saber se pode beijar a noiva! – disse eu divertida ao Padre.
- Pois claro que pode! Pois claro! – riu o Padre Graça num misto de divertimento pela falha de memória e satisfação por mais um casamento.

Olhou-me com carinho e, segurando o meu rosto entre as mãos meigas, o David beijou-me longamente. O coro começou a cantar novamente e foi tão bom! Sentámo-nos a ouvir e, quando terminaram a canção, o Melo, nosso maestro, dirigiu-se aos convidados e anunciou: pedimos agora o máximo de silêncio, pois vamos fazer uma coisa muito especial.
As pessoas entreolharam-se! Ainda mais coisas??

O David também olhou para mim, confuso. O meu pai pegou na viola e sentou-se junto ao Melo, também ele já a ajustar a sua. O Melo piscou-me o olho e lá começaram eles a tocar.



Chegado um harpejo e uma pausa mais longa, com todos os olhos postos no coro, eis que eu me levanto e começo a cantar para o David. E todas as cabeças se viraram.
Era uma surpresa, para ele!

Quis cantar-lhe juras de Amor, de Fidelidade, de Tudo... cantei-lhe que o Amaria, para sempre, mas a emoção apossou-se de mim, e a voz saiu entrecortada por sentimentos, por choro e riso. E o David, como que perdido e maravilhado, segurava-me a mão, beijava-ma e ouvia-me como se da melhor cantora se tratasse. A Rita, filha mais velha dos Melos, auxiliou-me quando a voz foi assoberbada pela emoção e depois o coro todo, no refrão. Tentei recompor-me para a segunda parte, mas era muita a emoção. Eu tinha lágrimas nos olhos, na voz e no coração, o David estava embevecido e os convidados fungavam. Foi muito, muito bonito!!
Toda a gente bateu palmas no fim. Muito bonito!









Ainda a recuperar de tudo isto, seguimos para a sacristia para assinar os papéis. O Padre Graça, embora um querido, já acusa a idade avançada. Quando lá estávamos, já chamava o David por outro nome que não Francisco. “Ai a minha cabeça”, dizia ele divertido!

Lá fora, já nos esperava a multidão de sorrisos, arroz, pétalas e cor. Caminhámos de mão dada, muito felizes e sorridentes para aquele ponto de luz e, chegados lá fora, fomos envolvidos numa onda de alegria.





O arroz e as pétalas caíram sobre nós. Fomos envoltos em abraços e risos, votos de felicidade e acima de tudo isto, envolvidos por aquela melodia. Romântica, a roçar o Parisiense, o som maravilhoso daquele acordeão.









A Celina, amiga de há muitos, muitos anos, dos tempos do conservatório, reencontrou-se connosco neste dia e presenteou-nos com a sua arte de tocar. E encheu aquela manhã linda ainda de mais luz e beleza. Toda a gente foi tocada por aquele som e inebriada pela atmosfera. Dançou-se, aqui e ali. E eu abraçava toda a gente e sorria muito... e lembro-me de dizer várias vezes:

- Que dia tão lindo!!! Tão lindo!!! Podia estar a chover e a trovejar que este continua a ser o dia mais lindo da minha vida!!!

















Ainda nos demorámos por ali até as pessoas começarem a dirigir-se para Sesimbra, para a Quinta dos Sonhos, local onde se realizou o copo-de-água. Nós, eu e o meu marido :), ficámos para trás com os fotógrafos e ainda tivemos umas sessões de fotografia junto ‘a Igreja e no Forte de São Filipe. Quando chegámos ‘a Quinta, já eram quase 16h.





Felizmente, o pessoal já tinha comido muitas entradas e estava com um ar satisfeito. Eu e o David estávamos cheios de sede e a única coisa que tomámos foram 2 valentes copos de água. Sessão de fotografias, em Julho, no sol das 14h, vestidos a primor, não foi pêra doce! Mas foi muito divertido. Os fotógrafos eram muito criativos e tirámos fotos em poses muito engraçadas (que podem ver no link que aparece mais abaixo). A coisa ainda não se tinha ficado por aí, pois ao chegarmos ‘a Quinta seguiu-se a inevitável sessão de fotos com os convidados, mas estávamos tão felizes que tínhamos sorrisos para dar e vender para muitas mais sessões de fotografia.













Chegou o merecido momento de nos sentarmos ‘a mesa, para comer (embora a fome fosse quase nula).



Quando já todos os convidados estavam na sala, entrámos nós ao som da música “Leãozinho”, cantada pelo Sr. Gonzaga e a sua banda, excelentes músicos, diga-se. Toda a gente nos aplaudiu e foi com satisfação que descansámos nas nossas cadeiras.







Nesse momento apercebi-me da quantidade de adrenalina que me correu pelas veias desde o início do dia, pois deu-me muito, muito sono. Se calhar nem era adrenalina mas sim emoções a mais. Decorrida a refeição, também ela impecavelmente servida e deliciosa, aproveitei os intervalos entre pratos para me dirigir a esta ou ‘aquela mesa, uma vez que não há tempo para nada e não se consegue falar com todos como desejaríamos. E’ mesmo verdade que o dia passa a correr e a demanda pelos noivos é enorme: chamam-nos os músicos, os fotógrafos, o chefe de sala, os convidados... não temos mãos a medir, mas é muito giro.









Passada a refeição seguiu-se a distribuição dos brindes aos convidados. Porque o tema foi “Brasil”, tudo se revestiu de azul, verde e amarelo. Os convites eram assim:



E no cesto, igualmente decorado, distribuímos envelopes azuis com fitinhas verdes/amarelas, contendo um CD, também ele decorado de cores verde/amarelo, onde se encontravam compiladas todas as músicas referentes a cada mesa. Optámos por dar o nome de cantores Brasileiros ‘as mesas e escolhemos uma música de cada cantor que falasse de Amor e Bem-querer. Nos marcadores das mesas constava não só o nome do artista bem como uma frase dessa mesma música.







Até o livro do coro seguiu 'a risca o tema do casamento e a nossa amiga Teresa fez capas a primor. Aqui também podem ler a música que tentei cantar ao David:





Para além de conter todas essas canções, a última faixa do CD correspondia ‘a tradicional valsa dos noivos. Porque nos conhecemos num forró, a nossa “valsa” foi o “Nosso Xote”, que dançámos apaixonadamente:







Claro que também não faltaram os charutos!



O dia estava a ser perfeito, mais que lindo, de tanto sentimento que se sentia no ar, mas a coisa ainda conseguiu melhorar quando a nossa amiga Celina nos surpreendeu mais uma vez, desta vez dedicando-nos dois fados. Chorei, pela surpresa, pela dedicação, pela beleza daquele momento, por termos Amigos assim... e tantos outros ficaram comovidos.







Como se já não chegasse de surpresas, o meu pai e o meu tio, ambos em pleno êxtase de felicidade, fizeram discursos lindos, que tocaram a todos, que fizeram sorrir toda a gente, que nos uniram ainda mais e depois... os Melos outra vez. Prepararam-nos uma apresentação que remexeu no baú das memórias, como fotos antigas e palavras lindas.





Estava emocionalmente esgotada. Tanto, que já me faltavam as lágrimas para exprimir tamanho sentimento... só no dia seguinte, quando revi essa apresentação, senti toda a comoção de novo e chorei, mais uma vez, de alegria.

Houve muitas lembranças e presentes. Todos foram muito generosos, como se já não bastasse a presença de toda a gente. As minhas primas lindas deram-nos um mealheiro pintado por elas, recheadíssimo! O que chamei inicialmente de porquinho passou a ser um javali, depois de revelado o seu interior. Os meus amigos, voluntários da Expo, também nos presentearam com semelhante prenda, mas desta vez uma abelhinha, também ela bem cheiinha de mel. A Liliana primou por “aquele” toque e ofereceu-nos um quadro original, pintado pela avó Mimi. Lindo! E toda a gente expressou o seu carinho ‘a sua maneira.





Um dos momentos altos, que mais uma vez nos uniu a todos, provando mais uma vez que estávamos numa reunião de família/amigos e não numa festa formal, foi quando os fotógrafos, que andaram a bulir a tarde toda, exibiram esta montagem:



E eram “ahs” e “ohs”, e risos, e choros.. e toda a gente com olhares embevecidos. A Sarita, minha madrinha, até veio para perto de mim e do David e, visivelmente emocionada e com as lágrimas a escorrerem-lhe, só me dizia: “estou tão, mas tão feliz por vocês!!!”

Chegada a hora de partir o bolo (também ele decorado de verde e amarelo. E viva o Brasil, hehehe) ainda fizemos rir os convidados. Ofereci um pedaço ao David que, no momento em que o ia comer, o viu desviado para a minha boca. Dei-lhe depois o segundo pedaço, que ele comeu, oferecendo-me em troca um pedaço... que também ele desviou para a sua boca.











(PS - A minha cara de desagrado não é por causa do bolo mas sim por causa do espumante. Eu não bebo :P)

Entre os vários momentos, houve muita música e muita dança. Toda a gente dançou e se divertiu muito, não havendo períodos mortos. A música foi excelente e agradou a toda a gente, de todas as idades.



















O atirar do ramos da noiva também foi engraçado, calhando a sorte grande ‘a minha prima Joana. Está bem encaminhada, uma vez que namora com o Carlos, o do “tapinha não dói”, no filme, e esse já está adoptado como primo dada tamanha performance, hehehe.



E, de repente já eram 2 da manhã, e o dia já chegava ao fim... mas que dia, tão lindo. Senti-o eu, senti-o o David e todos aqueles que se juntaram a nós. Ainda hoje recebo emails de pessoas que lá estiveram a expressar o quão gostaram da festa. Não resisto em partilhar convosco as palavras queridas da minha queria amiga Jerusa, que me enviou este email ontem (espero que ela não se importe...):
"Inês,

o vosso casamento foi mesmo muito lindo, cheio de emoções e confesso que era possível sentir o amor no ar, nao só dos noivos, que estavam em extase amoroso, mas de uma forma geral de todos os convidados. Acho que o amor de vcs contagiou a todos.

Teu casamento ficará para sempre em minha memória como um momento único e iluminado. Tua homenagem ao teu homem com a voz embargada pela emoção, a saída da igreja regada por rosas, arroz e uma amiga tocando acordeão maravilhosamente, inesquecível.

A valsa, ao compasso nordestino, com sensualidade e muito amor. Ssuponho que vcs tenham se conhecido dancando forró, ou?.

Outro ponto alto para mim, foi ouvir a tua amiga Celina cantando fado, foi a primeira vez que ouvi fado ao vivo, e Inês, confesso novamente, que maravilha heim... essa tua amiga é um espetáculo.... eu nao entendo nada de música, melodia e essas coisas, mas a Celina me agradou muitíssimo, que coisa encantadora, só em relembrar fico arrepiada.

Enfim, parabéns e parabéns aos organizadores, foi lindíssimo. Hmmm, o vídeo também está muito bom, os rapazes da produção fizeram um bom trabalho. E qd colocas algo no blog?

Que Deus ilumine teu amor e que vcs continuem radiantes como no último dia 26.

Muitas felicidades!!!

Bjinhos carinhoso e obrigada por teres proporcionado um momento tao lindo na minha vida

Jerusa"


Foi lindo demais, de facto!

Conseguiu tocar até os fotógrafos. O Gonçálo, camera-man, só nos dizia:

- Pah, vocês são dos noivos mais giros que já tivemos. Por vossa causa, vou pedir a minha namorada em casamento! A culpa é vossa!

Espero que tenham gostado do relato do dia e que tenham conseguido captar um pouco de toda a Felicidade que ali se viveu. Ao lê-lo, sinto que falta ainda muita coisa... é impossível conseguir descrever tudo o que foi aquele dia mas, é o que se arranja :)

Aqui podem ver as fotos oficiais, feitas pelos fotógrafos, embora seja de agradecer as fotos que aqui mostrei, enviadas por amigos e familiares.