1.12.2011

México 2 - Custou mas chegámos

Hoje nevou como nunca antes vi... ou se vi, foi tão mauzinho que apaguei da memória e hoje foi para mim o pior nevão de sempre.

Acumularam-se, durante a noite e parte do dia, 17.5 polegadas de neve, que é o mesmo que dizer que a neve atingiu 44.5 cm de altura... quase meio metro. E' bonito? E'. Fica tudo branquinho, numa calma e num silêncio muito particulares, como se só se pudesse sussurrar para não perturbar tal placidez. As árvores, já sem folhas e só com ramos, acumulam paredes de neve sobre eles, num equilíbrio instável e delicado. Mais parecem feitas de renda. A cidade parou. As escolas não abriram, muita gente (tal como eu) não foi trabalhar. Poder-se-ia dizer que era uma cidade deserta, não fosse, aqui e ali, começarem a aparecer as pessoas quando a neve abrandou, de pás em riste, para libertarem os carros do que mais parece ser um estado de hibernação. Também eu passei mais de uma hora a tentar desenterrar o nosso carro (já que o Sr. meu marido está no bem bom no Brasil :))... e aí... a porra da neve já não tem piada nenhuma.

Enquanto me degladiava com a neve, o vento, o gelo que entra pelo espaço que a luva deixa no punho, a água fria que começa a ensopar as calças, cada vez que piso a neve em redor do carro e me afundo até ao joelho, o pingo no nariz que não consigo coçar, o gorro que insiste em tapar-me os olhos, os movimentos que não são fluídos por causa do casaco de esquimó, dei por mim a pensar no meu querido Mérrrrico e em como, há duas semanas atrás, também eu estava no bem bom, com sol e calor. E lembrei-me que tinha que actualizar o Blog.

Eis aqui então a 2a parte da saga Mexicana (que, espero, chegue ao fim.... pois a da West Coast ainda está incompleta e a de Fernando de Noronha nem sequer começou :P).

Após termos perdido um dia de viagem, chegámos a Cancun no dia 30, já perto das 14h. Optimista, pensava e dizia ao David: assim que sairmos, vamos buscar o carro que alugámos, seguimos para Tulum, devemos chegar lá perto das 16h e ainda dá para darmos um mergulhinho no mar. Parecia ser fácil, mas desde logo vi que o nosso azar ainda não tinha terminado. Chegados ao balcão da Hertz, fomos informados que, porque não tínhamos aparecido no dia anterior (dia de início da reserva), tínhamos perdido o nosso carro e agora não tinham nenhum para nos dar.

Tretas!! Após uma breve averiguação nos outros balcões, das outras companhias, percebemos que a escassez de carros se devia ao facto de, porque também havia embróglio nos vôos que saiam do México para os USA e as pessoas ficavam em terra, acabavam por não devolver os carros quando esperado e daí não havia carros para ninguém.

Agora digo isto com toda a calma mas, na altura, em que cada um começa a passar a batata para o outro, já me diziam que tinha que telefonar para a Expedia, agência nos USA através da qual fizemos a reserva. E telefonar, digo-vos, é um desafio, mesmo que se esteja no aeroporto. Telefone, ninguém tinha. OK, vamos comprar um cartão para chamadas internacionais. Espera, não temos dinheiro. Levantar dinheiro na caixa também foi engraçado, mas fez-se. Comprado o cartão e marcado o número, numa cabina, "número não reconhecido". Ai o caraças. E WiFi, há no aeroporto, para telefonar do Skpe? No, no tenemos "WiFive". Boa. Saídos do sagão, afinal já havia "wifive", no sagão. "Está en todas partes, señora". Duh!?!?! Há horas que estou a perguntar isso e ninguém me diz que há. Bem, 'bora lá usar esta "wifive". De onde é que está a vir o sinal? Ah, é dali! Comecei a andar com o computador, saindo debaixo do alpendre. Assim que saio, juro, no segundo exacto, começa a chover e a água a cair nas teclas e no monitor e... quase mandei aquela porcaria toda ao chão, pois já estava passada com tantas dificuldades, depois de horas de viagem e atrasos e muito cansaço e fome.... ah, e calor, porque vínhamos com roupa para zero graus quando lá estavam 30. Assim que arranjei um local abrigado, parou de chover... claro! O David, calmo como sempre, tentava aliviar a situação, mas eu já só amaldiçoava as férias que ainda nem tinham começado. Depois de várias tentativas com a "wifive", finalmente o skype conseguiu chamar o número desejado. Quando atenderam, era uma gravação a dizer que tinham muitas chamadas e que não atendiam ninguém. Nem é preciso descrever o desespero. Com isto, já tinha passado mais de uma hora que tínhamos chegado ao aeroporto e ainda dali não tínhamos saído.

Continuávamos na estaca zero, sem carro, sem saber como reinvidicar o que tínhamos reservado e pago e sem saber como ir para Tulum, a quase 2h de distância. Decidimos ir para o gabinete central da Hertz, noutro terminal e ver no que é que aquilo dava. Chegados lá, 40 pessoas na nossa situação: tudo 'a espera de carro. Bonito!

Os homens da Hertz já nem sabiam para onde se virar, sem carros nenhuns e com clientes a mais, cada um com a tampa a saltar mais do que o outro. Como nós, mais gente havia para ir para Tulum. Então, após uma hora 'a espera de carros que nunca apareceram, a Hertz lá organizou uma carrinha que nos levaria a todos, de graça, até ao destino e, no dia seguinte, entre as 9h e as 11h, a Hertz de Tulum ia telefonar-nos para nos dizer quando iríamos conseguir um carro (yah, amanhã, passa-se mais um dia sem carro... não vamos conseguir fazer nada, desesperava eu)... mas pronto, não havia mais nada a fazer e então lá fomos nós para Tulum, sem carro 'a vista.

Pelo caminho fomos largando os passageiros nos respectivos hóteis e nós e outro casal fomos os últimos. Pelo sim pelo não, pedimos que nos levassem ao escritório da Hertz em Tulum, só para acertar tudo e ver se havia carro ou não. Nem queríamos acreditar quando, finalmente a nossa sorte mudou e havia não 1 mas sim 2 carros lá, um para nós e outro para o casal. Perfeito!!! Finalmente alguma coisa boa. E como a gente merecia, deram-nos também um mergulho com golfinhos de graça, que era algo que eu ia fazer de qualquer das formas e que agradeci de bom agrado.

Assim, já de carrito em nossa posse (Aaaaaaaaaaleluia!!!!!) seguimos para o hotel. Agora só faltava chegarmos ao hotel e também termos perdido a nossa reserva porque não chegámos ontem, dizia eu com o meu "optimismo" amargo de tantas experiências más de uma só vez. Felizmente enganei-me e, embora já tarde, chegámos ao paraíso.

Mexico 2

2 comments:

Ana Nascimento said...

gabo-te a paciência! mas ainda bem que no final chegaram ao paraíso! e assim até lhe deram mais valor! :P as coisas que custam mais depois sabem muito melhor! :)

Fadalê said...

Só a ideia dos golfinhos, desculpou tudo, não? EU, não sei se conseguia e se não o conseguisse ficaria triste para toda a vida, por não me ter banahdo com eles...