2.26.2009

Estou viva!

Estou viva!

Pois é, andei desaparecida, como tão simpaticamente alguns leitores me fizeram notar, mas teve que ser mesmo assim. Logo que terminaram as festas, Natal, Fim-de-Ano, ter amigos cá a visitar e isso tudo, mergulhei no mundo da tese e quase que hibernei, para o blog e para tudo.

Li, escrevi, reli, reescrevi, corrigi, acrescentei, editei, adicionei, apaguei... trabalhei, trabalhei, trabalhei e ontem, finalmente, submeti a minha tese. Neste momento a desgraçada deve estar a atravessar o Atlântico para, se tudo correr bem, aterrar amanhã na Faculdade de Ciências de Lisboa.

Para além da tese, andei também a preparar-me para receber a minha irmã e a minha regueifinha Clara, que vieram até cá no dia 13. Por isso mesmo, andei a tentar fazer o mais que podia para estar o mais livre possível quando elas cá estivessem.

Supostamente, a submissão da tese e o ter cá a minha irmã e sobrinha deveriam ter sido motivos de júbilo e alegria. Contudo, correu tudo mal e, neste momento, não sinto nem um tiquinho de felicidade. Estou meio que adormecida de tantas pancadas em tão pouco tempo.

Com a chegada da minha irmã exultei de felicidade. Abraçámo-nos no aeroporto e chorámos muito, tal era a alegria do nosso reencontro e dee estarmos juntas. O meu coração derreteu-se consecutivamente, cada vez que vi a carinha laroca da minha regueifinha sorrir para mim ou a ouvi, com a vozinha meiguinha dela, a chamar-me: "Nê-nê?!"
Por uma semana tudo foi bom mas, sem que me apercebesse, formavam-se nuvens escuros no horizonte. Devido 'a estupidez aguda, prepotência e acidez de terceiros, vi aquelas 2 semanas por que tanto ansiámos esvanecerem-se e, de repente, a minha mana e sobrinha não estavam mais na nossa casa.

Tentando recompor-me, empenhei-me ainda mais no pouco que faltava fazer para a tese e ontem foi o grande dia de a levar 'a tipografia para ser imprimida. Cheguei lá de manhã, entreguei o ficheiro, pedi 12 cópias e disseram-me para voltar 'as 16h, altura em que já tudo estaria imprimido e encadernado. Chegada lá, 'as 16:30, ainda esperei até 'as 17h para que, finalmente, me entregassem o trabalho que pedi.
Quando folheio as 173 páginas que me ocuparam por 4 meses, eis que vejo que foi tudo imprimido a preto e branco quando, obviamente, várias páginas eram a cores. Vi a minha vida andar para trás. Eram 17h da tarde e tinha que ser tudo feito de novo, com o pormenor (qual cereja no topo) de a tese ter que ser, obrigatoriamente, enviada para Portugal nessa noite. Deixar para amanhã não era opção.

Mediante tamanho desastre e ao ver-me derrocar em frente dele (desatei a chorar, que nem uma parvinha) o funcionário que me atendia disse logo que ia pôr as máquinas todas a trabalhar e que até 'as 20h, altura da última recolha da FedEx, estaria tudo pronto.
Menos mal, devem estar a pensar vocês, mas nem por isso. O que de manhã era um trabalho de $500 dólares, era agora algo para a agradável quantia de $1600 dólares, porque ia ser tudo imprimido a cor.

- Mas espere, não pode imprimir a cores só o que é a côr?
- Isso implica impressões separadas e adicionar folhas umas 'as outra e não há tempo para isso! - respondeu-me o funcionário.
- Mas, mas... não há tempo porque vocês fizeram asneira!

Após alguma discussão, o homem sugeriu que eu falasse com o gerente, que só iria estar na loja no dia seguinte. Mediante este cenário e na eminência de não conseguir submeter a tese a tempo, acabei por aceitar e pagar os serviços de impressão.

(E' óbvio que hoje já lá estive na loja e já está uma investigação a decorrer, pois não tenho que pagar por um serviço que não queria mas que era o único que me permitiria enviar a tese a tempo, uma vez que o tempo que havia foi desperdiçado por eles. Acredito que esta história ainda vá dar pano para mangas, pelo que não percam os próximos episódios.)

Próximo passo: mandar a tese.
Quando cheguei 'as 19:15h, peguei na tese, mudei de balcão (isto passou-se tudo no escritório da FedEx), pedi uma caixa, meti tudo lá dentro (com a ajuda preciosa da minha querida amiga Vera), acomodámos tudo, pesámos e, chegada a hora de pagar, dou o número da conta do laboratório. Ao ver o número, a funcionária diz-me que falta um dígito, pois deveriam ser 9 algarismos e só lá estão 8.

- You're kidding me, right? - disse eu no mais profundo desespero e desamparo.
Ela só abanou a cabeça: no!

A Vera só me dizia para ter calma mas vocês não estão bem a perceber o cansaço, stress e desespero que me assolavam naquele momento. Telefonei para o lab, ninguém atendeu. Telefonei para pessoas do lab, ninguém atendeu. Telefonei de novo para o lab, já mesmo a ver que era ali a morte do artista, e finalmente alguém atendeu. Ufff!
Conseguido o número, lá consegui despachar a tese a tempo e a desgraçada lá seguiu 'as 20h, com a promessa de chegar na 6a feira a Lisboa.
Só acredito quando vir!

Assim, como vêem, pese embora o tempo que andei desaparecida, não é grande coisa o que tenho para contar. A excepção foi a noite dos óscares, não por causa das estatuetas (que aquilo é uma seca) mas porque no preciso momento em que decorria a cerimónia me encontrava na Berklee School of Music a assitir ao concerto dos "Antony and the Johnsons". Até pus aqui 2 músicas do novo albúm a tocar para partilhar convosco alguma da beleza daquele evento.
Foi seguramente dos melhores concertos a que alguma vez assisti.



Para além dos músicos serem excelentes, da música ser intensamente profunda e ressoar nos lugares mais recônditos da nossa alma, o vocalista, Antony, arrebatou-nos a todos com a sua simpatia, gerando uma empatia e cumplicidade que me fez querer abracá-lo. Estávamos todos embevecidos com aquela personagem andrógena e ambígua, que ora nos fazia rir com um timing de comédia perfeito, ora nos surpreendia (chamou alguém da plateia ao palco para lhe dar uma cesto de frutas, por causa de algo que essa pessoa gritou no silêncio, por exemplo), ora nos despia com a honestidade e emotividade das suas interpretações.
Foi lindo! Muito, muito lindo mesmo!