12.28.2010

Dentista



Para além dos meus pais e de alguns amigos, quando vou a Portugal, o meu Dentista é aquele que recebe sempre, sempre, sempre uma visita minha. Pode gabar-se de me ver mais vezes e com mais frequência do que pessoas bem mais importantes para mim mas que, por uma razão ou por outra, nem sempre consigo visitar.

Nasci com a infelicidade de ter uns dentes/gengivas péssimos, pese embora seja das pessoas mais cuidadosas e preocupada com a saúde dos mesmos. Visito o dentista pelo menos 2 ou 3 vezes por anos, uso elixir, fio dental, parta dentífrica XPTO, mas, quando a genética não está lá, não há nada mais a fazer do que tentar gerir a má sorte.

'A força de tantas desvitalizações, esse procedimento passou para mim a ser a norma. Contudo, desta vez a coisa piou mais fino e um pivot acabou por ir ao ar, deixando um novo buraco junto a um outro que já por lá se encontrava (resultado de uma extração o ano passado). Era meu desejo fazer 2 implantes, para que estes espaços fossem preenchidos mas, como um azar nunca vem só, ao que parece o meu maxilar também não tem massa óssea suficiente para os mesmos. Desta feita, por 6 meses tenho para aqui uma coisa metida na raíz (ou antes, no espaço deixado por esta) que, em princípio, vai estimular o crescimento ósseo, para que então os implantes possam ser equacionados.

E vou ficar desdentada, com este buracão aqui, Dr.? - perguntei eu já a temer que ia voltar para os EUA, qual velha desdentada. Não se preocupe, que vai ficar impecável, respondeu ele com a sua calma e optimismo característicos. Assim, não vim com um buraco enorme mas vim com um acrílico com 2 dentes... vulgo, uma bela de uma placa (ou seja, vim uma velha desdentada disfarçada).

Quem olhar para mim, nem nota e, de facto, não tenho buraco nenhum 'a mostra, mas aquela porcaria incomoda para caraças. E' certo que só passaram 24h desde que passei para o clube das placas (mas é só por 6 meses, ok?) e ainda tenho que me habituar, mas não auguro grande sucesso. Comer com aquilo, nem pensar. Parece que tenho uma montanha na boca que, volta e meia, decide deslocar-se. Para além disso, 'a volta de lá andar sempre com a língua, para me habituar ao corpo estranho que quase me sufoca e volta e meia me dá esgares de vómito, tenho bolhinhas na ponta de língua. Como se calçasse um sapato apertado e andasse com ele todo o dia.

Há também que referir que agora falo que nem uma adorável "sopinha de massa", mas cheira-me que daqui a uns dias já domino a nova técnica de palato.

Estou mortinha por Junho, para deixar de usar isto e ir pôr os implantes. Agora, o meu dentista pode-se também gabar de eu marcar viagens em função dele :)

Boston-Lisboa-Boston



Estamos acabadinhos de chegar de Portugal, onde é tudo tão bom que não há post que lhe faça jus. Foi bom. Muito, muito bom!!

Eramos para ter voltado ontem mas, graças 'a tempestade de neve por estas bandas, tivemos que ficar em terra. Bem vistas as coisas, foi a melhor coizinha que nos aconteceu. Se tivessemos vindo ontem, teríamos que parar em Ponta Delgada, já para não referir aturar os Açoreanos que por lá se apanham. Nada contra os Açoreanos, mas há uma espécie deles, Açoreanus immigrantis, que é tão bacoca que não há paciência. O avião vira uma festa de aldeia quando lá vão.

Assim, ao virmos hoje, pudemos usufruir de uma noite num hotel em Lisboa com tudo pago, tivemos direito a um vôo directo, pela SATA, excepecionalmente a voar 'a 3a feira, só para nós. Não só viemos directos como ainda cada um de nós pode vir deitado, tantos eram os lugares vazios. Nesta caso, vir em primeira classe ou não não teria feito diferença nenhuma.

Confesso que ontem ainda tememos que a coisa desse para o torto, pois se o vôo de hoje fosse também cancelado a nossa idade para o México, amanhã, estaria bastante comprometida. Já me estava a preparar para passar o dia pregadinha ao balcão da Delta, em Lisboa, a pedir 'a Sra. (ou Sr.) por todos os santinhos para nos arranjar um vôo Lisboa-Cancun, já que o de Boston-Cancun não poderia ser realizado uma vez que ainda estávamos em Portugal. Felizmente não foi preciso.

Claro que não podia tudo correr bem, bem, bem. A aterragem cá foi a pior de sempre. Eu já ia agarradinha ao saquito de plástico (para variar) e não visualizei o horror (se bem que o tivesse sentido... quase não acertava no saco) mas o David, lívido, relatou-me o que viu da janela: o quanto o avião oscilou já mesmo junto 'a pista, de tal forma que a asa, sobre a qual íamos sentados, ficou a um palmo do chão... um palmo mesmo, não é exagero. A coisa foi tão rés-vés-Campo-de-Ourique que, mesmo sem termos os Açoreanos a bordo, no fim se ouviram palmas, coisa quase inexistente nos dias que correm (excepto, claro, nos vôos que param em Ponta Delgada. Aí, é um forrobodó!). No rosto de todos (menos no meu, que estava era com cara de quem chamou o Gregório e foi poupada da bela visão) lia-se o alívio de estarmos vivinhos. Batiam palmas não pela aterragem fantástica mas por termos escapado a um senhor acidente. Enfim...

Mas a festa continuou! Quando já no táxi, a caminho de casa, parados num semáforo, eis que um carro se enfia na nossa traseira. Pumba!! Fruto não só da neve, mas também de alguma falta de travões (ou destreza, vá-se saber), uma mulherzita quis fazer amizade com o nosso motorista. Depois de um grande chinfrim (a mulherzinha devia ter ido para actriz), lá apareceu a polícia e tudo se resolveu. A nossa chegada a casa foi bem recebida... já chegava de emoções.

A ver se amanhã não continuamos a saga.

Merrrrrico Lindo!!! Aqui vamos nós, para o calor e para celebrar o início de 2011, que se avizinha próspero... depois conto :)

Bom ano para todos!

11.23.2010

Telemovelmania



A Mariana mostrou-me este vídeo e não pude deixar de escrever sobre ele e sogre algo que já sinto há muito e que vem de encontro 'a mensagem do mesmo.

Concordo que os telemóveis sao muito úteis e que é igualmente muito vantajoso poder aceder 'a internet quando se quer. Contudo, detesto, mas detesto MESMO, a maneira como, hoje em dia, o que deveria ser apenas algo útil virou um vício.

As pessoas já não sabem estar sem ser com a porcaria do telefone na mão. Parece que isso as faz sentir mais seguras. As pessoas já não conseguem estar sem olhar para o telefone a cada 30 segundos, para ver se alguma coisa mudou no Facebook, se receberam algum email ou se alguém os contactou no Skype. E' absurdo como as pessoas buscam constantemente por notícias naquele ecrazinho, que não passa de um aparelho cheio de fios e parafusos, em deterimento de as receberem pessoalmente, de as discutirem, falarem, do contacto humano, do prestar atencao 'a pessoa que está ali ao lado, de carne e osso, ao alcance, que sente, que ri, que chora, que fala.

Não!! A porcaria da maquineta e' mais importante.

Irrita-me profundamente estar num grupo de amigos e ver a atenção das pessoas desviada para o telefone. E' como se aquelas pessoas que ali estão, não tivessem qualquer valor. O telefone tem prioridade máxima. Justifica interromper tudo e mais alguma coisa. E' absurdo como, mesmo quando a ter uma conversa de 1 para 1, as pessoas abanham a cabeca como se estivessem a prestar atenção ao outro e, discretamente ou não, começam a ver se há alguma coisa no telefone.

O mais ridículo é que, se a pessoa que os contacta por telefone estivesse presente e o amigo ao lado estivesse no telefone, o que interessava era falar com o amigo do telefone. E' um vício!!

E com ele, perde-se o contacto cara a cara, nao se vê aquele pôr do sol, nao se responde ao filho que nos chama, não se da atenção 'aquele que precisa muito mais de nós do que aquela maquineta, atendem-se chamadas na casa de banho (p'l'amor de Deus. Na casa de banho?!), não se vê o carro da frente... perdeu-se totalmente a noção de privacidade, de não estar contactável.

Caramba, qual é o problema de não estar 24h, 7 dias por semana contactável?
Já houve um tempo sem telemóveis e sobrevivemos. Ninguém morre por não ter telemóvel. Antes as pessoas conseguiam combinar coisas sem ser com o "depois telefono-te". Mais ninguém se sabe organizar sem o telefone. Ainda tenho bem presente na minha mente o CAOS que foi em 1998, no fim da Expo, porque toda a gente decidiu telefonar quando chegassem, para se encontrarem, e 'a conta da sobrecraga, as ligações telefónicas eram inexistentes. E eram dezenas de pessoas perdidas, crianças a chorar, postos de achados e perdidos a abarrotar... eu, que já nem era mais voluntária naquela altura, acabei por trabalhar de novo, para ajudar. E tudo porquê, porque se deposita toda a atenção e prioridade no telefone.

Pela vossa rica saudinha, não se esqueçam que há um vida muito mais interessante e importante para lá do ecrã do telemóvel!

11.20.2010

Customized Google



Quando abro o computador, o meu Google recebe-me desta forma.
Assim, até começo o dia de bom humor!
Um dia, vou sorrir por abrir a janela... não o computador.

11.17.2010

iTunes

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A vantagem de ter muita, muita música é ser frequentemente surpreendida com alguma melodia que até 'a data não me lembrava ter... como se de uma descoberta se tratasse.

11.10.2010

Pilobolus



Para começar, nada como admirar a espectacularidade do corpo humano.

Visitas

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Nada como falar de depilação Brasileira para que as visitas no Blog fossem até aos píncaros.
A ver se falo mais de sexo também, para manter o pessoal interessado :)

11.08.2010

Depilação Brasileira

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Pese embora esta experiência menos feliz, adoro a depilação Brasileira.
Once you go Brazilian...

Contudo, aposto que nunca ninguém viu tal prática como a resposta 'as muitas especulações que se fazem do porquê de ser ter pêlos nos genitais. Existem as mais diversas teorias, desde servirem de ornamento sexual, serem o resquício de pelugem corporal, produzirem odor corporal mais atraente para o sexo oposto, servirem de protecção a doenças... e aposto que a lista continua.

Eu tenho, no entanto, outra teoria. Os pêlos púbicos, pelo menos nas mulheres, servem, nem mais nem menos do que, para encaminharem o xixi para o sítio certo. Com os pêlos presentes, forma-se um coluna homogénea de urina sempre que vamos 'a casa de banho e pinga tudo para o sítio certo. Agora, com a delipação Brasileira, ou seja, sem pêlos, esta tarefa fica muito mais complicada. A possibilidade de aquilo esguichar para todos os lados aumenta exponencialmente.

Portanto, do alto do meu Doutoramento em Biologia, reforçado com um post-doc, eis que resolvi o mistério :)

10.31.2010

Mini-canhão

Há dias deparei-me com este vídeo e dei por mim a rir que nem uma perdida.
E' só de mim ou há qualquer coisa acerca deste canhão minúsculo que o torna super cómico?



PS - Coitadinha da vaquinha!

Batucada

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Embora a foto possa parecer que me preparo para andar de patins em linha com auscultadores, ou para qualquer outra actividade radical (vá-se lá saber qual), este material vai ser usado para algo bem diferente.

Vai ser usado, nada mais nada menos do que, para tocar Surdo num grupo de bateria Brasileiro, ao qual me juntei há duas semanas.

Quem me conhece minimamente sabe que um dos meus grandes desejos é, um dia, desfilar no Sambódromo do Rio de Janeiro, Cidade mais que Maravilhosa, no Carnaval mais espectacular do mundo, não com um biquini reduzido e lantejoulas, não com plumas e em cima de um carro alegórico, mas sim como integrante da Bateria, agarrada a um Surdo. Não há nada que mexa mais com as minhas origens primitivas do que o som de uma bateria. O som dos tambores, o repique, o baixo, a vibração... ai, arrepiam-me e emocionam-me demais. E' impossível ficar indiferente. E o Surdo, mais do que os outros tambores, é o que me agrada por excelência.

Há duas semanas, quando me juntei ao Bloco AfroBrazil, pude começar logo com o Surdo. Adorei!

Entre outras coisas, bater no tambor e fazer barulho é muito terapêutico e ajuda imenso a libertar toda a tensão acumulada. Para além disso, obviamente que fazê-lo com um grupo de 20 pessoas é logo 'a partida divertido. Como devem imaginar, o barulho é ensurdecedor, uma vez que os ensaios são feitos num estúdio. Embora seja na Berklee e o espaço seja bastante grande, mesmo assim todos temos que usar protectores para os ouvidos. Aproveitei logo para comprar uns auscultadores amarelos, para ser a minha imagem de marca, hehehe.

Uma vez que o Surdo é bastante grande e fica ao nível dos joelhos e canelas, um outro resultado do primeiro ensaio foram também montes de nódoas negras e dores nas rótulas nos dias seguintes, pois os aros de metal do tambor batem a torto e a direito nos joelhos e canelas, especialmente quando fazemos aquelas coreografias, tipo Olodum. Daí o ter comprado a joelheiras e as caneleiras.

O próximo ensaio é na 3a feira e já estou toda equipada, mais que pronta :)

10.17.2010

O Abraço

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Podia ter chovido ou nevado. Podiam ter estado temperaturas negativas, um frio de rachar. Vento, cinzento, Inverno... podia ter sido tudo isso hoje. Mas hoje continuaria a ser um dos dias mais bonitos que vivi ultimamente.

Recebi pelo correio a peça de arte que vêm na fotografia!

Feita pela mui amiga Mariana, chegou até a mim com uma mensagem, daquelas que precisamos sempre, seja em que altura das nossas vidas fôr, pois os altos e baixos estão sempre lá.

Pese embora a distância e o oceano que nos separa, o carinho e bem querer da Mariana estenderam-se até esta margem, num abraço imenso, recriado por estas duas figuras.

Na mensagem lê-se "para te lembrares que tens sempre um abraço de uma amiga, mesmo 'a distância...". Não preciso de me lembrar. Sei bem que posso sempre contar com esta amizade, mas aqueceu-me muito o coração ver esse bem querer recriado nesta peça e no próprio acto que foi trazer este pacotinho tão especial até cá.

Estas são o tipo de lembranças que não têm preço e que não há dinheiro nenhum no mundo que possa comprar... e por isso mesmo são as mais valiosas e especiais.

Mariana, muito e muito obrigada, do fundo do coração!

O Juiz Decide



E eis que a saga finalmente chegou ao fim (ver na barra aqui do lado esquerdo). Muito embora o caso do stand se tenha resolvido com alguma facilidade, o mesmo já não se pode dizer do caso da senhoria, que não me quis devolver o depósito, alegando as razões mais estapafurdias e decidindo ignorar-me quando estas não pegaram. Se julgava que esta era a solução, enganou-se redondamente.

Após ter sido emitido um mandato de prisão contra a senhoria, fiquei 'a espera que o xerife me telefonasse, para avisar quando tal ia acontecer. A coisa parecia andar enguiçada: primeiro ligaram-me a dizer que iam fazer a apreensão durante a semana em que estive em El Salvador, por isso, teve que ser adiada. Depois ligaram-me, marcaram o dia, mas passados uns dias desmarcaram. Voltaram a ligar na semana seguinte, marcaram novo dia, mas na hora H o xerife teve um problema de barriga e a coisa foi de novo adiada. Até que me telefonaram a semana passada a dizer que tentariam a apreensão no dia 14 (5a feira passada).

Enretanto, também na semana passada, a minha ex-senhoria lembrou-se que tinha que me mandar com a máxima urgência uma série de 3 cartas, todas elas convenientemente datadas de acordo com os contacto que eu fiz e que ela ignorou e claramente redigidas de acordo com instruções de um advogado. A mim só me deu vontade de rir quando vi o envelope da FedEx, ultra urgente e sei lá mais o quê, quando durante 7 meses não quis saber de me responder. Deu-lhe a pressa agora que viu que podia ser presa.

Quanto ao conteúdo das cartas, indescritível. Desde calúnias a insultos, a tentativas de me intimidar com advogado, serviços de imigração (para ela todos os emigrantes são ilegais, está visto... ah, e ignorantes quanto 'as regras cívicas dos EUA) e mandado de restrição, aquilo deu para tudo. Se ela asneasse muito no tribunal, juro que ainda lhe punha um processo em cima por difamação mas, sinceramente, desde que a dívida fosse paga, só queria é que ela fosse com a nossa senhora e não me chateasse mais. Ah, e mandava também um cheque, por metade do valor que ela me devia e que, obviamente, não aceitei.

Quando recebi as cartas, liguei para o xerife a contar o sucedido. Instruiu-me para que não a contactasse nem respondesse a qualquer tentativa de contacto, pois já há muito que tinha passado a oportunidade de ela decidir o que queria pagar. Nas palavras dele "She is playing games with you and with us. Leave is to us". Assim, na 5a feira passada, após terem ido até 'a casa dela 'as 6 da manhã, ligaram-me 'as 7:45 a dizer que ainda estavam 'a espera que ela saísse, para a prenderem. Por volta das 9:00 ligaram-me a dizer que, após muita resistência, estavam a caminho do tribunal com ela e pediram que me dirigisse para lá também.

Yuuhhuuu, finalmente!! exclamei.

Quando entrei na sala do tribunal, vi de imediato aquela balofa de mais de 100kg sentada na zona do réu, algemada. "Que vergonha!!", pensei "será que vale a pena passar por isto só para não pagar o que me é devido?! Agora, não só passou pelo vexame de ter a polícia 'a porta de casa a prendê-la como tem que estar, em público, algemada. Em frente a toda a gente. E ainda por cima, pagar mais do que a dívida inicial. Que vergonha!!"

Numa das cartas ela dizia que eu, por ser de outro país, não compreendia como as coisas se passam nos EUA mas, ao ver este espectáculo, está mais que provado que ela é que não se sabe reger pelas regras vigentes.

Uma vez as duas presentes, fomos para uma outra sala de tribunal, onde as pessoas, com advogados ou não, expoem o caso ao juíz, tipo o famoso programa "O juíz decide". Antes de irmos para lá, o xerife perguntou-me se eu queria falar com a ex-senhoria ou se preferia falar com o juíz. Respondi de imediato que queria falar com o juíz, uma vez que o caso já estava decidido de antemão, a razão estava do meu lado e, por isso, não me queria estar a chatear. Ele acedeu e disse-me que ela também não queria falar comigo. Ainda bem :P

Quando ficámos em frente 'a juíza, a palerma da ex-senhoria ainda referiu que me tinha enviado documentos a semana passada e que os tinha enviado também para o tribunal, como se aquilo servisse para alguma coisa. O tribunal não recebeu nada e eu prontifiquei-me a formecê-los 'a juíza, já antecipando que, se calhar, ainda ia ter que puxar das provas todas que tinha comigo e sujeitar a ex-senhoria a mais uma vergonha pública, uma vez que a cada linha da carta havia uma mentira facilmente contrariada. Contudo, a juíza foi suficientemente inteligente para ver de imediato que aquelas cartas eram uma treta e só disse: A Sra. Baptista (eu) tem um julgamento válido a seu favor pelo que estas cartas não servem de nada, por isso... azareco! (ela não disse azareco, mas a expressão facial dela basicamente dizia isso). Tem condições de pagar neste preciso momento o que deve? (leia-se que o que ela me devia no início eram $1100 e agora era já próximo dos $1600). Qual doida, com um sorriso tresloucado e uma admiração estúpida, a ex-senhoria respondeu "Of course!! I am more than willing to pay!!". Só faltava ter dito "duh" 'a juíza... coitada, uns morrem e outros ficam assim.

E pronto, passou o cheque, pagou o que devia e ainda ouviu a juíza dizer que era bom que o cheque tivesse cobertura porque se não só estava a arranjar mais problemas desnecessários.
Que vergonha!! repito.

Finalmente acabou este forrobodó e posso dizer que a justiça foi feita. Espero não ter mais histórias destas para vos contar!!

10.02.2010

Crise em Portugal

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E' uma vergonha o que se passa (e se vem passando) em Portugal.
Este blog disse-o muito bem:

"O discurso sobre a crise não é saudável. A dívida pública, o desemprego, a crise tomaram conta do ar de que precisamos para viver. As notícias sobre uma possível vinda do FMI, que nos poria a todos na ordem, sobre os juros da dívida a aumentar, e a falta de dinheiro em geral asfixiaram o quotidiano das pessoas. Em vez de nos ser dada tranquilidade para sair do buraco, somos confrontados com discursos que oscilam entre o optimismo delirante e o derrotismo irremediável. Depois de termos ouvido as recentes más notícias sobre o novo pacote de medidas de austeridade inserido no Orçamento de Estado para 2011, recordamos que era bom terem dito que não havia dinheiro para nada e que as contas estavam descontroladas. Que ia ser preciso cortar e fazer sacrifícios, a começar pela não renovação das frotas de automóveis dos organismos públicos. Mas não. Ninguém com responsabilidade governativa achou por bem fazer a coisa certa. E fazer a coisa certa, neste caso, não era difícil: consistia apenas em cumprir a obrigação de dizer a verdade aos portugueses. Não o tendo feito, o governo adiou medidas que agora se revelam dolorosas para todos. Cortes de salários na função pública e congelamento das pensões são duas dessas medidas que vão afectar directamente a vida das pessoas. O aumento do IVA para 23 por cento é outra que se prevê ter sucesso para ajudar a controlar o défice. Não sendo economista nem fiscalista, mas aproveitando o momento para declarar o meu repúdio pela discussão que nos obrigam a ter, diria que isso se calhar depende da despesa que se faz. Ora, se não há dinheiro para comprar nada, como espera o Estado receber mais de um imposto aplicado a bens de consumo? Para terminar o dia de pesadelo, Almeida Santos declarou que «o povo tem que sofrer as crises como o governo as sofre». Há uma mentira e um disparate nesta frase. A mentira é o governo sofrer como sofre o povo. O disparate consiste em pedir aos pacientes que entendam o sofrimento dos médicos. O que pensa das novas medidas de austeridade?"

10.01.2010

Novo Emprego

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Ora se bem se lembram, o ano passado, em Maio de 2009, a Je virou Doutora.

Não sei se alguma vez se questionaram sobre o que viria a seguir. E agora? Acabou o Doutoramento e depois? Bem, se não se questionaram (o que é natural que não tenham feito, pois de certeza que há coisas bem mais giras com que se entreterem do que ficarem a perder tempo a tentar saber o que me acontece por estas bandas) mas se quiserem saber 'a mesma, continuem a ler.

Ora, assim que defendi a tese, acabou também o meu projecto no laboratório em que estava e, a partir de dia 31 de Maio de 2009, fiquei oficialmente desempregada. Como qualquer estudante que se prepara para defender a sua tese, com algum tempo de antecedência comecei a pensar no que seria o meu futuro.

O que eu queria mesmo, mesmo, com muita força, era acabar o Doutoramento e ir logo para a Indústria (biotécnica/farmacêutica). Continuar na Ciência/Meio académico não fazia muito sentido dado que nunca aspirei vir a ter o meu próprio laboratório. No entanto, acontece que também me graduei num dos períodos económicos mais conturbados e frágeis de que há memória. Logo, tinha consciência que um emprego na indústria não iria aparecer do dia para a noite.

Por forma a ter várias opções na mesa, alinhavei também um pós-Doutoramento com um outro laboratório, não fosse a coisa dar para o torto. Assim, o plano foi eu escrever dois projectos para ver se conseguia financiamento para o que eu iria fazer neste novo laboratório e, durante os meses em que esperava pelos resultados das candidaturas, procurar empregos na indústria. O que aparecesse primeiro, era aquilo para onde eu ia a seguir (sendo que se fosse o post-doc, continuava 'a procura de empregos na indústria).

Os resultados só iam sair em Setembro e dei por mim a dar em louca com a incerteza do futuro, o estar em casa e não trabalhar... e percebi que não ia conseguir ficar de Junho a Setembro só a concorrer a empregos. Assim, em part-time e só para ajudar uma companhia, virei secretária de uma Lavandaria Industrial por umas semanas. A experiência não foi má. Deu para aprender coisas novas, para ganhar uns trocos e para me fazer sentir útil, mas... continuava muito insatisfeita. Especialmente porque continuava a concorrer e empregos e, nada!!
"Anda uma gaja a matar-se por 6 anos a tirar um Doutoramento e depois... népias. Ando para aqui a tratar dos lençóis e das toalhas dos hotéis na Nova Inglaterra!! Tá mali!", pensava eu.

Em cima disto tudo, vieram os resultados das candidaturas e não consegui nenhumas delas. Mau, mau, mau, mau! pensei. Ainda fiquei com esperança de que o chefe do lab do futuro post-doc conseguisse o financiamento para que ele concorreu e que me permitiria ir para o lab em Janeiro. E foi ao contar esta minha história a uma amigo meu, numa festa, que, do nada, surgiu uma oportunidade... pelo menos temporaria, de Outubro a Janeiro, mas uma oportunidade para largar os trapos da lavandaria e passar de novo para o campo da pesquisa.

A oportunidade: ir para um laboratório no M.I.T, processar as muitas amostras acumuladas para um projecto iniciado há já 7 meses, amostras essas que foram colhidas diariamente por dois elementos de estudo e que continuariam a ser recolhidas até perfazer um ano. O "senão" na oferta foi que... as amostras eram cocó. Humano. Um deles do chefe. Lindo!

Bem, não foi assim tão mau! A coisa parece pior do que de facto era e... hey! pelo menos estava empregada, na minha área e no MIT (que não é propriamente dos piores sítios para se trabalhar, especialmente para quem tinha saído da Harvard, hehehe). Ora, lá fiquei eu alegremente a isolar DNA dos cocós (e também de saliva), 'a espera que o chefe do lab do post-doc me dissesse que tinha conseguido pilim para o projecto e que eu podia ir para o laboratório dele em Janeiro.

Desolé!!, a coisa não aconteceu bem assim. Também isso foi chumbado. "Hhhmm, a coisa não está a correr lá muito bem!". Mas, como diz a minha mãe e muito bem, é porque não tinha que ser. Desta feita, e porque já estava bastante integrada no projecto e "expert" nos protocolos (diga-se que também não havia muita gente a querer substituir-me), esta nega de um lado fez com que saísse uma positiva no outro. E assim, em Janeiro de 2010 passei oficialmente a ser post-doc no MIT.

E por lá fiquei, alegremente, sempre 'a procura de emprego na indústria mas, pelo menos, com um trabalho que me satisfazia (excepto quando certos odores me passavam pelo nariz... blargh!), que era na minha área e que me permitia preencher o meu CV com algo útil.

E passou-se Janeiro, Fevereiro, Março... nada de emprego. Abril, Maio, um ano volvido sobre a defesa da tese, e nada de emprego. Junho, nada. E eu já a ver que ia ficar no post-doc por muito mais tempo do que aquele que eu queria.

E em Julho apareceram 2 entrevistas, ambas promissoras. A primeira opção não era má mas aquela pela qual fiquei verdadeiramente apaixonada foi a segunda: parecia caída do céu. Posição na indústria, no cerne da área em Boston (chamado Technology Square), perto de casa (continuo a fazer a minha vidinha de bicicleta, como eu gosto), com salário e condições óptimas. Mesmo aquilo por que esperei tanto tempo. Consegui esse emprego e, ironia das ironias, após já ter assinado o contrato, fiquei a saber que também consegui o emprego da primeira entrevista. Como diz a minha mãe (já devem ter percebido que ela diz muitas coisas sábias), não há fome que não dê fartura.

Então, eis-me a Lab Manager de uma companhia responsável por produzir moscas transgénicas para a comunidade científica de Drosophila de todo o mundo (é a mosca da fruta - aquelas mosquinhas super irritantes que aparecem a voar em volta da fruta).

Comecei há 2 semanas e estou a adorar. Especialmente porque percebi que gosto mesmo de mandar. Bem, pecebi não, porque isso já eu sei há muito tempo, heheh. Aliás, tenho até uma história muito gira acerca disso:

Abre parêntesis - quando eu tinha 6 ou 7 anos e andava na escola primária era comum arranjar problemas com as outras crianças do recreio porque eu queria que toda a gente fizesse como eu queria e não deixava ninguém brincar (uma bela chata, é o que é!). Para tentar gerir a situação e lidar com a minha personalidade, a minha professora chamou-me um dia e disse-me "Inês, vamos fazer assim. Quando fores para o recreio, vais ver os meninos a brincar. Mas ficas só a ver. Se vires alguma coisa errada, não fazes nada. No fim do recreio vens ter comigo e dizes-me o que achaste que estava mal". Pensam que eu concordei de imediato?! Era o concordavas. A minha pergunta foi imediatamente "mas supervisiono só a minha turma ou a escola toda?".
Palavras para quê? Gosto de mandar e pronto!! - Fecha parêntesis.

Embora goste de mandar, gosto também de o fazer só quando sinto que estou inserida num contexto que domino e no qual me sinto perfeitamente 'a vontade e que por isso me dá a moral para puxar dos galões. Acontece que já há muito tempo que não sentia isso. No Doutoramento, rodeada por crânios por todo o lado, confesso que a minha auto-confiança nesse campo diminuiu, razão pela qual também nunca quis ter o meu próprio laboratório. Estava rodeada de pessoas tão ou mais competentes do que eu que não me achava com moral suficiente para subir para aquele degrau. E se quero mandar, quero saber o que estou a fazer e fazê-lo bem. Se não fôr para fazer bem, então mais vale não fazer. E por isso sempre evitei posições que implicassem uma chefia na qual não me sentia confortável.

Mas, neste emprego, sinto que sou capaz e que vou fazer um bom trabalho. E entusiasma-me perceber as falhas que existem e pensar em alternativas, soluções, como optimizar e tornar mais eficiente. E ando com a cabeça a borbulhar de ideias!! E isso entusiasma-me imenso. Faz-me sentir útil e satisfeita comigo mesmo. Ciente de que estou a dar o meu melhor e que isso vai ser também o melhor para o grupo de pessoas que giro.

Embora só lá esteja há 2 semanas, já consegui progressos significativos e pelos quais há já algum tempo se andava a lutar sem sucesso. Lá está, como sinto que tenho a moral, talvez por isso consiga ser convincente e transparecer segurança... e por consequência convencer a chefe de que precisamos de mais um computador, de que todos os existentes têm que ser actualizados, de que temos que ter um servidor, e um website com pedidos online, e integração dos sistemas, e acesso remoto de casa ou seja de onde fôr, e descrição da resistência/tamanho/marcadores dos plasmídios, e..., e... até dinheiro para comida nas lab meetings já cá canta.

E estou feliz com o progresso!! E embora chegue a casa toda cansadinha, estafadinha, partidinha, a sensação constante de missão cumprida (e comprida) faz-me querer ir no dia seguinte e avançar mais um bocadinho.

Ainda há muito para aprender e muito para fazer mas estou confiante. E espero que seja assim por muito tempo!

O Juiz Decide



Ora, se bem se lembram dos post que já escrevi com este título (ver arquivo aqui no lado esquerdo), da última vez que toquei no assunto os mafarricos que me deviam dinheiro ficaram obrigados a fazer o pagamento, uma vez que foi emitida uma Capias para cada um.

O caso da senhoria ainda não está resolvido mas, o caso do stand... acabou de acabar (passo a redundância). Esta semana recebi em casa nada mais nada menos do que um chque no valor de $272, pois os caramelos perceberam que a coisa já estava a ficar séria demais para me continuaram a ignorar. Note-se que a quantia inicial era de $175. Com juros e taxas de tribunal bem que se lixaram e tiveram que pôr quase mais $100 em cima.

Toma lá que é para aprenderem!! :)

Curiosidade



De uma maneira geral, gosto de saber e/ou perceber como as coisas são feitas. Não é raro dar por mim a parar num programa que dá na televisão chamado "how things are made" e ficar por ali a ver como se faz um trompete, um taco de golfe, um chapéu, um pato de madeira... as coisas mais variadas. Mas todas com a particularidade comum de serem interessantes do ponto de vista da manufactura.

Por isso há dias pus por aqui como funciona uma máquina de costurar. Muitas vezes nem paramos para pensar como estas coisas funcionam mas, quando descobrimos, ficamos maravilhados com a revelação.

E foi isso que aconteceu quando tropecei neste vídeo sobre como a tinta é feita. E' raro ter paciência para ver coisas no Youtube com mais de 2 minutos de duração mas, no caso deste filme, bem mais longo que isso, nem dei conta do tempo passar. Achei tremendamente interessante.

E aquela música ("O Imperador", concerto para piano de Beethoven, um dos preferidos do meu Fatino), perfeita. E aquele amarelo, tão lindo. E ver aqueles líquidos, aqueles brilhos. Só sentia vontade de enterrar as mãos naquela massa fluída e senti-la escorrer por entre os dedos, ao apertar, e ouvir "chlec" chlec".

9.22.2010

Teatro

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Como se diz em bom Português, não há fome que não dê fartua.

Embora goste muito de teatro, ainda não tinha ido a nenhuma peça aqui em Boston. Algo estranho, uma vez que sempre que estive em São Paulo, fui ao teatro (Uma noite na Lua, Quando Nietzsche Chorou, A Alma Imoral e mais umas outras peças de que não me lembro do título), pese embora só lá tenha estado períodos de algumas semanas. E aqui, passados 5 anos... nada!

Pois, como dizia, não há fome... e a semana passada fui não a uma mas sim a duas peças de teatro. A primeira, uma comédia bastante levezinha, "Shear Madness", surgiu de repente, quando o meu mui amigo Maurício nos liga a dizer que tinha mais de 50 bilhetes, de graça, para a peça. Acabou por ser divertido, não só pela peça mas também porque se reuniram vários amigos.

A segunda peça, essa sim, EXCELENTE. No Sábado o David foi tocar e eu, porque ficava em casa e me apetecia sair e fazer algo, decidi começar 'a procura do que fazer em Boston a um Sábado 'a noite. Por incrível que pareça, a oferta não é assim tão abundante e acabei por ficar em casa a ver um filme mas, durante a minha busca, descobri que no dia seguinte poderíamos ir ver esta peça" "In the Next Room"... também conhecida pela "Vibrator Play".

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A peça, como se pode adivinhar pelo segundo título, fala de vibradores, não no sentido que lhes damos hoje mas sim quando estes eram usados, no séc. XIX, para o tratamento da histeria, tanto de mulheres como homens. Na vanguarda da era da Electricidade e de Edison, a peça fala de como estes tratamentos surtiam efeitos fantásticos nas mulheres tristes, deprimidas, sensíveis, irritáveis (e irritantes), porque a "estimulação vaginal com um vibrador, libertava os fluídos do ventre", fluídos estes responsáveis pelos sintomas de histeria... basicamente um orgasmo. Nada como um orgasmo (ou vários) para qualquer mulher ficar relaxada e bem disposta, certo?

O interessante da peça é que, com este contexto em mente, acaba também por levar as personagens a descobrir a sua sexualidade, a ter reflexões sobre as relações entre os homens e as mulheres, a descobrirem-se... e é tão, mas tão interessante!!

Os cenários e o guarda roupa são óptimos. As luzes, a banda sonora, o ritmo da peça, excelentes. E no fim dei por mim a chorar, de tão envolvente que era tudo o que ali se desenrolava.

Definitivamente um "must see", aqui em Boston ou onde fôr, pois parece-me que esta peça não se confina aos EUA.

9.18.2010

O Sexo dos Vizinhos

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Porque o Verão foi muito quente, dormíamos de janela fechada e com o ar condicionado ligado. Agora, que a temperatura já começou a baixar, mas não ao ponto de as noites serem geladas, sabe bem dormir com a janela aberta e sentir a brisa fresca enquanto nos aconchegamos debaixo do edredon.

Bem... é bom mas tem os seus quês. Ontem, por volta das 4:30 da manhã, acordei com o que pareciam ser vozes lá em baixo do prédio. Mais desperta e com mais atenção, percebi que eram sons bem mais interessantes do que inicialmente pensei. Alguém estava a fazer sexo.

"Na rua?", pensei, "Estranho, isso dava muita bandeira! E logo aqui nos EUA!". Mas os gemidos continuavam, juntamente com risos e sucessivos "yeah baby!! yeah baby!!". Era impossível voltar a dormir, não só porque o som estava com o volume lá em cima mas também porque a curiosidade agora era muito grande. "Não me digas que são os vizinhos do prédio da frente!?", e nesta altura já me ria sem conseguir abafar as gargalhadas e tive que sair do quarto, não fosse acordar o David.

Na sala, olhei para a janela da frente. O cenário era digno de um voyeur de alto nível. O nosso vizinho, do prédio ao lado, cujo apartamento fica mesmo ao nível do nosso, tem a cama dele encostada 'a janela. Na parede da frente, tem um espelho enorme que deixa ver tudo o que por ali se passa. Embora estivesse escuro, a luz dos candeeiros entre os prédios era ideal para se ver tudo lá para dentro.

Ora ele e a miúda que apareceu nesta noite estavam em pleno pinanço, ela com as pernas no ar, ele com o rabo para cima e para baixo, ora mais devagar ora mais rápido, ambos aos guinchos e a gemer. Não me parece que quisessem ser discretos, pois muito embora a cama seja 'a janela, estavam com as janelas todas escancaradas e aos berros. A mim só me dava para rir e fiquei ali, naquela coisa "vou ou fico".

Passado um bocado decidi ir para a cama e ver se os gajos se calavam... mas quando cheguei 'a cama, já o David estava meio acordado, e aí ficámos os 2 a rir muito a ouvir o chinfrim (claro que o David também foi ver o espectáculo) e depois ficámos a inventar histórias para aquela situação:

- pelo riso debochado dela, de certeza que é uma prostituta qualquer, dizia o David.
- eu acho que eles estão bêbados e que ele a deve ter engatado numa festa, dizia eu... mas espera, se a televisão está ligada (que se via na outra sala), deve ter sido um "date" (e eles a guincharem). Vieram jantar, seguiu-se um filminho e tal e depois, pimba, sexo!
- nah!!! até pode ser que ela tenha vindo de uma festa, mas duvido que tenha sido um "date" porque não iam começar a pinar só 'as 5 da manhã!! (e eles a gemerem).
- e se nós nos pusessemos também aos berros, aqui junto 'a nossa janela? dizia eu a escangalhar-me a rir.
- não, não, melhor ainda - já se ria o David - vamos 'a nossa janela e dizemos - olhe, desculpe, importa-se de pinar mais baixinho!?

E neste momento percebemos que as cambalhotas tinham acabado e que eles estavam agora a falar. Pela distância dos sons, percebemos que se deslocavam na casa e eu, curiosa que nem gaja que sou, levantei-me outra vez e espreitei. Desta vez vi-a a sair da casa de banho, nua, só com um cinto de ligas pendurado.

- David, David!!! Ela tem um cinto de ligas. Deve ser uma prostituta!!! - e ria-me!!
- Nah... está visto que ela vai dormir aí, não pode ser...
- As maminhas dela são tão pequeninas!!! E ria-me. Eu estava claramente com um ataque de parvoíce,

Bem, com esta interrupção, o nosso sono foi-se. Eu ainda sugeri que seguíssemos o exemplo dos vizinhos e que fossemos nós agora a pinar que nem loucos e que não os deixássemos dormir, mas o David não estava com tanta energia quanto eu (como gajo que é, a coisa não o deixou tão curioso quanto a mim, gaja!) e ficou para ali a rebolar de um lado para o outro, depois foi para o computador na sala... eu entretanto adormeci.

Hoje, quando acordámos, a primeira coisa que nos ocorreu foi logo os vizinhos. Ouvimos o riso dela e percebemos que ainda lá estava e, a brincar, começámos a imitar os sons da noite anterior e isso virou a comédia do dia. Volta e meia, lá estava eu num quarto e o David no outro e lá ouvia eu o David a gozar com eles.

A nossa janela continuou aberta, tal como a do vizinho, mas hoje 'a noite ele fechou-as e desceu as cortinas... acho que percebeu que dá para ouvir tudo de um prédio para o outro. Só não sei se percebeu que os sons que ouviu do nosso lado foram imitação dos dele, hehehhe.

9.15.2010

Sorte



Há muita gente estúpida com muita sorte... e muita gente estupidamente sortuda.

Curioso ver que o último vídeo se passou no metro, aqui em Boston.

9.14.2010

Skydive

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Acordei com a coragem toda. Pronto, daqui a nada já experienciei das maiores emoções de sempre e já posso dizer que fiz o que há tanto tempo queria fazer. E' hoje!!

Pese embora já andasse há bastante tempo com vontadinha de saltar de um avião, só depois de ter pagado e de ter feito a marcação do evento é que a coisa me começou a bater (sim, é pagado... nós é que nos habituamos a falar mal. FOI pago, TINHA pagado).

Já sonhei várias vezes com isso. Não por ter medo, mas porque sempre que penso naquele segundinho em que vou estar sentada ao colo do instructor, com a porta aberta e as pernas já a balançar no lado de fora do avião e prestes a ser catapultada para o nada, sem saber quando as mãos que nos seguram nos vão largar, dá-me aquele aperto nas entranhas que anunciam o desconhecido e a vontade de ir até lá. E isso entusiasma-me... ao mesmo tempo que também me traz um sentido de razão e responsabilidade que, até então, não tinha sentido, pois o compromisso não estava tomado.

Agora já está! E se algo corre mal... as coisa corre MESMO mal. Mas continuo sem medo... e com a coragem toda. E tive que a guardar no bolso. Porque as condições metereológicas não eram as ideias (lá, porque aqui o sol brilha e só me deixa frustada) a coisa foi cancelada e terá que ser remarcada.

Ainda não foi desta!

9.13.2010

Países invisíveis

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Existem muitos outros países dos quais nunca ouço falar, ou raramente. Mas, não sei porquê, deu-me para cismar no Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Nunca, mas nunquinha mesmo, ouvi notícias relacionadas com estes países e pouco ou nada sei sobre eles.
Muito menos conheço pessoas que já tenham viajado até lá.
Vocês conhecem?

Skydive

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Já é amanha!

Ai!

Botas Keen

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Estas botas são das melhores coisinhas que me aconteceram ultimamente. Se bem se lembram, quando fui caminhar pelas White Mountains, no retiro do laboratório, levei umas botas que se revelaram apertadas e afuniladas nos dedos quando iniciámos a descida e que foram uma verdadeira tortura.

Quando finalmente as descalcei, após horas de sofrimento e dor, verifiquei a razão de tal mal estar: ambas as unhas dos meus dedos grandes estavam agora arqueadas e elevadas, roxas, sem tocarem na carne subjacente. Quando as tentei cortar e desinfectar, saiu um esguicho de pus e sangue, que salpicou o armário da casa de banho. Eu sei que é nojentinho mas pelo menos não tenho aqui nenhuma fotografia a ilustrar, hehehe.

Hoje, ainda são evidentes os sinais desta caminhada, uma vez que cada dedo só tem metade da unha e num deles esta está solta e estou só 'a espera que se solte... enquanto por aqui anda, pelo menos o dedo está mais tapadinho e parece menos anormalzinho.

Porque sabia que em El Salvador ia fazer mais caminhadas, comprei estas botas. Comprei-as 'a confiança, baseada em opiniões de amigos e também no facto de que a marca Keen tem sempre bastante espaço para os dedos dos pés, dado a sua forma bojuda e arredondada característica. Mandei-as vir da Amazon e estreei-as em El Salvador. Mesmo estando novas quando fui caminhar com elas, o que ' a partida já é um erro crasso, não me causaram quaisquer dores e os meus pezinhos estiveram sempre nas nuvens. As unhas estão todas de saúde e de boa côr, não há bolhas... adorei-as!!!

Aliás, até provaram ser bastante boas para o terreno porque numa das vezes, a caminhar muito perto de uma ravina, a terra escorregou por baixo do meu pé junto 'a beira, e lá ia eu pela ravina abaixo, não fosse o Ernesto me ter agarrado na mão que ainda consegui estender e conseguir travar a minha queda imediatamente com as botas.

Por isso: aprovadas!

Audição (fim)

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Ainda não foi desta vez. Vou continuar a cantar no banho :)

9.12.2010

Ele está a chegar

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Que noite triste. Já foi preciso usar um casaco :(

9.11.2010

El Salvador

Para que não pensem que o meu gosto musical se foi, aqui fica a justificação - A musiquita que acompanha este post é um dos hits que se ouvia em El Salvador, a torto e a direito. Só assim se justifica que eu para aqui pusesse o Enrique Iglesias, ahaha. Curiosamente, embora o abomine e ao paizinho dele também, há algo nesta música que me faz gostar dela... talvez seja o cheirinho a férias :)

No Domingo passado cheguei de 10 dias em El Salvador.

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Foram férias, mas mesmo férias a sério! Daquelas em que não se faz mais nada que não seja estar estendido ou estar deitado (como o menino Jesus, segundo o Pai Natal), comer algo, e voltar a estender ou a deitar. Aliás, foram de tal maneira férias a sério, que li como já há muito não o fazia: 2 livros e meio em 9 dias, numa média de 100 páginas por dia. Tal estava desabituada a tanta leitura, que fiquei com um torcicolo estupendo no último dia, que me deixou a andar tipo robot e hoje ainda não desapareceu completamente. Continuo toda empenada.

A viagem começou bem, logo 'a chegada ao país. No aeroporto, supostamente teria que pagar $10 dólares para passar a emigração mas, após uns toques de espanhol e responder 'as perguntas do funcionário, que estava claramente a "flirtar" comigo, quando eu ia a pagar ele disse-me que eu não precisava de o fazer. E lá entrei eu de graça, hehehe!
Muy bueno, muy bueno!

Esperei que chegasse o vôo do Bernardo, amigo com quem fui, e depois o Tino, um motorista do hostel onde íamos ficar, apanhou-nos de imediato. Porque uma certa ponte caiu há já 2 anos (e ainda não foi reparada) o caminho entre o aeroporto e El Tunco (mapa = La Libertad), praia onde ficámos os primeiros dias, é agora mais longo. E eu até gostei que assim fosse porque assim pude ver logo um pouco do país durante a viagem.

E' claramente um país simples e pobre, mas fiquei deslumbrada como todo o verde e com a paisagem. Mais tarde, conquistou-me a simpatia das pessoas. Na estrada, vários carros com côcos, como já vem sendo hábito na América Central e do Sul, e também pessoas empoleiradas de forma muito pouco segura em carrinhas de caixa aberta... andava sempre a pedir a todos os santinhos que um deles não fosse projectado numa travagem ou num arranque mais forte, não fossemos nós atropelar alguém. Felizmente, tal nunca aconteceu (nem sei como!!).

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Embora eu não soubesse, El Salvador tem as melhores ondas para o surf da América Central. Porque o Bernardo é surfista, este foi o destino que escolheu para as férias. Eu acabei por me juntar, para praia, sol e descanso (nem imaginam como os El Salvadoranhos ficaram confusos com esta parelha. Eu mulher, o Bernardo homem, a dormirmos em quartos separados. "Mas não são um casal?", perguntavam. "Não, eu/ela sou/é casada. Somos amigos", respondíamos. "E o teu marido deixa-te vir com o amigo?!?! Aqui em El Salvador, isso não funciona assim!". Aí sim, a cara deles era imperdível. Ainda nos rimos muito com esta situação).

Fomos para a praia d'El Tunco e acabámos por ficar no hostel La Guitarra, que nos pareceu melhor do aquele que tínhamos escolhido inicialmente, e foi a decisão acertada. Aconselho vivamente. Fica na praia, literalmente. Só há uma amurada que nos separa do mar. Os quartos, embora simples, são limpos e funcionais, com casa de banho e com uma bela rede e uma cadeira no alpendre, para se executar o "dolce far niente". Tem piscina, mesa de ping-pong e snooker, para além de uma cozinha toda equipada, onde toda a gente pode cozinhar.

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Como disse, rede ideal para o "dolce far niente" :)

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Tinhamos por lá o Capitão Iglô que, deste ângulo, parecia estar sempre pronto a mandar uma mijinha para cima da coitada da tartaruga.

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Todos os quartos tinham este suporte, para as pranchas de surf. Eu não tinha uma mas, mesmo que tivesse, bem que ia para cima da cama e a minha malita ficava na mesma aqui pousada. E porquê?...

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Para evitar que bicharocos como este fossem lá para dentro. Este encontrei-o eu na primeira noite, 'a porta da minha "casa", quando eu para ali andava descalça Após ter sido arremesado com várias coisas (que obviamente não lhe acertaram porque tinhamos muito má pontaria e não queríamos chegar muito perto), finalmente descobrimos que o lacrau estava vivo (não por muito tempo). Ficámos meio atarantados, sem saber bem o que fazer, mas depois pedimos a um dos rapazes do hostel para nos ajudar e, prontamente, este tentou pisá-lo contra o canto. Só que o caramelo fugiu para dentro do meu quarto. Lindo!
Só que não foi muito longe. Assim que abrimos a porta, lá estava ele no chão.... e foi para o céu dos artrópodes.


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Por trás do bar do hostel, a praia d'El Tunco e Sunzal. Pelo que vim a perceber, a praia numa certa altura do ano tem todas as pedras cobertas de areia e não se vê um único calhau. Nesta altura do ano, em que fômos, toda a areia foi para o mar e ficaram só os seixos. Por isso, os meus banhos de sol reduziram-se somente 'a piscina, uma vez que não dava jeito nenhum estar deitada por aqui.

Porque há vários vulcões, algum dos quais ainda activos no país, a areia é escura. Contudo, a água é muito limpinha, embora nas fotografias não pareça muito. Pelos vistos, é comum os surfistas depararem-se com tartarugas e golfinhos, quando vão mais para dentro do mar. Também há tubarões, mas desses não vimos... ainda bem! A temperatura da água, para mim, era quente demais, pois estar na água ou não estar, dava no mesmo. Não refrescava nada nem reduzia a sensação de calor e humidade, que eram uma constante.

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El Tunco quer dizer "O Porco". Ao que parece, esta rocha parecia-se com um, mas devido 'a erosão, já perdeu essa forma.

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Algo de que gostei muito, por causa da existência de tantas pedras, foi do som particular que a água fazia ao descer, de volta ao mar. Ao arrastar os seixos, o som mais parecia aquele de fogo de artifício 'a distância:




No lugarejo onde estávamos e onde chegámos a uma 5a feira, pouco ou nada se passava 'a noite. A nossa única distração, e de que depois vim até a sentir saudades quando nos mudámos para Las Flores (aí sim, não se passa mesmo naaaaaaaaaada naaaaaaaada), era um bazrinho (do qual nunca me lembro o nome) que, todas as noites, exibia um filme, gratuitamente, num grande écran. O bar era o máximo, pois consistia num grande telhado de colmo, sem paredes e, portanto, ao ar livre. No chão, sobre o chão de madeira coberto com tapetes de vime, muitas almofadas, grandes, cheias e coloridas, serviam de sofá a quem por lá se sentava (há que dizer que, na primeira noite, após termos encontrado o lacrau, não ficámos muito 'a vontade enquanto estávamos deitados aqui... mas não aconteceu nada e depois esquecemo-nos do incidente). Este bar faria sucesso em qualquer local!

Numa das noites exibiram um filme que nunca na minha vidinha teria visto de livre e espontânea vontade. Só o título, já assusta: "Role Models", e depois, quando começámos a ver as primeiras cenas, vemos 2 tipos, um dos quais vestido de minotauro (sim, leram bem), a guiar uma carrinha toda artilhada e transformada numa grande lata de refrigerante, pois andavam a fazer promoção a uma bebida energética e a ir 'as escolas dizer aos putos para se afastarem das drogas e se meterem nessa bebida... que se chama Minotauro, claro.

O que prometia ser uma estopada acabou por se revelar um filme até engraçado, dado o desenvolvimento completamente inesperado e surreal. Cheio de cenas politicamente incorrectas, acabou por me tirar uns sorrisos de vez em quando mas, é daqueles filmes que... como dizer? Sabem o filme "Airplane", 1980? Quando o vi, achei-o tão estúpido, mas tão estúpido, que não consegui esboçar nem um sorriso durante o seu visionamento. No entanto, no dia seguinte, no liceu, quando comecei a falar dele com a minha amiga Rita, o filme era muito mais giro falado do que visto. E rimos tanto e tivemos um ataque de riso tão grande 'a custa de algums cenas (ainda hoje, passado 18 anos, quando falamos disso nos escangalhamos a rir) que quase fomos expulsas da aula. Pronto, este filme é como esse e, nos dias que se seguiram, ainda nos fez rir :)

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Pelos vistos, 'a 6a e Sábado 'a noite é que o lugarejo anima e, de facto, tivémos muito mais animação nessas noite do que nas outras. Havia música ao vivo no bar do nosso hostel e um DJ no hotel do lado. Na rua principal (basicamente a única), vimos uma bateria de samba, que deixou toda a gente animada. A acompanhar a bateria de samba, havia também um grupo de malabares, que faziam truques com bolas e barras incendiadas. Um maluco qualquer que por lá andava, e que mais cedo tinhamos visto a beber e a fumar o seu charro para cima da conta, pelos vistos também sabia fazer destas coisas... mas só quando está sóbrio, diria eu. Ele ainda tentou fazer (com muito pouco sucesso, como podem ver no filme) mas depois alguém teve o bom senso de lhe tirar aquilo das mãos... estava a ver que o gajo ainda se imolava ou ainda mandava com uma daquelas bolas na pinha de alguém ou até na dele.




Esa foi a emoção da noite! Outras situações contribuiram para tornar esta viagem especial. A primeira foi que, quando chegámos a El Tunco, pouco depois percebemos que não havia Internet, muito embora os hotéis anunciassem free wireless e tal. OK, pensei eu, também não se pode esperar muito num lugar tão simples como este. Mas, depois, viemos também a perceber ue não havia telefones. Isto sim pareceu-me mais estranho.

Então o que é que aconteceu? Porque os cabos de Internet/Telefone são feitos de cobre e este é um metal que rende algum dinheiro, esta era já a segunda vez que, durante a noite, todos os cabos eram roubados e o vilarejo ficava sem ligações. Isto aconteceu 3 semanas antes de chegarmos e está para durar, pois a companhia responsável pelos cabos agora recusa-se a pôr outros, uma vez que se adivinha virem a ser roubados uma 3a vez caso o façam. Então, por forma a poder falar com o David, eu ia a uma vendazita que lá havia e pedia 'a senhora para usar o telemóvel dela. Ela depois cobrava-me o quanto eu gastasse. Até já era giro pois, quando me via, a senhora já punha o telefone no número do David, memorizado em vezes anteriores.

Porque o país é pobre e viveu uma violenta guerra civil por 12 anos(embora tenha já terminado há 18 anos), ainda se vive numa violência controlada. Está implícito que toda a gente, legal ou ilegalmente, tem armas. O nosso guia, quando mais 'a vontade connosco, revelou-nos onde guardava as armas dele, que armas tinha e que armas se encontravam por aí, no mercado mais ou menos negro. Coisas incríveis, como AK47. Também nos revelou sobre as suas amantes e casos, mas isso agora não interessa, ahahha. Então, era também frequente ver-se carros/camionetas que fornecem produtos, como coca-cola, batatas fritas, tabaco, serem todas escoltadas por 1 ou 2 homens com espingardas e sei lá que outras armas. Naturalmente, exibiam as armas e seguravam-nas descontraidamente enquanto palravam uns com os outros e o fornecedor tirava os produtos para os mercado. Infelizmente, não tenho nenhuma fotografia para ilustrar. Não sabia se fazê-lo me poderia trazer problemas, pelo que não arrisquei.

Uma outra situação bastante única, foi a ida ao hospital, devido a um ferimento do meu amigo. No fim, não foi nada sério e o braço não estava partido, mas serviu para vermos como as coisas se passavam num hospital. Ao que parece (porque só podiam entrar 2 pessoas e foi preferível o nosso guia ir com ele), o Bernardo foi super bem atendido e fizeram-lhe o raio-x e deram-lhe os medicamentos, tudo de graça. Enquanto fiquei cá fora, vi uma cadeira de rodas bastante caricata. Embora houvesse cadeiras normais também, esta encontrava-se em uso, tal como as outras, e vi-a até a levar uma velhinha até 'a porta:

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Antes de viajarmos para a costa Este do país (mapa= El Cuco), deixámos um dia para visitar um "pueblo" chamado Juayua (mapa= Sansonate), onde todos os fins de semana há um festival gastronómico (que acabou por não ficar registado porque me esqueci da máquina no carro), onde servem até coelho e, claro, as famosas pupusas, panqueca de milho ou arroz, com variados recheios. Chega-se lá pela famosa Routa Las Flores que, durante a Primavera, como o próprio nome indica, está cheia de flores, e que nos permite apreciar o parque dos vulcões Cerro Verde, ao longe, com os seus contornos cónicos.

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Para além do festival gastronómico, o principal motivo para visitarmos esta região foi uma caminhada pela floresta, que nos levaria até várias quedas de água e também a um balneário de água natural, Los Chorros de La Calera. Esta foi para mim das coisas que mais gostei de fazer durante esta viagem, pois o passeio teve a particularidade de caminharmos por dentro das cascatas e não só numa trilha para as vermos. Tivemos que descer encostas íngremes, com a água nas pernas e agarrados a uma corda. Adorei!!

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Nota: pouco depois de iniciarmos a caminhada, o nosso guia no passeio, Mário, disse-nos para esperarmos e desapareceu por entre a vegetação. Enquanto esperávamos, o nosso guia/motorista Ernesto confidenciou-nos que o Mário costumava fazer isto... talvez tivesse por aí uma plantação de Marijuana ou qualquer coisa do género, disse-nos ele. Entusiasmado, o Bernardo quis ir espreitar, mas o Ernesto só abanou a cabeça, pôs a mão a atravessar o pescoço, como se o cortasse, e disse: é melhor não! Como o Mário tinha uma catana, pelo sim pelo não, o Bernardo não foi, hehehe.

Passadas mais ou menos 3 horas de trilha, saímos da floresta. Porque é tão densa, não notámos que chovia. Seguimos para o festival gastronómico, de carro, e lá conseguimos achar uma mesinha por baixo de um toldo que nos abrigou do dilúvio e deliciámo-nos com um belo de um coelhito.

No dia seguinte, despedimo-nos de El Tunco e fomos para Las Flores, uma praia a 4 horas de distância que, pelos vistos, tem ondas extraordinárias para o surf... segundo eles, que eu disso não percebo nada. A paisagem, tal como já nos tínhamos habituado, era verdejante e volta e meia lá víamos mais vulcões:

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Como também já vinha sendo costume, a estrada estava repleta de transeuntes aqui e ali. Ele era cães, vacas e bois, pessoas, galos e galinhas. Podem não acreditar, mas vimos até pessoas sentadinhas, todas felizes, a falar umas com as outras, numa curva, sentados NA faixa de rodagem. Tivémos que ir para a faixa contrária (e aqui mais uma daqueles situações em que eu estava sempre a ver quando é que vinha um carro no sentido contrário) para os passarmos. Embora tenhamos visto vários cães mortos, de alguma maneira o sistema funciona e, tanto nos encontros imediatos do 3º grau com animais e pessoas, como nas ultrapassagens loucas, a coisa funcionou sempre e nunca vimos (ou sofremos) nenhum acidente.

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Chegados a Las Flores, deparámo-nos com uma praia isolada, rodeada de coqueiros. Se a areia fosse branquinha, podia ser daquelas praias que se vêem nas fotos das revistas de viagem. Eu achei a praia lindíssima, mesmo com a areia escura.

Para quem não quer gastar muito dinheiro em hotéis e não se importar de viver de forma bastante simples, existem 2 famílias que vivem mesmo na praia e que construiram anexos nas suas propriedades para alugarem os quartos aos muitos surfistas que vêm 'a procura daquele point break especial. O quarto custa $15, mas se quiserem algo mais luxuoso, é só ir para o Hotel ao lado, chamado "Las Flores, que é o mais luxuoso, e aí pagam 2400$ por semana. Há escolha para todos os gostos, mas o que é certo é que no fim acaba toda a gente na mesma praia, 'a procura da mesma onda.

Nós ficámos com a Família Campos e, pessoalmente, só tenho a dizer coisas boas. A família era simpatiquíssima. O quarto era simples mas limpo e tive a sorte de ficar com o único quarto que tinha janela. Assim, tinha o previlégio de, assim que acordava, ter o mar e a praia logo ali. Eu contei e eram exactamente 63 passos do meu quarto até 'a praia... mais perto, só se for dentro de água.

Havia mais 3 quartos, sendo que 2 destes estavam ocupados, quando chegámos, por 3 Australianos e 2 Americanos, todos surfistas, com quem fizemos logo amizade e com quem foi um prazer partilhar aquele espaço e aqueles dias. Tivemos sorte, pois eu e o Bernardo ocupámos os únicos 2 quartos livres e viemos a perceber, nos dias que se seguiram, que muitos eram aqueles que queriam ficar numa das famílias, mas que já não tinham espaço (como 2 Israelitas, que por lá apareceram uma noite a perguntar quando é que íamos embora, para eles se puderem mudar para lá).

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Família Campos

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Redes

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Côcos a germinar

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'A porta dos quartos, várias redes estavam penduradas, para mais umas quantas sessões de "dolce far niente". Embora eu fosse a única rapariga naquele grupo, tenho a dizer que os meus companheiros de guerra eram o máximo. Para além de super divertidos e simpáticos, eram também asseadinhos e mantiveram sempre o alpendre todo limpinho. Com a areia preta da praia, era fácil deixar aquilo todo sujo e patinhado. Mas, todos nós, passávamos os pezitos por água antes de subir para o alpendre e, volta e meia, lá pegávamos na vassoura. Quando eles sairam e chegaram outros tipos, no último dia que lá ficámos, sentimos logo uma diferença enorme.

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Para a nossa higiene, tínhamos um outro anexo, com uma torneira, um chuveiro e um sanita. Incrivelmente, a coisa funcionou sempre bem, tendo em conta que éramos 7 pessoas, e nunca ninguém teve que ficar em filas (tirando o facto de que um dos Australianos julgou que a parte da torneira era um urinol. Mas logo se esclareceu o equívoco :)). O único senão, era o autoclismo ser meio fraquinho. Quando eu via a porta da casa de banho fechada e a sanita tapada, desconfiava logo. Afinal, a porta ficava sempre aberta quando alguém saía e, como toda a gente sabe, nenhum gajo fecha a tampa da sanita... a menos que haja presente. Como os rapazes pediam sempre dose dupla de comida para o jantar, quando este cenário se me apresentava, eu recuava e dizia logo ao Bernardo: aposto que temos "double pollo" no WC :P

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A praia era bastante isolada e ali 'a volta não existia nada. Se não fosse a maré baixa, que nos permitia ir até 'as praias do lado, onde podíamos ir ao Hotel Miraflores usar a Internet wireless de graça e comer iogurte com granola, e ao pueblo El Cuco, de certeza que teríamos estado incomunicáveis ou sem ter um pequeno tão agradável, pois indo pela estrada era uma volta grande.

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Hotel Miraflores

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Não sei porquê, acordava sempre pelas 5:40 da manhã e várias vezes tive oportunidade de ver os pescadores sairem nos seus barcos, para depois voltarem ao fim do dia com o que seria o nosso jantar. Para comermos, pedíamos 'a família o que queríamos, a senhora cozinhava, e depois vinha-nos chamar ou trazia a comida até aos nossos quartos. Numa das noites veio uma menina, com os seus 6 anos, chamar-me. Perguntei-lhe como se chamava e ela, orgulhosamente, respondeu-me: Vanessa Marilu. Não percebo onde é que esta gente, tão simples, vai buscar nomes tão rebuscados.

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A variedade era pouca ou nenhuma, alternando entre frango/pollo frito com arroz ou peixe/pescado frito com arroz, para as refeições, e ovos com arroz e feijão, para pequeno-almoço e lanches. Era um crime fritarem aquele peixe tão fresquinho. De tanto insistirmos, um dia a senhora lá fez o peixinho grelhado, e foi uma delícia. Foi a refeição gourmet da nossa estadia por lá.
Tornámo-nos amigos de um dos pescadores, Chepe, que no último dia fez questão que tivéssemos "pescado", uma vez que gostávamos tanto, e lá nos trouxe um belo de um pargo e macarella.

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Ficávamos felicíssimos quando aparecia uma carrinha, com alguma coisa para se comer. De uma das vezes comprámos pães e bolos. A carrinha da fruta supostamente devia ter aparecido, mas nunca a vimos. Assim, numa das ocasiões, fomos até El Cuco, o pueblo, e comprei tomates e ananás. Felizmente, antes de irmos para Las Flores, alguém nos avisou em El Tunco que seria boa ideia passarmos por um super mercado antes de irmos para lá, e então não me queixei muito.

Pela manhã, os tons e as cores no céu eram espectaculares. Ao fim do dia também, mas nenhumas fotos bateram as do nascer do sol.

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Nascer do Sol

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Pôr do Sol

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Para apreciar a paisagem, era frequente eu sentar-me debaixo de um alpendre construído em frente 'a praia, a ler. Pelos vistos, 'a noite alguém também se divertiu por aquelas bandas... só não sei como é que a miúda voltou para casa, uma vez que os calções e o bikini ficaram por lá, heheheh.

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Como disse, estas férias foram mesmo daquelas em que não se faz nada. Durante 2 dias em que choveu sempre e, como as ondas também estavam más, ficámos todos debaixo do alpendre, a ler, a falar, a trocar livros uns com os outros, pois já não tínhamos mais nada para ler... e quando até mesmo os livros acabavam, olha, entretínhamo-nos a ver os 3 galos que por lá andavam, no terreiro da família, a disputarem as galinhas. Havia para lá também um perú, mas esse não se metia em nenhuma cowboyada :)

Se estas férias tivessem sido na Costa Rica, eu diria "Pura Vida", como eles repetem frequentemente. Mas, em El Salvador, a expressão para tudo fixe e cool é "Simon", vá-se lá perceber porquê. "Simon" seja.

Quando perguntei a uma amigo meu, que já tinha ido a El Salvador, o que ver por lá, ele basicamente respondeu-me "sugiro a Guatemala para paisagens e caminhadas (lagos e vulcões, muito bom!), se preferes praia e mergulho então deves ir ao Belize, e/ou a península de Iucatão para ver as pirâmides (quer no México, Belize e Guatemala"... como quem diz "vai mas é visitar outros países". Mais um pouco e mandava-me para a Islândia ver icebergs, ahaha.

Pessoalmente, acho que El Salvador tem bastante potencial e, não me arrependo nada de não ter ido visitar os países vizinhos nesta viagem. Os dias passados por lá foram inesquecíveis :)

Simon!!!