9.22.2010

Teatro

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Como se diz em bom Português, não há fome que não dê fartua.

Embora goste muito de teatro, ainda não tinha ido a nenhuma peça aqui em Boston. Algo estranho, uma vez que sempre que estive em São Paulo, fui ao teatro (Uma noite na Lua, Quando Nietzsche Chorou, A Alma Imoral e mais umas outras peças de que não me lembro do título), pese embora só lá tenha estado períodos de algumas semanas. E aqui, passados 5 anos... nada!

Pois, como dizia, não há fome... e a semana passada fui não a uma mas sim a duas peças de teatro. A primeira, uma comédia bastante levezinha, "Shear Madness", surgiu de repente, quando o meu mui amigo Maurício nos liga a dizer que tinha mais de 50 bilhetes, de graça, para a peça. Acabou por ser divertido, não só pela peça mas também porque se reuniram vários amigos.

A segunda peça, essa sim, EXCELENTE. No Sábado o David foi tocar e eu, porque ficava em casa e me apetecia sair e fazer algo, decidi começar 'a procura do que fazer em Boston a um Sábado 'a noite. Por incrível que pareça, a oferta não é assim tão abundante e acabei por ficar em casa a ver um filme mas, durante a minha busca, descobri que no dia seguinte poderíamos ir ver esta peça" "In the Next Room"... também conhecida pela "Vibrator Play".

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A peça, como se pode adivinhar pelo segundo título, fala de vibradores, não no sentido que lhes damos hoje mas sim quando estes eram usados, no séc. XIX, para o tratamento da histeria, tanto de mulheres como homens. Na vanguarda da era da Electricidade e de Edison, a peça fala de como estes tratamentos surtiam efeitos fantásticos nas mulheres tristes, deprimidas, sensíveis, irritáveis (e irritantes), porque a "estimulação vaginal com um vibrador, libertava os fluídos do ventre", fluídos estes responsáveis pelos sintomas de histeria... basicamente um orgasmo. Nada como um orgasmo (ou vários) para qualquer mulher ficar relaxada e bem disposta, certo?

O interessante da peça é que, com este contexto em mente, acaba também por levar as personagens a descobrir a sua sexualidade, a ter reflexões sobre as relações entre os homens e as mulheres, a descobrirem-se... e é tão, mas tão interessante!!

Os cenários e o guarda roupa são óptimos. As luzes, a banda sonora, o ritmo da peça, excelentes. E no fim dei por mim a chorar, de tão envolvente que era tudo o que ali se desenrolava.

Definitivamente um "must see", aqui em Boston ou onde fôr, pois parece-me que esta peça não se confina aos EUA.

1 comment:

Fadalê said...

Há textos que nos "agarram" e o título pode ser um bom, ou mau, prenúncio.
Neste caso, valeu a pena... Antes uma coisa boa do que uma boa coisa... A expectativa lá está para o valorizar.
Bom teatro por e em Boston :)

Fatino