3.05.2009

Massagens



Passar 4 meses a escrever ao computador deixou-me completamente entrevada. Desde dores nas ancas, até contracções dolorosas das costas e pescoço, houve muito de tudo. Após visitar 2 médicos e passar por fisioterapia que não me ajudou em nada, decidi marcar uma massagem terapêutica para ver se, pelo menos, as dores diminuiam. Já tinha chegado a um ponto em que já acordava com dores e com elas me deitava.

Foi uma agradável surpresa. A pequena sala estava morna, com luz baixa. Na parede, um quadro de Georgia O'Keefe. No ar, uma música bem relaxante. Deitei-me na marquesa, também esta com lençóis aquecidos. A massagista falava baixo enquanto estudava as zonas a trabalhar. De uma eficiência impar, começou a exercer pressão aqui e ali, a puxar dali e a empurrar de acolá. Não vou dizer que foi relaxante, porque não foi. Foi até doloroso, mas uma dor benéfica que, ao mesmo tempo que doía, também trazia bem-estar.

Passada uma hora senti de imediato os efeitos e saí de lá com muita mais mobilidade e muito menos desconforto. Voltei a repetir a dose na semana que se seguiu e encontro-me agora muuuuuito melhor. Fiquei convencida de que, de facto, as massagens fazem milagres e nos fazem sentir melhor. Isto porque até então a impressão que tinha é que não era assim tão eficiente... passo a explicar :)

Na 6a feira, véspera do nosso casamento, eu e o David fomos para uma SPA, para relaxar. Para além de passarmos tempo no jacuzzi, sauna e banho turco e suísso, marcámos também uma massagem de casal, ou seja, estaríamos os dois na mesma sala, em marquesas distintas, eu a ser massajada por um ele e ele por uma ela.
Inexperientes nestas andanças, perguntámos a que horas deveríamos ir para a massagem, ao que a recepcionista respondeu que não nos preocupassemos, que alguém nos iria chamar 'a hidromassagem. Porreiro!

Lá estávamos nós quando um rapaz, vestido de branco, qual enfermeiro, nos vem chamar:

- Podem vestir a vossa tanga e vir para a sala da massagem.
- Sim, sim, claro! - respondi.

Assim que o rapaz saiu, eu olhei para o David e ele para mim:

- Tanga??? Mas qual tanga? A gente já está de facto de bikini/sunga.
- Pois... deve ser mesmo esta!

Já estão a ver que a coisa estava a começar bem.
Vestimos os roupões e, assim que saímos da hidromassagem, vimos uma sala aberta, com 2 marquesas lá dentro, com velinhas, incenso e tal, as toalhas todas bonitinhas dobradinhas em cima das camas...

- Deve ser aqui!
- 'bora!

Entrámos, desmanchámos as toalhas, subimos para as marquesas (quase que ia virando a minha de pernas para o ar... lindo!) e quando já nos preparávamos para nos deitarmos entra o rapaz com perfeita cara de pânico:

- Mas, mas?! Não... têm que ir vestir a tanga. Depois, quando eu e a minha colega estivermos prontos, nós chamamos-vos! - enquanto pegava freneticamente nas toalhas e as voltava a enrolar.
- Então mas a tanga não é o nosso fato de banho?? - lá perguntei eu de uma vez por todas, para ver se nos entendíamos.
- Não. No vosso cacifo, nos balneários, têm uma bolsinha com as respectivas tangas.
- Aaahhhh!! - exclamámos os 2 (ser pobre a tentar ser chique é de facto muito triste, hehehe).

E, neste momento, já tínhamos entrado num riso parvo e riamos perdidamente.
Cada um foi para o seu balneário vestir a bendita tanga. Quando cheguei lá vasculhei o cacifo todo e não via nada. Procurei de novo, com mais atenção.

- Será isto? Não é uma touca?

Não, não era uma touca. Era um trapinho minúsculo, metido dentro de uma saquinha de plástico. Quando o retirei e desembrulhei, eis que se revela a tanga 'a minha frente. Um fio dental brutal no lado de trás e um bolsinha minúscula do lado da frente.

- Ainda bem que ontem fiz a depilação brasileira - pensei eu. Se não, ia ser uma vergonha estar com isto e o matagal todo de fora!

Vesti a tanga, pus o roupão por cima e saí, para esperar pelo David. Esperei, esperei... os massagistas também já esperavam e nada de o David aparecer. Após alguns minutos, eis que ele sai cá para fora, muito embrulhado no roupão e comprometido. Olhou para mim enquanto eu já continha o riso a imaginar o que dali vinha. Muito sério e sem abrir o robe, perguntou-me:

- E' isto não é?

Acedi com a cabeça. Foi gargalhada de meia-noite. Mas nem tivemos tempo de pôr tudo cá para fora, pois os massagistas indicaram-nos logo a sala. E então, erámos nós a ir para lá e a entrar com uma vontade descomunal de rir e a tentar controlar a coisa. Se já estava difícil, mais difícil ficou quando tivemos que nos despir. Aí, eu não aguentei mais e ri, ri, ri!!

- Estás tão giro! - exclamei eu já com lágrimas nos olhos, enquanto olhava para o David, para o rabiosque dele com aquele fio dental e, ainda mais hilariante, aquela bola gigante 'a frente, com os tomatinhos todos quase a sair.

Eu pura e simplesmente não consegui parar de rir. Sabem, como quando se está numa igreja ou numa reunião, sabemos que não nos podemos rir e é só para aquilo que nos dá? E' que aquela tanga é tão ridícula! E não tapa nada. Sinceramente, tanto eu como o David ter-nos-iamos sentido melhor se estivessemos nus.

Se calhar, já habituados 'aquele espectáculo, os massagistas não se desfizeram e agiram como se não tivessem 2 pessoas com um ataque de riso lá dentro.

- Podem deitar-se.

Nós deitámo-nos, mais uma vez quase virando a marquesa (aquilo está meio alto em relação ao chão), só que o David recebeu instruções para que ficasse de barriga para cima. Eu tive mais sorte pois ao ficar de barriga para baixo tinha mais possibilidade de me rir com a cara metida naquela almofada com um buraco. Iniciada a massagem, vota e meia eu ainda me lembrava da tanga e tinha um tipo de convulsões, tal era a quantidade de riso que tentava conter. O massagista dizia-me para eu relaxar mas a mim só me dava para rir. O coitado do David, de barriga para cima nem se podia rir. O coitado do rapaz diz-me que passou o tempo todo a contrair-se para não se rir e a contrair-se porque a massagem lhe fazia cócegas.

O que deveria ter sido uma hora de relaxamento foi uma verdadeira tortura. Finalmente, já no fim, com o David de barriga para baixo e agora eu de barriga para cima com um paninho a tapar-me os olhos, pareceu-me que os massagistas tinham saído. Ficou tudo em silêncio e só se ouviam os passarinhos (outra coisa que fazia o David rir, pois volta e meia havia por lá uma ave rara que mais parecia estar a ser esganada, tal o som que fazia entre os piu-pius dos outros). Eu não me atrevi a mexer mas depois ouvi o David a rir e a rir e a rir. Deduzi que estávamos sozinhos. Tirei o pano e então, finalmente, rimos que nem uns perdidos. Mas, sempre com atenção 'a porta... pois se sairam sem dizer nada (que mal educados, brincava o David) é porque ainda iam voltar. Assim que sentimos a porta a mexer, voltámos 'as nossas poses e, mais uma vez, com aquele sorrisinho a dançar nos lábios, nos controlámos até que nos dissessem para nos levantarmos.

- Foi bom?
- Sim, sim, muito bom - respondemos logo.

Conclusão, no dia do casamento o David estava todo entrevado e com dores nos músculos, tal a forma como esteve contraído. Eu, quando me lembrava da cena, dava-me vontade de rir.

Como vêem, a nossa primeira experiência com massagens não foi propriamente relaxante, razão pela qual me soube muito bem fazer uma a semana passada que finalmente serviu o propósito.

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