10.14.2006

Inês e os seus carros

Quem me ouvir, até parece que tenho uma frota automóvel mas, quando não se tem cão, caça-se com gato... ou qualquer coisa do género (é que também não sou grande espingarda no que toca ‘a caça). E foi isso mesmo que fiz nas 2 histórias que se seguem.

Assim, um destes dias, decidi ir ao horto para comprar umas plantas, daquelas médias/grandes, por forma a tornar a casa mais aconchegante e acolhedora. Uma vez que não tenho carro e que o David ainda não tinha regressado do Brasil, decidi munir-me dos meios de possível transporte que tinha ‘a disposição e, vai daí, agarrei em nada mais nada menos do que num carrinho de compras da Target, grande superfície que fica a caminha do horto.

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Eles bem dizem que os carrinhos não podem sair do espaço comercial e que têm um sistema qualquer XPTO que trava as rodas do carro quando se sai do perímetro e sei lá que mais mas, o que é certo é que aqui a Je pegou alegremente num deles, e ali foi ela estrada a fora sem qualquer problema (se calhar, por ser domingo, o sistema estava de folga).

Chegada ao horto, “estaciono” a carripana perto dos outros carros e, após escolhidas as plantas, pedi ao homenzito da loja que as pusesse, juntamente com 2 sacos de terra, no meu “carro”:
- Onde está o seu carro?
- Ali – apontei eu para a minha “máquina” vermelha
- Onde? – dizia o homenzito olhando em todas as direcções mas sem perceber que carro vermelho era aquele a que me referia.
- Aquele, da Target! – sorri.
Percebendo finalmente, abriu-me um sorriso onde expôs os seus enormes dentes incisivos de ouro e, rindo, disse:
- Ah, trabalhas para a Target!?
- Bem, maijomenos – respondi eu em tom de brincadeira – digamos que pedi emprestado e já lá vou devolver.
- Hehehe... smart girl!!!

Lá empilhámos tudo no carrito e depois segui alegre e contente até minha casa onde, após descarga, acomodei a “bomba vermelha” num pequeno estacionamento logo ali para que, quando terminadas as obras de remodelação em minha casa, pegasse nele e o fosse pôr no centro comercial novamente.

Qual quê?? E quem é que me diz que o carro ainda estava lá?
Era o estavas! Em três tempos, desapareceu. Acho que houve mais alguém que precisou de caçar com gato :)

A outra história passou-se num fim de semana. Embora toda a gente saiba que é, no mínimo, ter instintos suicidas ir ‘as compras ao fim de semana, quando se trabalha durante a semana e não se tem carro não resta outra hipótese se não fazer as compras de supermercado a um Sábado ou Domingo.

Desta feita, lá fui eu para o Market Basket, supermercado enorme que existe relativamente perto da minha casa e que, por ter a relação preço/qualidade mais aliciante das redondezas, é uma verdadeira loucura de tanta gente que por lá se concentra e empurra.

Para tornar a minha ida o mais eficiente possível, levo comigo uma malinha de rodinhas e uma mochila vazias. Assim, posso trazer mais coisas e é mais fácil trazer tudo quando volto a pé.

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Após feitas as compras, vim de imediato cá para fora onde, mais calmamente, pude empacotar tudo dentro da malita.

Parei junto a um dos muitos carros estacionados e procedi ‘a operação “transfega/arrumação/empacotamento/baza daqui”.
Como era de esperar, no parque de estacionamento os carros aglomeravam-se e formavam filas intermináveis por forma a encontrarem um lugar e reparei que uma das filas se iniciava logo ali ao pé de mim, onde um carro piscava para estacionar algures do meu lado. Não liguei!

Quando já estava na fase final de “empacotamento”, retirei a mala já cheia do carrinho das compras e iniciei a fase “baza daqui”, puxando alegremente a minha malita. Nisto, vejo que os moços que se encontravam dentro do carro com o pisca ligado se agitaram: um a rir ‘as gargalhadas e o outro, o que estava ao volante, com as mãos na cabeça e um ar de incredulidade hilariante.
Abriu a janela e perguntou-me:
- Não tens um carro? Esse carro não é teu? – apontanto para o Jeep junto ao qual eu tinha parado.
- Não me importava nada mas, por ora, o único carro que tenho é este – respondi eu apontando para a minha maleta e já a rir-me por ter percebido que estiveram aquele tempo todo ‘a espera de um lugar que nunca existiu.

Os meus carros são realmente muito especiais!

10.04.2006

Tempos Modernos

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Pais raptam filha para ela não casar

Se bem me lembro, costumava ser o noivo a fazer isso ou a miuda a dar de frosques da casa dos cotas, não era?

10.01.2006

Que nem Cacho

Caminhávamos, já no lusco fusco, de mãos dadas. Não havia mais ninguém ‘a nossa volta. Apenas nós.

Distraída, nem me apercebi da bicicleta que se aproximava em direcção oposta até sentir o David puxar-me para o seu lado. Assim, ficámos mais perto da parede e deixámos mais espaço para que a dita bicicleta passasse por entre nós e a cerca que ladeava o outro lado do caminho. Caberiam, seguramente, umas 4 pessoas lado a lado, pelo que o espaço deixado por nós era mais que suficiente para a bina passar.

Observando a luzinha cintilante aproximar-se de nós, estranhámos quando esta começou a adquirir contornos oscilantes. Zig-zagueando de um lado para o outro, vimos, como que em câmara lenta, o ciclista espetar-se ‘a nossa frente contra a parede com algum estardalhaço, dada a cabeçada que mandou com o capacete no cimento, e escorregar por esta abaixo, até ficar com a bicicleta estatelada no chão e as pernas no ar.

Estranhamente, os reflexos não foram aqueles que se esperam de alguém que procura evitar a queda mas sim os de alguém que, talvez, tivesse perdido a consciência.
Preocupados e sem perceber muito bem o que se teria passado, acorremos de imediato para tentar ajudar o homenzito.

- Are you OK? Can you stand up?

O bafo etílico que me envolveu assim que me abaixei para o tentar erguer, enquanto perguntava se estava bem e se se conseguia levantar, de imediato me tirou as dúvidas quanto ‘as causas daquela queda. Quase que caía para o lado também!

Meio que envergonhado meio que desnorteado, o senhor só disse, em Inglês:

- Lamento muito! Desculpem lá!
Mas é que fiquei aflito quando vi esta multidão de 5 pessoas ‘a minha frente – ao mesmo tempo que gesticulava para nos mostrar a multidão (diga-se, eu e o David).

O David, olhando meio que incrédulo meio que divertido, virou-se para mim e, em Português, perguntou-me:

- Ele disse CINCO pessoas? Uma MULTIDAO!!

Assenti com a cabeça, já com um daqueles risos que mal se consegue controlar a subir-me pela garganta!

- Pois é, eu sei o que você quer dizer – respondi eu ao homenzito.

Ajustando o capacete, a luz da frente e verificando que os reflectores das pernas estavam no sítio (vá lá, ao menos era um bêbado consciente... “maijomenos”), montou-se de novo na bicicleta e lá foi ele, desculpando-se de novo.

Eu e o David ficámos a vê-lo ir, temendo pelo poste que tínhamos passado uns metros antes:
- Ai o poste! Ai o poste! – dizia eu já com as mãos na cabeça, enquanto o via, periclitante, a aproximar-se dele.
- Quantos postes verá ele? – questionava-se o David, por entre gargalhadas.

Nestas dúvidas, como que por milagre, vimos o bêbado continuar caminho, sem mais incidentes.

Esperemos que não tenha apanhado nenhum policia pelo caminho... senão, de certeza que fez figuras como esta :)