10.01.2006

Que nem Cacho

Caminhávamos, já no lusco fusco, de mãos dadas. Não havia mais ninguém ‘a nossa volta. Apenas nós.

Distraída, nem me apercebi da bicicleta que se aproximava em direcção oposta até sentir o David puxar-me para o seu lado. Assim, ficámos mais perto da parede e deixámos mais espaço para que a dita bicicleta passasse por entre nós e a cerca que ladeava o outro lado do caminho. Caberiam, seguramente, umas 4 pessoas lado a lado, pelo que o espaço deixado por nós era mais que suficiente para a bina passar.

Observando a luzinha cintilante aproximar-se de nós, estranhámos quando esta começou a adquirir contornos oscilantes. Zig-zagueando de um lado para o outro, vimos, como que em câmara lenta, o ciclista espetar-se ‘a nossa frente contra a parede com algum estardalhaço, dada a cabeçada que mandou com o capacete no cimento, e escorregar por esta abaixo, até ficar com a bicicleta estatelada no chão e as pernas no ar.

Estranhamente, os reflexos não foram aqueles que se esperam de alguém que procura evitar a queda mas sim os de alguém que, talvez, tivesse perdido a consciência.
Preocupados e sem perceber muito bem o que se teria passado, acorremos de imediato para tentar ajudar o homenzito.

- Are you OK? Can you stand up?

O bafo etílico que me envolveu assim que me abaixei para o tentar erguer, enquanto perguntava se estava bem e se se conseguia levantar, de imediato me tirou as dúvidas quanto ‘as causas daquela queda. Quase que caía para o lado também!

Meio que envergonhado meio que desnorteado, o senhor só disse, em Inglês:

- Lamento muito! Desculpem lá!
Mas é que fiquei aflito quando vi esta multidão de 5 pessoas ‘a minha frente – ao mesmo tempo que gesticulava para nos mostrar a multidão (diga-se, eu e o David).

O David, olhando meio que incrédulo meio que divertido, virou-se para mim e, em Português, perguntou-me:

- Ele disse CINCO pessoas? Uma MULTIDAO!!

Assenti com a cabeça, já com um daqueles risos que mal se consegue controlar a subir-me pela garganta!

- Pois é, eu sei o que você quer dizer – respondi eu ao homenzito.

Ajustando o capacete, a luz da frente e verificando que os reflectores das pernas estavam no sítio (vá lá, ao menos era um bêbado consciente... “maijomenos”), montou-se de novo na bicicleta e lá foi ele, desculpando-se de novo.

Eu e o David ficámos a vê-lo ir, temendo pelo poste que tínhamos passado uns metros antes:
- Ai o poste! Ai o poste! – dizia eu já com as mãos na cabeça, enquanto o via, periclitante, a aproximar-se dele.
- Quantos postes verá ele? – questionava-se o David, por entre gargalhadas.

Nestas dúvidas, como que por milagre, vimos o bêbado continuar caminho, sem mais incidentes.

Esperemos que não tenha apanhado nenhum policia pelo caminho... senão, de certeza que fez figuras como esta :)

1 comment:

Anonymous said...

Ines, gosto imenso do teu blog! :D Venho ca imensas vezes e sorrio sempre com as tuas aventuras...por favor nao pares de (nos) escrever.Beijinhos e felicidades, Susana (GABBA,expo ;))