9.30.2008

Noite de Núpcias

No dia do casamento, já bem 'a noite (aliás, já era Domingo, uma vez que a meio-noite já se tinha ido há 2 horas atrás) a minha mana Eduarda, cunhado, tia Tai-Tai e tio Duarte vieram até nós para nos anunciarem mais uma surpresa... como se todas as que se verificaram naquele dia não fossem já muitas e mais que suficientes!

Eu sabia que eles nos iriam mandar naquela noite para qualquer lugar, mas não fazia a mínima ideia para onde. O David estava convencidíssimo que íamos passar a noite de núpcias na casa da minha irmã. Todos mantivemos essa versão até 'a última e ele não desconfiava de nada. O rapazito contenta-se com pouco, heheheh.

Ora, os nossos queridos familiares e padrinhos revelaram-nos onde iria ser passada não só aquela noite como também a seguinte. Tinham-nos reservado uma suite no Sesimbra Hotel SPA, um hotel "sei lá!", chiequééééééééééérrrriiiimo, com uma vista linda, virado para o mar, e teríamos o previlégio de lá ficar até 2a feira de manhã, uma vez que um só dia não daria para aproveitarmos todas as mordomias, nomeadamente a piscina que quase se funde com o horizonte azul do mar de Sesimbra e a SPA, onde nos regalámos no jacuzzi, sauna, banho turco, duche tropical, duche suiço, sala de relaxamento e sei lá que mais, os chinelitos no quarto, o roupão turco (daqueles mesmo grossos...), you name it!

Embora já extremamente cansado, os olhinhos do David até brilharam de felicidade e de espanto ao receber a notícia:

- Quê?? Naquele hotel onde fizemos a massagem no dia antes do casamento (este episódio fica para ser contado mais tarde). Amooooooorrrr!!! Qu'espectáculo!!!!

Eu também fiquei toda feliz e, após nos termos despedido dos últimos convidados, termos agradecido aos srs. da quinta a qualidade do serviço e toda amabilidade, após nos termos despedido dos fotógrafos e agradecido o extraordinário serviço e boa disposição, após nos despedirmos dos músicos e agradecido a excelente banda sonora para tal dia e após termos ajudado os nosso pais a pôr toda a comida que sobrou nos carros, finalmente dirigimo-nos para o veículo que nos iria levar para o hotel.

Aqui abre-se espaço para fazer referência a um Amigo muito, mas muito especial, o Alfredo. Fomos da mesma turma no 9º ano, portanto, conhecemo-nos há já 16 anos. E a nossa amizade tem sido daquelas coisas fantásticas que não param de crescer e que, curiosamente, se tem solidificado ainda mais agora que estou longe. Sei que posso contar com o Alfredo para tudo e que tenho ali um Amigo que nunca me vai falhar nem medir esforços para me ajudar, seja no que fôr. Por isso, foi a ele que me dirigi quando, semanas antes de irmos para Portugal, percebemos que seria imprescindível termos um carro para nos deslocarmos, uma vez que o dos meus pais iria estar ocupado a tempo inteiro com as passeatas que eles fizeram com os pais e irmã do David.

Como para além de muito Amigo o Alfredo é também das pessoas com mais "connections" que conheço, de certeza que arranjaria maneira de nos solucionar o problema, para não termos que recorrer a agências e gastar imenso dinheiro com o aluguer de um carro para as férias. Dito e feito, nem foi preciso fazer a mínima prospecção. Após 5 segundos do meu pedido, o Alfredo pôs logo 'a disposição o carro dele.

Tratou das coisas por forma a que não tivessemos que nos incomodar com nada que dissesse respeito 'a viatura. Assim, na manhã do casamento, foi com outro amigo nosso deixar o carro lá na Quinta, para que 'a noite já tivéssemos como nos deslocar. Como se isso já não bastasse, quando chegámos ao carro este estava limpíssimo (até cheirava a novo), atestado, com o óleo e os pneus verificadíssimos.
Digam lá que não temos Amigos que são pedras raras???

Seguimos para o Hotel. A situação era cómica: o David, vestido de noivo, com a gravata um pouco desapertada e o colarinho aberto, seguia no banco do lado, estafado (o coitado, para além de levar com todo o cansaço que involve o dia do casamento, ainda estava a lutar com o jet-lag, pois só chegou na 5a feira, 2 dias antes do Grande dia). Eu, já meio descabelada e com a pintura desbotada, ia a conduzir, enfiada numa nuvem de seda e de saiote (que aliás, já estava meio rasgadote pois nas sessão de fotografias pisei-o e... pimba. Rasgão!), com as pernocas 'a mostra e pés descalços... como qualquer noiva que se preze, ao fim da noite já me soube muito bem tirar os pés das sandálias que, mesmo sendo mais baixas que os sapatos usados na igreja, já denunciavam a sua presença.

A estrada não tinha quase ninguém e em menos de nada já estávamos a estacionar na garagem do hotel e a tirar as malas. Bem, malas não é bem a palavra certa. Eu diria as mochilas, o que contrastou de forma cómica com as nossas indumentárias. Eram o noivo e a noiva, ainda com o vestido, de design (Jesus Peiró, para quem quiser saber), a arrastar no chão, de mochila 'as costas. Muito bonito.

Chegados 'a recepção, muito embora fossem já quase 3 da manhã, o Recepcionista recebeu-nos desperto e simpático:

- Muito boa noite - disse com um 'a vontade que denotava estar 'a nossa espera - Então muitos Parabéns!

Sem sequer termos tempo de anunciar o nome da reserva, disse prontamente:

- A suite 908 está 'a vossa espera. O pequeno-almoço será servido no quarto, se assim desejarem.

Passou-nos a chave para a mão e lá seguimos todos contentes para o quarto. Pese embora o cansaço fosse muito, não deixámos de admirar os pormenores que se desenrolavam 'a nossa frente, uma vez que a decoração do hotel está extremamente bem conseguida.
Estávamos maaaravilhados!

Quando já estávamos 'a porta do quarto o David pôs tudo no chão, abriu-a e disse-me:

- Espera aí!

Rapidamente, enfiou todas as nossas malas lá dentro, já exclamando "Uau!!!! Amor, espera só pr'ocê ver o resto!!" em resposta 'as minhas primeiras impressões, feitas ali mesmo da porta:

- Ena, que coisa chique!!! - dizia eu.

Depois, já de mãos vazias, veio até mim:

- A noiva tem que entrar nos braços do noivo - disse escancarando um sorriso e oferecendo-me os braços.

Risonha e cúmplica, sentei-me no assento oferecido, agarrei-me ao pescoço dele, e lá entrámos nós. (Confesso que não consegui deixar de ter algum receio... não fosse o David fazer como o meu pai que, ao entrar com a minha mãe, entrou 'a bombeiro, de frente, e lhe esmurrou os joelhos, hehehe!)

Correu tudo bem!

As luzes estavam na intensidade ideal, criando uma atmosfera intimista. Na sala, esperavam-nos o Espumante no gelo e as frutas. No quarto, a cama king size seduzia-nos.
Com calma, sentámo-nos no sofá da sala. Ergueu o braço, convidando-me para o seu conforto... e eu meti-me debaixo dele, ficando ali, abraçada.

Ficámos em silêncio, como que a saborear toda a Beleza, como que com receio de interferir com toda aquela perfeição. Só se ouvia o mar, logo ali aos nossos pés, a bater placidamente... foi bom.

Acariciou-me o cabelo por uns minutos e depois, calmamente, como se de um ritual se tratasse, o David começou a tirar-me todos os ganjos, com muito carinho. Tirou tambéma fita. Aos poucos, as mechas desgrenhadas cairam-me pelos ombros... mesmo assim, despenteada e com a pintura esborratada, sussurrou-me:

- Es tão linda!

Desapertei-lhe os botões do colete, um por um. Fiz deslizar a gravata pelo nó, devagar, até esta escorregar do colarinho. Tirei-lhe o camiseiro, o cinto, as calças, as meias. Ofereci-lhe as costas, para que me desapertasse o vestido. Agora enjelhada e suja, a seda caiu no chão e os grãos de arroz alojados nos lugares mais reconditos tamborilaram sobre o tampo da mesinha ali perto... rimos! Tirou-me a liga:

- P'ra que é que é isto?
- Para nada! Faz parte da tradição.

Atirou-a para trás das costas. Rimos de novo. E desenrolou-me a meia de perna direita. Depois a meia da perna esquerda. Tomou-me os pés entre as mãos e massajou-os:

- Estamos cansados, hein?
- Sim - respondi já a sucumbir ao peso das pálpebras e a deliciar-me com a massagem.

Resisti.

- Vou tomar banho... fica aqui, descansa que eu depois chamo-te.

Prostrou-se e ficou a ouvir o som do chuveiro, misturado com o do mar... e com o silêncio daquele ambiente.

(Abro parêntesis para dizer que, como manda a tradição, o saco de toillete da noiva não foi nada bem preparado - isto porque já aconteceu o mesmo com algumas amigas minhas. Naquela manhã tinha pedido 'a minha mãe que me pusesse o amaciador no saco, uma vez que já estava a ser fotografada e não podia ir lá. Não sei como, desencantou um gel não sei onde e vai de o meter lá para dentro. Já estão mesmo a ver o pânico que foi quando percebi que não ia ter amaciador para tirar toda aquela laca e riças do cabelo.
Ainda para mais, o Hotel só tinha shampoo. Bem, com muuuuuita paciência, tentei separar o cabelo enquanto o lavava, mas ainda não tinha percebido que o meu pesadelo não tinha começado. Saída do banho, o que é que eu descrubro? que a minha mami também não pôs a escova do cabelo no saco. Resta-me dizer que andei aqueles dois dias com um cabelo muito wild, uma vez que o hotel também não tinha nenhum pentinho reles de plastico para me salvar. Mami, fica daquelas coisas para recordar e rir!)

Já enrolada no roupão, fofinho e branco, com os pés metidos nos que me pareceram ser os chinelos mais confortáveis do mundo, chamei-o:

- Podes ir.

Deitei-me na cama e fiquei 'a espera.

Ouvi o mar... ouvi.... mar... cochilei um poquinho... sonho?.... senti a carícia no meu rosto. O David já ali estava. Veio para junto de mim, abracámo-nos e ali, juntinhos, parecíamos uma ilha na imensidão de cama que nos rodeava.

Vários foram aqueles que no casamento nos disseram, em jeito de "estraga-prazeres":

- Noite de núcias?!? Sim, sim... quando lá chegarem só querem é dormir. Essa coisa de sexo na noite de núpcias é um mito!

Liliana, Rui, Cristina, Marco e todos aqueles de que me estiver a esquecer, fica aqui o anúncio:

- Não é mito, de todo! ;)

Aquele noite e todos os minutos que passámos naquele hotel foram extraordinários.
Foi mesmo muito, muito, muito bom! Podem ver as fotos aqui:



Depois deste 2 dias, seguimos para uma mini lua-de-mel... mas depois conto mais!

3 comments:

Fred said...

bem... com tantos elogios nem sei se o teclado vai voltar a funcionar (da baba que caiu...) =P

Se mais pessoas sentissem o prazer que eu sinti(o) em ajudar os amigos com estas pequenas coisas com certeza o mundo seria a better place =D

beijos e mtas felicidades para os dois ;)

Fred

Jerusa said...

Muitas coisinhas tens tu para contar!!! Que bom, assim divirto-me a ler.

Bjinhos

Je

Ana Nascimento said...

lol! adorei a foto de roupão e chinelitos! :)