7.22.2014

Socorro!!



Temo pela minha sanidade mental.
A Elis não quer outra coisa que não isto!
A cada 1:19, lá recomeça a música infernal. Ainda por cima, a cachopa não vai aprender nada de bom com isto:

"todos os patinhos sabem bem nadar, cabeça para baixo, rabinho para o ar"!

Isso é saber bem nadar?
Certinho direitinho que em menos de 5 minutos estão todos a patinar se continuam a nadar assim. Isso é que é!

Ainda tentei encontrar outra versão da musiqueta, mas quando a meio começou a dizer:

"os pijamas vão vestir e os dentes vão lavar"

Dentes?!?! Os patos?!?
Desisti... acho que também temo pela sanidade mental da Elis.

Ser mãe é...

Ter a secção de "Recently Watched" do Netflix populada de bonecada!

Trés Chic


- Diz Adeus filhota! Adeeeeus!!!
- 'Adû!

A Elis é tão chique.
Até já fala Francês :)

6.29.2014

Ser mãe (solteira e sem família por perto) é...

- passar a fazer jogging com um carrinho de bebé e o seu respectivo ocupante
- ter poucas ou nenhumas fotografias com o rebento
- ansiar por aquele momento bem ao fim do dia (depois do trabalho, buscar o rebento ao infantário, compras, jogging, brincar, fazer jantar, dar de comer e banho ao rebento, ler uma história, deitar o rebento, tratar das roupas, da casa, das refeições para o dia seguinte, do meu banho, do meu jantar), em que se espera que seja para ver um filme ou ler um livro para, afinal, ser para adormecer nos primeiros 5 minutos seja de que actividade fôr
- não tomar banho ou ir 'a casa de banho sozinha
- não conseguir dormir só mais um pouquinho aos fins de semana e passar a dormir a sesta, quando o rebento está a dormir, para recuperar um bocadinho
- chegar ao Domingo 'a noite, após 48h seguidas de rebento, feliz por amanhã ser 2a feira e o infantário estar aberto
- questionar se fins de semana prolongados são desejáveis ou não

Ser mãe é...

- ter o joelho sujo, de o pousar no chão para ficar ao nível do nosso rebento
- aquela música que não nos sai da cabeça passar a ser uma música infantil

6.13.2014

Devagar, devagarinho!



Bem que eu estava bem intencionada e cheia de vontade de começar a postar com regularidade, para compensar os quase 2 anos de silêncio mas o certo é que, o tempo escasseia, o cansaço impera e a coisa está mais lenta do que eu desejava.

No entanto, a vontade mantém-se pelo que, quem foi paciente e esperou até aqui, concerteza consegue levar isto a passo de caracol :)

Cocó!


O dia em que percebi que estava na hora de voltar ao blog foi, literalmente, um dia de merda.

A Elis, agora com 21 meses e uma pequena diabinha da Tasmânia, passou a dormir com o berço convertido em cama (ou seja, com um dos lados abertos, para que possa entrar e sair por ela própria) há coisa de mês e meio, lá por meados de Abril.

Nessa noite, depois do banho e contrariamente ao que é normal, foi para a cama de fralda e blusa. Recusou-se veementemente a vestir os calções e, porque estava calor e eu não estava com energia para andar a correr atrás dela ou para a contrariar, acedi ao capricho e lá foi ela para a cama de pernocas ao léu. Se eu soubesse o que dali vinha, bem que teria valido mais a pena fazer o esforço para a vestir naquela altura, do que gastar energia, tempo e paciência no dia seguinte... mas uma pessoa nunca consegue prever o que passa na cabecinha desta criancinha!

Pus o despertador para as 6:00, para que pudesse tomar o meu banho tranquilamente, antes da Elis acordar. Já a secar-me, percebi que a Elis já estava acordada no quarto ao lado, pelo tanto de palrar e tagarelar que dali vinha. Não resisti e, ainda nua, fui até ao quarto vê-la. É sempre tão bom beijar a nossa cria pela manhã, sentir aquele cheiro a sozinho quente e sorrir do olhar estremunhado e sorriso tonto com que nos presenteiam!!

Esta é a perspectiva romântica da coisa. Naquele dia, já estão mesmo a ver que não foi esse o caso. Abri a porta e a Elis já me esperava em pé. Baixei-me para a abraçar. Na penumbra do quarto percebi que algo estava diferente, mas não entendi imediatamente o quê. Mais próxima da Elis, exclamei:
- que tens no cabelo filhota?!

E enquanto terminava de pronunciar estas palavras, senti o cheiro e soube de imediato qual era a resposta 'a minha pergunta.

Cocó!! A Elis tinha cocó no cabelo, no pijama, nas mãos, no cebolinho preferido. Cocó em todo o lado. Dado que o acesso 'a fralda estava logo ali, 'a mão de semear, pese embora não a tenha tirado, entreteve-se a enfiar a mão por onde pode e a sacar o que por lá encontrou. Azar dos azares, estava num dia de produção em alta.

Confesso que, depois de uma banhoca e de estar toda limpinha, já para não falar que o dia estava apenas a começar, isto era tudo o que eu não precisava. Mas, uma pessoa aprende a rir destas coisas, pois os pequenotes são exímios a terem ideias brilhantes como esta. Claro está que aprendi uma lição e, esteja que calor estiver e esteja eu cansada até aos píncaros, nunca mais a Elis dormiu sem calções ou calças.

Quem ganhou com isto tudo? Quem lê o blog.. se é que ainda há alguém :)

6.03.2014

Sacudir o pó e as teias de aranha



Ao fim de quase dois anos, eis que me parece que, finalmente, o Blog poderá voltar 'a vida. Tal como, naturalmente, se esvaiu e andou desaparecido, naturalmente também me reapareceu a vontade de escrever e de contar. Vamos ver por quanto tempo dura :)

1.20.2013

A Papisa



Ou como fazer da vulgar fralda e disco de amamentação uma bela fatiota.
O que eu me ri com a carita da Êlis :)

1.15.2013

Ser mãe é (a amamentar) é...

... sempre que fazemos festinhas a um cão, este cheirar-nos as mamas.

12.07.2012

Grão-de-bico

Momentos mágicos 1



O meu maior Amor tem neste momento 62cm. Cresce incomensuravelmente pela minha grão-de-bico. E sei que, mesmo quando os limites físicos lhe determinarem a altura e o tamanho, esse Amor nunca encontrará limites.

'A noite, repete-se a rotina, rotina essa que, a cada dia que passa, se revela sempre nova e única, deitando por terra a própria definição de rotina.

A seguir ao banho, durante o qual brincamos, palramos e cantamos ao som da água, segue-se o secar, o pôr creme, o pôr a fralda, o vestir, o palrar um pouco mais, o pegar-lhe e encostá-la ao meu peito, sentindo-lhe o aroma de banho fresco e roupinha lavada. Tudo interrompido por beijos aqui e ali. E mais um beijo e mais um daqueles sorrisos rasgados que me fazem querer cobri-la de ainda mais beijos.

Depois, aconchego-a no meu colo e dou-lhe de mamar, num ritual em que o olhar que trocamos nos une e transmite o quão apaixonadas estamos uma pela outra. Perco-me na profunda inocência dos seus olhos amendoados, fixos em mim, como se nada mais existisse no mundo. E sei que, naquele momento, também o meu olhar adquire uma inocência e ingenuidade de outros tempos.

Quando já meio adormecida, deposito-a no berço, com um cuidado e carinho desmesurados. Cubro-a, ponho-lhe a "naninha" junto ao rosto e faço-lhe uma festa. Beijo-a e fico ali, parada, a olhar para ela. A olhá-la enquanto dorme. Tão serena!

Finalmente, algum tempo para mim. Mas, depois, quase que anseio pelo mínimo gemido ou estremunhar para lá ir vê-la. E, passado um tempo com ela a dormir, sinto saudade e vou ao quarto amiúde, só para a ver e, mais uma vez, ficar ali, parada a olha para ela. A olhá-la enquanto dorme. Tão serena!

Debruço-me sobre o berço e cheiro-a. De novo, aquele aroma a banho fresco e roupinha lavada, agora misturado com o cheiro morno e doce do sono.

Um dos meus maiores prazeres tem 62cm... e é tão grande!

10.22.2012

Ser Mãe é...


Estar sempre com as mamas de fora.

10.21.2012

Compondo com Linhas e Agulhas



A minha tia Tai-Tai é uma mão cheia de talento para coisas de agulhas e linhas. Veja-se o belo casaquinho amarelo com que presenteou a nossa cria :)

 Se quiserem miminhos destes, é só ir a este Blog e encomendar. Qualidade e rapidez são garantidas... e umas prendas de Natal bem giras também!

9.08.2012

Mãe Babada



A-DO-RO quando paro numa passadeira, 'a espera do sinal verde, e os que aguardam comigo comentam, olhando embevecidos para o carrinho de bebé que transporto:

- ohhhh, que linda!!
- ohhhh, so cute!!
- ohhhh, que adorável!!
- ohhhh, que pedaço delicioso de gente!!

Tenho a dizer que há muita gente sensata e inteligente por estas bandas :)

Ironias da (pós) Gravidez


Quando, ao fim de vários meses, se julga que, finalmente, se vai dormir de barriga para baixo, tal está longe de ser verdade, sob ameaça de explosão de proporções atómicas dos úberes que carrego.

9.03.2012

Ser Mãe é....



Ser Mãe é descobrir um Amor que dói.

8.24.2012

1 semana de Maria Elis


Hoje faz 7 dias. Há uma semana, a esta hora, preparavamos-nos para conhecer a nossa cria: a Maria Elis (Ê-lísh).

Foi um dia memorável, que ficará para sempre embutido nas nossas recordações e emoções.

 Foi assim que a saga do parto começou: Na 5a feira fui 'a consulta das 40 semanas, sendo que já tinham passado 2 dias sobre a data estimada para o nascimento da nossa frutinha tropical. Pelos vistos, se passarem mais de 6 dias, já não se pode parir no centro de nascimentos. E, pese embora eu estivesse já com os 2 cm de dilatação e com cérvix agora a 50% de adelgaçamento, se a bebé não saísse até 2a feira, então lá se iam por água abaixo todos os esforços para conseguir um parto o mais natural possível. Quem me tem seguido por aqui, sabe das trampolinices por que passámos até conseguirmos um lugar no centro de nascimentos.

Para evitar sermos excluídos, a parteira recomendou-me um acupunturista/reflexologista, que me poderia ajudar, de forma mais natural, a iniciar o parto. Ainda no gabinete, liguei para o Chinoca e, em 2:30h já estava no estaminé dele, com agulhinhas espetadas nas costas, pernas, mãos e dedos dos pés, seguido de estimulação dos mesmos pontos, mas desta vez com uma Chinesita a dar-me forte e feio com as suas massagens.

Certinho, direitinho... 'as 23h, enquanto víamos um filme, comecei a sentir o que me pareceram ser contracções. Discretamente, sempre que um contracção começava, levantava-me e ia ver que horas eram, para perceber qual o intervalo entre elas e a duração das mesmas. Estas duravam cerca de 30s a 45s, espaçadas de 20 minutos. Tal como aprendemos nas aulas pré-parto, o parto estava a começar. Uma vez que se mantinham consistentes, antes de todos nos deitarmos (a Elis esperou pela chegada dos vovós no dia 8 e a casa estava cheia para a sua chegada) já ficou toda a gente de sobreaviso. Amanhã, 6a feira, seria o grande dia.

Consegui dormir da meia-noite 'as 4 da manhã. Mas, a partir daí, as contracções já começavam a incomodar e não dormi mais. Ora ia 'a casa de banho, ora caminhava, ora me sentava sobre a bola de pilates, ora me deitava (e aí a coisa piava mais fino)... mas nada aliviava o desconforto. Telefonei 'a parteira perto das 8h. Ironia das ironias, foi justamente quando estava ao telefone com ela que as contracções me deram para vomitar. Então a coitada, durante um tempo só me ouvia a deitar a carga ao mar ou então a gemer e a interromper a conversa, porque lá vinha uma contracção. Ossos do ofício.

Sugeriu-me 30 minutos num banho de imersão, que ajudaram muito, e pediu que ligasse daí a 2 horas, quando, provavelmente as contracções iam durar 1 minuto, com intervalos de 5 minutos. As contracções bem aumentaram de intensidade e duração, mas o tempo entre elas, continuava nos 8-7 minutos. E a parteira a julgar que eu não estava a progredir. Fiquei nisto até 'as 13h, altura em que me disse para ir para o hospital, para me examinar, uma vez que já estava com contracções há mais de 12 horas.

Lá fomos nós: táxi (eu bem queria ter andado para lá mas, nesta altura, já não dava), uma contracção desgraçada enquanto o motorista acelerava pelas ruas de NY, mais um vomitanço (já prevenidos, levámos o saquito de plástico), e eis que chegámos ao hospital. Uma vez lá, 12º andar e triagem, para depois passar, se tudo estivesse bem, para o centro de nascimentos, no andar de baixo.

Ao ver-me lá, sentadinha na cadeira, a sorrir e a falar com o David, só interrompida por contracções que me faziam arfar para controlar a sensação (e, vá, pronto, mais um vomitanço), a parteira disse logo: deves estar com 4cm de dilatação. Se estivesses mais e em parto activo, de certeza que não te conseguias rir ou sentar aqui 'a espera.

C'um caneco, pensei eu, não me digas que agora é o meu cérvix que me vai sabotar e que me vai fazer parir aqui em vez de no centro?! Mas eu própria também já me começava a sabotar, pois pensava: se com 4cm dói isto, não quero imaginar como será aos 9cm e aos 10cm. Será que consigo?? Não estava a morrer, mas imaginar algo com uma magnitude de quase o triplo, não me animava muito.

Passadas 2 horas 'a espera (sim, 2h, porque também não havia pessoal suficiente no centro de nascimentos e não me podiam levar para um quarto sem haver uma enfermeira designada, para além da parteira... tudo a ajudar), eis que a parteira nos chama e nos dá a boa nova: boas notícias!! Vamos para o centro de nascimentos! Já temos enfermeira! Agora, só tens que estar com, pelo menos, 4cm de dilatação... caso contrário, já estás em trabalho de parto há mais de 12h, sem progressão... e terás que vir aqui para cima. E eu, cá para os meus botões, vai cérvix, dá-lhe, dá-lhe... dilata pah!! Eu realmente, tirando os momentos em que tinha que controlar a contracção, estava fina.


15:30h - Chegados ao quarto, eis que a parteira finalmente me examina. Ela não queria acreditar e só dizia: não é possível!! não é possível!! Ela está com 9cm de dilatação (ou seja, só faltava mais 1cm)!! E conseguiste estar lá em cima, a falar, a sorrir, sentada 'a espera 2 horas?! Incrível!! (devo dizer que esta é a 2a vez que deixo um técnico de saúde banzado. Já uma outra vez, com 12 anos, fui ao hospital porque julgava ter o braço partido. Ou antes, o meu pai insistiu que fôssemos, pois a minha mãe também não se queria crer que pudesse estar partido. Ao ver-me, tão caladinha, sem chorar e só a dizer "dói", disse logo que não podia estar partido. E estava mesmo. Voltando ao parto...). Como dizia o outro (mais ou menos): a dor a mim é uma coisa que não me assiste, hehehe. E eu, delirei com os 9cm de dilatação... e acho que foi aí que esbocei o único sorriso da sessão de parto, pois a partir daí, 'a medida que a coisa progredia, só me tentava concentrar, respirar, gerir a sensação.

Porque não conseguia manter nada no estômago, marchou um litro de soro intravenoso, que me deu energia para levar a coisa até ao fim. O jacuzzi também ajudou muito, pois a água quente e a ausência de gravidade aliviaram a pressão das contracções. E, claro, o apoio do David, que esteve lá, sempre de ânimo em cima, a encorajar-me e a apoiar-me. Inteligente, percebeu que por vezes o melhor era mesmo deixar-me sossegada, a concentrar-me no que quer que estava a sentir. Quando percebia que eu "voltava", dava-me pedacinhos de gelo 'a boca, que me sabiam pela vida.

A parteira previu que, uma vez que eu afinal estava a progredir tão bem, lá pela hora de jantar o bebé estaria cá fora... ao fim de 1h no jacuzzi, já eu sentia vontade de fazer força (lá pelas 17h). Mais uma vez, a parteira não queria acreditar (de certeza que ainda não tinha conhecido uma mulher do norte, carago :)). Apressaram-se a tirar-me do jacuzzi e a passar-me para a cama, porque, afinal, o bebé ia estar cá para fora bem mais rápido do que anteciparam e aquela banheira não é própria para partos dentro de água.

Esta transição foi difícil, pois as contracções já me impediam de andar e vinham bastante seguidas, e todo o meu corpo tremia que nem varas verdes. Contudo, experientes, a enfermeira e a parteira lá me conseguiram levar para a cama e pôr-me sobre uma cunha, de cócoras, com os pés sobre o colchão. Porque até aqui as águas ainda não tinham rebentado (o que foi óptimo, pois assim o pressionar do cérvix estava a ser absorvido pelo líquido amniótico), durante uma das contracções puseram-me deitada de lado e disseram-me para resistir ao desejo de fazer força. Só respirar. Caramba, aquela posição era horrível para uma contracção daquele calibre. E só respirar... difícil. Mas, funcionou: as águas rebentaram, saiu um esguicho de água quente e eis que senti o bebé no canal vaginal.

De volta 'a cunha, desta vez sentada no colchão porque já não conseguia fazer muito mais, eis as instruções que me indicaram que o fim estava próximo: segura as suas pernas por baixo do joelho, cotovelos fora da cama. David, segure essa perna, eu seguro esta, dizia a parteira. Quando a contracção começar, vai fazer força. Não fala, não faz sons, só empurra, empurra, empurra... o seu bebé vai sair, está quase a conhecê-lo/a!! Eu bem tentei fazer isso, mas quando o empurrar me fazia sentir um ardor e um queimar indescritível (o que eles por aqui chamam de "ring of fire", nome digno de uma saga do sr. dos anéis), eu não conseguia mais suster a respiração e empurrar e aí, berrava a bom berrar.

Coitadinhos dos meus pais. Na sala ao lado, 'a espera, a ouvirem tudo pela parede que nos separava, agonizaram a todas as tentativas de pôr o bebé cá para fora. A eles pareceu-lhes uma eternidade mas, pelos vistos, foram só 5 puxões (o que mais uma vez banzou a parteira, heheh).

A cada "push push", a sensação que me dava era de que, pese embora a pressão e o ardor, nada acontecia. Não sentia uma cabeça a passar, uns ombros, nada. E a parteira, a enfermeira, o David a dizerem-me, está quase, está quase, mas não me diziam o que era o quase. E eu convencida de que, pese embora o meu esforço hercúleo, do bebé ainda não se via nada. E foi aí que dei de caras com a tal "parede" que se descreve numa maratona: é aquele momento em que o desespero é tanto que pensamos em desistir, mas desistir também já não é uma opção. E aí, temos que nos entregar ao que estamos a sentir, baixar as defesas e deixar que o momento impere... e fiz muita, muita força, ignorando a dor, o ardor, o queimar, o desconforto... tudo. E, passada a contracção, estava ensopada em suor, escorria-me por todos os poros.

Ainda sem perceber qualquer manifestação de quem me rodeava que me indicasse em que estado estava a saída do bebé (o que mais me convenceu que ia ficar entre a espada e a parede por muito tempo) dei por mim a dizer o impensável: "não consigo! não consigo!". Afinal, tinha acabado de dar tudo de mim. E nada? Fui acordada das minhas conjecturas pela parteira. Disse-me "abra os olhos, olhe para aqui, debruce-se!"... e eu continuava "não consigo! não consigo!". E ela insistiu: "consegue sim, olhe, debruce-se".

E olhei e nem queria acreditar no que vi. Ali, 'á minha frente, aquele pedaço de nós que mimei e nutri por 9 meses, estava já com a cabecinha e os ombros de fora. "Tire o seu bebé, pegue nele!!" E, de repente, já era capaz de tudo, já tinha forças, já me mexia qual atleta e, num ápice, peguei-lhe por baixo dos bracinhos e trouxe-o para cima de mim.

A emoção é indescritível!! Aquele corpinho, tão delicioso, em cima do meu. Tão quentinho. Aqueles olhinhos a olharem-me. A procura imediata do peito, com aquela boquinha aberta, após o choro que anuncia a vida. Eu só chorava e abraçava aquele pedaço de nós: oh bebé! oh bebé!!... e não conseguia dizer mais nada. Olhei para o David e vi nos olhos dele a mesma emoção.

Foi tão lindo, tão lindo que é impossível descrever!

Já mo tinham descrito muitas vezes, mas nada consegue alcançar a dimensão daquele momento. Desapareceu tudo, já não sentia qualquer desconforto ou sequer me lembrava daqueles 5 puxões, das contracções... estava tudo para trás. O David, igualmente, viajava comigo nesta dimensão. Só passados uns segundos é que perguntei: é menino ou menina? 'mor, diz-me, quero saber por ti. Como se chama o nosso bebé? Com a emoção, ninguém se tinha lembrado de verificar o sexo da criança. Orgulhoso, o David disse-me: é a Elis!! :)

Assim, a nossa frutinha tropical nasceu com 3,45 Kg e com 53 cm de comprimento. Nasceu 'as 17:27 do dia 17 de Agosto de 2012. É muito saudável, passou todos os testes com distinção e saiu muito rosadinha e limpinha, nem parecendo uma recém-nascida.

Mama bem, dorme bastante e já tem o organismo todo a funcionar (viva as fraldas com cocó e xixi e os peidinhos, aqui e ali, que é para rimar). Chora pouco, mas quando o faz, fá-lo assertivamente.

Eu, pelos visto, virei a estrela do dia com a minha performance, que foi mais que fantástica e rápida. A parteira abraçou-me e disse que eu era a heroína dela naquele dia. A enfermeira que nos assistiu só dizia que os internos, no hospital, deviam assistir a partos como o nosso para perceberem que as induções, cesarianas e intervenções podem ser evitadas e que um parto é algo natural e para o qual estamos preparadas. Não tem que ser visto, necessariamente, como uma intervenção ou operação.

E, todas as enfermeiras, pediatras e técnicas que apareceram durante as 24h que lá estivemos, me deram os parabéns pelo parto magnífico e rápido que tive (para além de darem também os parabéns por a Elis ser uma perfeição). Fiz mesmo sensação. Cheira-me que isto é mesmo coisa das mulheres do norte! :)

Voltámos para casa no Sábado, dia 18, e estamos todos bem. Tirando o desconforto dos 3 pontos que levei (pelos visto, fiz lacerações que, numa escala de 1 a 3 correspondem a um
-1 e, portanto, mínimas e de rápida recuperação), nada me faria mudar de ideias sobre o parto da maneira que foi. Aliás, quando agora pego na Elis ao colo e fico embevecida a admirá-la e a lembrar o momento em que a pus em cima de mim, só penso que quero mais bebés e mais momentos assim. Ainda viro a Susaninha da Mafalda!

É uma experiência única e nunca me senti tão mulher, tão completa e tão feliz!

Feliz aniversário de 1 semana filhota e obrigada por seres o melhor presente que alguma vez recebemos.

8.20.2012

17 de Agosto, 2012


17 de Agosto, 2012. O dia mais inesquecível das nossas vidas!

8.16.2012

Espera

O/A petiz foi obediente e cooperou: esperou pela chegada dos avós. Agora, são eles (e todos 'a minha voltam), que desesperam com o tão típico "então, é hoje?".

 Confortável que está no Hotel Uterus, a nossa coisinha já ultrapassou a marca das 40 semanas na passada 2a feira. Hoje há consulta médica, para a qual não havia grandes certezas que eu conseguisse vir há uma semana. "Deve nascer" antes, dizia a parteira. Mas, o que é certo, é que ainda aqui estou com a minha tão adorada barriga e os menos desejados tarolos, vulgo pés inchados. 

Vamos lá a ver se a criança não me estraga os planos de um parto natural ao obrigar 'a indução, caso se recuse a sair até 'as 42 semanas. Se sair 'a mãe (que ficou 22 dias a mais nesse tal hotel), só vai sair mesmo 'a última (sem indução), mediante ultimatum médico :)