
Se leram esta entrada, sabem que na 3a feira devo ter feito uma "cirurgia" que, supostamente, poria fim ao sofrimento do meu polegar. Errado, 3a feira passou, mas o dedo continuou na mesma.
Vermelho e inchado, como podem ver na foto, não foi razão suficiente para convencer a cirurgiã de serviço a lancetá-lo. Eu bem queria mas a fulana, como mãos não era a especialidade dela, desculpou-se dizendo que não via bem o alvo da possível incisão e que, quiçá, a coisa poderia passar com o tempo (minha, já ando assim há mais de uma semana e não há maneira de esta coisa passar! pensei eu). Assim, mandou-me para casa e sugeriu que marcasse consulta com o cirurgião de mãos (que está de férias e só vem daqui a 2 semanas).
Bonito!
Quando cheguei ao lab, o médico que trabalha connosco e que estava disposto a ajudar-me, não fosse a falta de anestesia, ficou atónito com a decisão da médica.
- Não vê o alvo? Mas a gaja está pitosga!
- Pois - lamentava-me eu, olhando desanimada para o inchaço que, julguei, poderia ter desaparecido nesse mesmo dia.
- Bem - continuou ele - hoje tenho turno no hospital, vou ver se arranjo a Lindocaína. Se ficares com o dedo assim, quando o cirurgião de mãos chegar, em vez de ter que fazer só um corte, provavelmente vai ter que te tirar parte da unha.
Perante tal cenário disse-lhe logo: meu, trás a faca e o alguidar que a gente trata disto quanto antes.
No dia seguinte, logo de manhã, apareceu F. sorridente, com o frasquito de Lindocaína.
- Então, estás pronta?
- 'bora!
- J. queres vir connosco? (J. e' um estudante de medicina que também está no lab) - assim fazes de assistente e ainda aprendes algo que mais tarde terás que fazer com alguma frequência.
- 'bora lá!
Assim, lá foram os 3 estarolas do Schier lab para a sala do Confocal, que 'aquela hora está geralmente vazia e reunía as condições necessárias: privacidade, luz e espaço para a operação.
Sobre o tabuleiro improvisado (previamente desinfectado com álcool) encontravam-se a agulha, seringa, gazes, estilete, anestesia e sei lá que mais necessário. Após preparada a zona de trabalho, começou o espectáculo.
Tive direito a ver da primeira fila tudo a desenrolar-se, enquanto F. explicava cada passinho para que, tanto eu como o J., percebessemos o que se ia passando.
Anestesia aplicada e a surtir efeito, seguiu-se um primeiro corte. Notem, a palavra chave aqui é "primeiro". Contrariamente 'as expectativas, não jorrou um mar de pus e sangue assim que a incisão foi feita. Ao que parece, a infecção é mais profunda do que F. inicialmente tinha pensado.
Eu até gosto destas coisas e não sou nada impressionável, pelo que me estava a divertir com a experiência e a aprendizagem (fiquei a saber que, no caso de dígitos, não se pode aplicar como anestesia Lindocaína e Epinefrina combinadas, este último um vaso-costrictor, porque os dedos podem ficar sem circulação. A desvantagem de não usar Epinefrina e' que, porque os vasos não são contraídos, sai muito mais sangue).
Após explicar ao J. que teria que fazer um segundo golpe e que a esta hora, se estivesse na Medical School, já não levaria um A, nem um B, mas sim um C pelo procedimento, F. apontou o estilete de novo ao polegar. O dedo estava dormente e estava pelo que, por mim, siga para Bingo!
(Nota: neste instante, entrou o Chinezito do nosso laboratório com uma série de caixas de petri e embriões, para ver ao microscópio. Deparando-se com o espectáculo e olhando com mais atenção para o segundo corte que agora se desferia, ficou mais amarelo que o costume e decidiu olhar para os embriões mais tarde.)
Mais um corte, mais um tanto de sangue (aposto que a esta hora algumas das pessoas que estão a ler este relato também já estão a ficar como o Casaco... Amarelas, hehehe) mas pus, que era o que queríamos, nada.
O franzir da testa de F. confirmou-me que a coisa não estava mesmo nada a correr bem.
- Inês, lamento dizer mas a infecção deve estar por baixo da unha, razão pela qual não a consigo atingir com estes golpes. Vou parar por aqui, porque já tens o polegar massacrado o suficiente, mas vou falar com o Chefe de Cirurgias do Hospital da Harvard para ver o que se deve fazer.
Mais uma vez, lá fiquei eu com o inchaço por resolver e, a juntar 'a festa, 2 bonitos golpes.
Hoje de manhã F. já veio ver como está a paciente e amanhã vou com ele até ao Big Boss ver qual deverá ser o passo seguinte.
Até lá.... não percam os próximos episódios porque nós, também não! :)
PS - Prometo avisar se entratanto o dedo cair.
4 comments:
Boa sorte!!!
Coragem! :-S (ate' me arrepio com essa historia)
que fixe!!! tb adoro essas coisas! gostava de ver a operação, se um dia for operada :D tou ansiosa por ler o resto da história :) (apesar de ler isto uma carrada de anos depois, até parece que está a acontecer agora! ehehe)
O meu está um pouco pior que o seu . Na minha mão esquerda o dedo do meio ( médio ) , está realmente pior que o seu não é exagero , eu puxei um pequena pelinha da lateral do meu dedo( eu roo unha ) , então puxei a pelinha meu dedo começou a latejar isso para mim era normal pq quando puxava uma pelinha ficava assim , até no dia seguinte começou a ficar inchado igual o seu , ficou exatamente igual o da foto , eu fiquei meia preocupada depois de meia semana com o dedo assim ele estourou e saiu bastante pus , ai eu fiquei mais aliviada pensando que tava melhor , mais não tava só tava piorando , depois que saiu todo o pus inchou mais e no lugar onde tava o pus fico vermelho eu creio que é sangue , não consigo encostar em nenhum lugar , apesar de eu ser uma menina a posição que deixo meu dedo para não latejar tanto é uma posição feia pois fica parecendo que estou mandando os outros tomar naquele lugar rs e isso me incomoda muito apesar das dores depois do banho , eu não fui em nenhum medico por conta do medo de fazerem " cirgurgia " , sim tenho medo pq tenho 12 anos rsrs ... Então mas depois de ler a sua história fiquei com mais medo , mais hoje mesmo vou falar para minha vó que é responsável por mim me levar no médico urgente e se ela não quiser e achar que é " frescura " minha , vou mostrar essa história para ela e sim to mais preocupada com meu dedo pois tem hora que a dor é insuportável :( . Bom eu agradeço por você ter escrito essa história e publicar por que me deixou mais preocupada com meu dedo e fazer minha cabeça para tratar desse " inchaço " , me ajudou muito mesmo . Obrigada :D ! Um grande abraço e um beijo - Grazielle , 12 anos .
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