6.20.2010
O (porquê) d'O Grito
Está explicado o quadro de Münch. O porquê de tamanho grito, tão angustiante e desesperado. Raios partam as vuvuzelas!!!! :P
6.17.2010
O Juiz Decide
Hoje foram as sessões de tribunal, de que vos falei aqui
Como esperado, e infelizmente, nenhum dos acusados se apresentou. Automaticamente, ganhei o caso mas isto trás-me mais trabalho do que propriamente o dinheirinho que me devem. Agora vai haver uma segunda audiência, para ver se eles aparecem, numa segunda oportunidade. Vamos ver o que acontece!
6.14.2010
Chocolate+Sal
6.10.2010
Uma Boa Ideia
Ora aqui está um excelente ideia:
http://www.publico.pt/Tecnologia/nokia-apresenta-carregador-a-pedais_1440567
Uma vez que ando sempre de bina, é comum passar o dia sem telemovel, porque me esqueci do carregador em casa e fiquei sem bateria. Quando ando de carro, posso fazê-lo no veículo e a coisa fica resolvida.
Com um carregador que funciona a cada pedalada, o problema ficava resolvido!
6.09.2010
A nova casinha (agora sim)
Como se devem lembrar daqui, mudámos de casa a meio de Janeiro.
Porque em Março íamos para o Brasil por um mês, achámos que não valia a pena gastarmos dinheiro a mobilar e decorar a casa de imediato e deixámos isso para quando voltássemos.
Dito e feito, nas semanas que se passaram após o nosso regresso fizemos algumas visitas ao IKEA e, depois de muitas horas a montar mobília e a pendurar quadros, eis que a casa está praticamente equipada. E' agora o nosso cantinho preferido! :)
Esta foi até hoje a minha maior obra do género. Digo minha porque, embora o David tenha ajudado, 90% da coisa foi feita por mim, uma vez que o coitado trabalha e toca tanto que não tinha tempo. Se ficasse 'a espera dele, ainda hoje tínhamos metade da mobília por montar e dentro de caixas e, sinceramente, até agradeço a tarefa ter ficado toda nas minhas mãos pois ADORO, repito, ADORO bricolagem. Eu sou o sonho de qualquer homem que não queria ser responsável por fazer as coisas lá em casa, hehehe.
Lá andei eu toda contente, de martelo e berbequim em riste, fita métrica, nível, pregos e parafusos, chaves de fendas, lápis atrás da orelha, como deve ser. Devo dizer que tenho a certeza certezinha, tão certo como eu me chamar Inês, que o meu pai teria ficado todo orgulhoso e com a lagrimita no olho se pudesse ter visto a filhota seguir as suas pegadas, uma vez que ele é um faz tudo e em nossa casa fez sempre trinta por uma linha.
O auge da minha alegria foi quando tive que fazer todas as ligações eléctricas, cortar fios, descarnar fios, juntá-los com fita isolante e instalar o "sound surround" na sala, tendo colunas junto ao sofá e no móvel (portanto, em 2 lados opostos da sala), todas elas ligadas e a "funceminar" sem se ver um único fiozinho no chão, nas paredes ou no móvel. Tudo feito impecavelmente, como me ensinou o meste Fatinito :)
Instalar o ar-condicionado no quarto também foi uma pequena aventura, pois não havia maneira de eu perceber como é que se tirava a rede da janela, para lá pôr o aparelho. Ainda bem que fui bater 'a porta do senhor que mantém o prédio, pois assim que referi que queria instalar o AC ele soube logo qual era o meu problema. Veio até cá, mostrou-me que tem que se tirar a janela primeiro e, prontamente, pendurou e instalou o AC na janela. Ainda bem, pois se o tivesse feito sozinha era quase certo que o AC ia acabar espatifado em cima do carro que estivesse por baixo da nossa janela, na rua.
No fim das várias semanas que levou a ter tudo em ordem, eram bastantes os cortes e arranhoes nos dedos, as nódoas negras nas pernas e as dores nas costas. Mas, tudo foi recompensado pelo sorriso com que fiquei quando, finalmente, a nossa casita ficou super confortável e acolhedora.
Se quiserem comparar, eis o antes:
Porque em Março íamos para o Brasil por um mês, achámos que não valia a pena gastarmos dinheiro a mobilar e decorar a casa de imediato e deixámos isso para quando voltássemos.
Dito e feito, nas semanas que se passaram após o nosso regresso fizemos algumas visitas ao IKEA e, depois de muitas horas a montar mobília e a pendurar quadros, eis que a casa está praticamente equipada. E' agora o nosso cantinho preferido! :)
Esta foi até hoje a minha maior obra do género. Digo minha porque, embora o David tenha ajudado, 90% da coisa foi feita por mim, uma vez que o coitado trabalha e toca tanto que não tinha tempo. Se ficasse 'a espera dele, ainda hoje tínhamos metade da mobília por montar e dentro de caixas e, sinceramente, até agradeço a tarefa ter ficado toda nas minhas mãos pois ADORO, repito, ADORO bricolagem. Eu sou o sonho de qualquer homem que não queria ser responsável por fazer as coisas lá em casa, hehehe.
Lá andei eu toda contente, de martelo e berbequim em riste, fita métrica, nível, pregos e parafusos, chaves de fendas, lápis atrás da orelha, como deve ser. Devo dizer que tenho a certeza certezinha, tão certo como eu me chamar Inês, que o meu pai teria ficado todo orgulhoso e com a lagrimita no olho se pudesse ter visto a filhota seguir as suas pegadas, uma vez que ele é um faz tudo e em nossa casa fez sempre trinta por uma linha.
O auge da minha alegria foi quando tive que fazer todas as ligações eléctricas, cortar fios, descarnar fios, juntá-los com fita isolante e instalar o "sound surround" na sala, tendo colunas junto ao sofá e no móvel (portanto, em 2 lados opostos da sala), todas elas ligadas e a "funceminar" sem se ver um único fiozinho no chão, nas paredes ou no móvel. Tudo feito impecavelmente, como me ensinou o meste Fatinito :)
Instalar o ar-condicionado no quarto também foi uma pequena aventura, pois não havia maneira de eu perceber como é que se tirava a rede da janela, para lá pôr o aparelho. Ainda bem que fui bater 'a porta do senhor que mantém o prédio, pois assim que referi que queria instalar o AC ele soube logo qual era o meu problema. Veio até cá, mostrou-me que tem que se tirar a janela primeiro e, prontamente, pendurou e instalou o AC na janela. Ainda bem, pois se o tivesse feito sozinha era quase certo que o AC ia acabar espatifado em cima do carro que estivesse por baixo da nossa janela, na rua.
No fim das várias semanas que levou a ter tudo em ordem, eram bastantes os cortes e arranhoes nos dedos, as nódoas negras nas pernas e as dores nas costas. Mas, tudo foi recompensado pelo sorriso com que fiquei quando, finalmente, a nossa casita ficou super confortável e acolhedora.
Casa Nova |
Se quiserem comparar, eis o antes:
Nova Casinha |
Comidas
Pronta a cozinhar
6.06.2010
Curso de Culinária
Hoje iniciei um curso de culinária, que será o meu entretém durante os próximos 5 fins de semana. A experiência começou bem, pois muito embora tenhamos lá ficado 4 horas, o tempo passou a correr e saí de lá toda entusiasmada.
Esta foi a minha prenda de aniversário, do David e dos meus pais. Claro que eles concordaram logo com a sugestão quando a propus, pois desde logo viram ali uma excelente possibilidade de provar novas (e espero que boas) iguarias.
E' um curso na Cambridge School for Culinary Arts e que consiste em 6 aulas do que é considerado básico.
Hoje a aula foi sobre facas e técnicas de corte. Após termos aprendido como afiar e limar as facas e quais são mais apropriadas para o quê, passámos 'a bancada e desatamos a cortar que nem doidos: chop! chop! chop! Ele era cebola, alho, batata, cogumelos, cebolinho, salsa, courgette, laranja, abacaxi, milho, pimentos (aprendemos uma super técnica que permite cortar o pimento sem que as sementes se saiam ou se espalhem), cenoura, alface e umas outras ervas das quais nem sei o nome em Português.
Foi super divertido e consegui sair de lá já a cortar 'a Chef e sem ter perdido um único pedacinho dos meus dedos.
Quando chegamos ao fim da aula, tudo o que processámos é utilizado para cozinhar várias coisas e termos então o nosso esforço recompensado com uma bela refeição. Ao que parece, as quantidades vão aumentar exponencialmente nos próximos tempos, pelo que o nosso Chef até nos incentivou a trazer tupperwares, para levarmos tudo o que vamos cozinhar e que não conseguimos comer.
Hoje fizemos sopa, pão com alho (pois aprendemos a fazer pasta de alho... só com a faca!), batatas fritas, maionese, uma salada, e de sobremesa, laranja e ananás. Vim para casa de barriga cheia, com uma vontade enorme de comprar uma faca daquelas todas XPTO e cheia de vontade de repetir a dose.
As próximas aulas vão ser sobre:
- ovos
- sopas e caldos
- Vapor, Estufar, Guizar e Fricassés
- Assar, Grelhar e Saltear
- Molhos
Adorei! Adorei! Adorei!
6.05.2010
Memorial Day Weekend 2010
O fim de semana passado, como se esperava, foi pura e simplesmente SENSACIONAL!!!
Na 6a feira de manhã, terminei de preparar a mochila para o que seriam 4 dias memoráveis, de caminhadas, rafting e campismo. Fiquei muito orgulhosa do resultado, pois tive finalmente 'as costas daquelas mochilas que muitas vezes vi outros terem e que sempre desejei ter: com saco cama e colchão ao penduro, recheada de bens essenciais.
Comida liofilizada, gotas para purificar agua do rio (pois como levamos tudo 'as costas, a água seria muito pesada. Assim, fomos recolhendo água ao longo do caminho), garrafas vazias, roupa termica para a noite, chapeu, protector solar, repelente de insectos, spork, kit de primeiros socorros ultra-leve, barras de energia, trail mix, algumas maças, chocolate, lanterna de cabeça, álcool (para ferer água para cozinhar, nos fogões hiper mega leves, que consistem numa lata de comida de gato furada dos lados com um furador, que se enche de álcool para depois ser incendiado), sacos ziplock, fato de banho, botas, toalha, toalhetes de bebé, sabonete, escova dos dentes, pasta, etc...
Ah, e não me esqueci de levar os bastões para caminhar, não fosse o meu joelho dar de si sem ajuda.
Saímos para uma viagem de 6 horas, até ao estado do Maine, estado conhecido pela abundância de vida selvagem e lagosta. Desta feita, claro que ao almoço nos deliciámos com um delicioso (e barato) lobster-roll. Chegádos ao nosso destino, Big Moose Cabins, encontrámo-nos com mais amigos e montámos o nosso acampamento para aquela noite. Este foi o local mais luxuoso onde ficámos, pois tinha casa de banho com água, chuveiro, lavatorios, etc. A partir daqui, o único luxo foram umas cabanitas de madeira com um buraco, vulgo sanita.
Por forma a aproveitar ainda a luz do dia, alugámos kayaks e canoas e fomos remar para o lago do acampamento. De lá pudemos observar um pôr do sol lindíssimo, bem como os contornos do que seria o nosso objectivo para aquele fim de semana: subir o Mount Katahdin. A cereja no topo do bolo era subir 'a Knife Edge, uma parte da montanha, pouco antes de se chegar ao topo, digamos que... bastante afiada. Basicamente, a trilha é feita no "fio da navalha".
"The most famous hike to the summit goes along Knife Edge, commonly misnamed "Knife's Edge", which traverses the ridge between Pamola Peak and South Baxter Peak. The mountain has claimed 19 lives since 1963, mostly from exposure in bad weather and falls from the Knife Edge. The Knife Edge is closed during periods of high wind." in Wikipedia.
'A noite fizemos uma fogueira e, claro, não puderam faltar os marshmallows da praxe. Fartei-me de rir com o nível de sofisticação do D. (que acamapava pela primeira vez e comprou tudo e mais alguma coisa para esta viagem), que tinha um espeto telescópico para pôr o marshmallow, com o pormenor de que, com um simples gesto do polegar, mantinha a coisa a rodar, para não queimar a goma branca. Experimentei pelo primeira vez um Smore, que consiste num marshmallow derretido, colocado entre duas bolachas juntamente com um pedaço de chocolate, que derrete também. Smore advém de "some more" (um pouco mais). Foi a lição da noite a juntar 'a "técnica do prato" que aqui a Je, após 27 anos de campismo (é verdade, comecei com 5, graças aos meus papis), ensinou ao pessoal. Ou seja, usar o pratito de plástico para atiçar o fogo. Eles bem sopravam mas, quando viram o resultado da minha técnica, deram a mão 'a palmatória e concordaram que era o mais eficaz. Gostei do Smore, mas aquilo é tamanha bomba calórica que nem um consegui comer inteiro.
Antes da sobremesa, todos aqueles que experimentaram comida liofilizada pela primeira vez, deliciaram-se ao provar o conteúdo do pacote, após apenas o juntar de água a ferver. Surpreendentemente saborosa e nutritiva.
A noite foi bem dormida e pela manhã toca de tomar o pequeno almoço e desarmar as tendas, pois no Sábado era dia de rafting. Fomos 16 para esta actividade, que ficaram divididos por um barco de 8, outro de 4 e outro de 4 que se juntou a um outro grupo de 4 desconhecido (portanto, 8 pessoas também). Eu fiquei neste último grupo, na esperança de que, porque o outro grupo tinha 3 rapazes (e o nosso 2), formassemos uma equipa de remada forte mas, bem que me enganei, pois um deles até só pegava no remo com as pontinhas do dedo e assim que havia o mínimo abanico do barco, agarrava-se logo 'a corda e parava de remar, cheio de medo.... homens!
Foi giro ter toda a gente a vestir os fatos térmicos e sentir a excitação no ar. Muito embora seja já a 3a vez que faço rafting (e a 2a vez que faço este rio), nunca se deixa de sentir aquele friozinho na barriga. E' o máximo!
A situação mais surreal no nosso barco aconteceu no 3º ou 4º rápido. Antes de entrarmos no rápido, ficámos junto 'a margem do rio, onde o nosso guia nos preparou para o que aí vinha. Descreveu quantas quedas iria haver, como teríamos que proceder e não deixou de frisar que, o mais importante, era tentarmos mantermo-nos dentro do barco. Se tudo corresse bem, ninguém cairia borda fora mas, caso alguém caísse, que não entrasse em pânico, que flutuasse com os pés em cima e que se deixasse ir, pois no fim do rápido seria resgatado, por nós ou por um dos outros grupos. Ouvimos tudo com atenção e, quando comecámos a enfrentar os rápidos, obedecíamos afincadamente 'as vozes de comando gritadas pelo guia (todos menos o caramelo sentado 'a minha frente, que só se segurava e não remava. Eu bem gritava: paddle! paddle! dig it in!! forward right!! pois com ele sem remar os meus movimentos também ficavam diminuídos, mas o tipo era mesmo um mariquinhas e não fazia nada).
Lá íamos nós a descer o rápido, com toda aquela emoção e a adrenalina a bombar quando, de repente, no meio de umas rochas, deixo de ouvir as vozes de comando. Quando olho para trás, qual não é o meu espanto quando vejo aquele lugar vazio: o guia tinha sido ejectado do barco... ou pelo menos, assim parecia. "We lost the guide!", gritei eu meio incrédula ao mesmo tempo que o barco continuava a descer furiosamente o rápido. Neste exacto momento, vejo que há uma mão agarrada 'a corda que delimita o barco. "There's the guide!!!!" gritei, mas fiquei meio parva, pois não sabia se havia de continuar a remar ou de o ajudar (óbvio que o devia ter ajudado, mas foi tudo tão rápido e o barco abanava tanto que fiquei sem acção). Aí, a C., sentada do meu lado, começou a puxá-lo, pelo salva-vidas (que deve estar sempre super bem apertado, caso contrário, na altura de nos salvarem, ficam só com o colete na mão e lá vamos nós rio abaixo) e aí reagi também e ajudei-o. O guia, tinha claramente estampada no rosto aquela expressão de aflição que põe qualquer um em estado de alerta. Mas fiquei surpreendida como, assim que se viu dentro do barco, pese embora as mãos a sangrar e os pés todos arranhados, imediatamente assumiu o comando e gritou logo "passem-me um remo!! passem-me um remo!!" (pois o dele foi 'a vidinha). Ainda meio atarantados, desatámos a remar e conseguimos chegar ao fim do rápido sem perder (mais) ninguém.
Pelos vistos, numa das rochas o barco passou super perto, rés-vés campo de ourique, e a parte de trás, onde vai sentado o guia, acabou por passar por cima dela sem que ele reparasse e sofrer um belo de um abanão.
Se o nosso grupo já não inspirava muita confiança ao guia no início, depois deste incidente ficou super conservador e a viagem foi super calma, sem incidentes... uma seca, é o que é. Cá por mim estava prontinha a sair borda fora mas... paciência, fica para a próxima. Em compensação, virámos o barco salva-vidas, pois resgatámos para aí umas 6 pessoas, que foram caindo ao longo do percurso. O D. até foi resgatado 2 vezes de seguida pois, assim que o pusemos no barco e nos virámos para o lado para salvar o T., o D. caiu de novo na água... só mesmo ele! :)
O barco que levava 4 dos nossos, rapazes fortes e robustos, era o mais excitante de todos, pois uma vez que era leve, facilmente virava e... diga-se, todos naquele barco (incluindo o guia), estavam ali para a loucura. Então, volta e meia era vê-los ser ejectados do barco a alta velocidade, quando o barco virava.
Foi um dia muito bem passado. Até o almoço que é servido a meio do caminho estava melhor do que das outras vezes. No fim do dia, guiámos até ao Abol Campsite, já no Baxter State Park, para montarmos as tendas de novo e nos preparamos para o dia seguinte, que seria PESADEEEERRRRRRIIIIIIMO! O plano era acordar 'as 3 da manhã para, com as mochilas 'as costas (de 15 kg), fazer uma trilha de 10 horas, a subir a montanha, passando pelo Knife Edge, para depois (como se isto não fosse suficiente para esfandegar qualquer um) ainda fazer uma trilha de 12km (4 horas), para chegar ao próximo acamoamento, no Russel Pond.
Eu acho que houve uma alminha caridosa que intercedeu por nós, acompanhantes do Maurício, que é um excelente organizador de passeios como este, mas sempre muito optimista e ambicioso. Eu e a P. (gajas do grupo consideradas "fortes"), secretamente, desejávamos que o plano fosse mudado (como viemos a confidenciar mais tarde) e... isso aconteceu. Ao chegarmos ao Parque Estatal e obtermos informação sobre as trilhas que tencionávamos fazer no Domingo, o Ranger disse-nos que as trilhas que iam para o topo da montanha estavam todas fechadas, porque havia uma pessoa desaparecida na montanha desde 6a feira (bem que o nosso guia, no barco, quando ouviu o helicóptero a sobrevoar a montanha, disse que isso não era bom sinal e que, provavelmente, alguma coisa grave tinha acontecido). A alminha caridosa intercedeu por nós e quem se lixou foi o gajo que estava perdido... azareco. O que vale é que no fim tudo acabou bem e ele foi encontrado, vivo (isto sim, foi a grande surpresa), na 2a feira, com um joelho 'a banda mas, fora isso, em bom estado.
Assim, os planos mudaram e no dia seguinte a festa incluiria uma subida pela manhã ao South Turner Peak (uma trilha de 6.4km que sobe (e desce) 950 metros), sem mochila, e depois, 'a tarde, uma trilha considerada "fácil", com mochilas 'as costas, de 12.2km, até ao Russel Pond, onde faríamos o nosso acampamento.
Porque nem todos estavam na disposição de fazer 2 trilhas num só dia, o casal A decidiu ir para Russel Pond logo pela manhã. O casal B decidiu encontrar-se connosco 'as 14h, altura em que deveríamos estar de regresso da primeira trilha, para irmos todos juntos. Assim, o grupo que subiu o South Turner Peak, logo pela manhã, era de 7 pessoas: eu e a P., raparigas, e mais 5 rapazes. A subida não foi das mais difíceis que já fiz mas, uma vez que por causa do joelho já há muito que não faço outro exercício que não seja andar de bicicleta, a resistência deu de sim. O joelho portou-se muito bem e a vista lá no topo mereceu o esforço. Lindíssimo. Tivemos a sorte de, logo no início da trilha, termos desviado para ver um lago e, surpresa das surpresas, estava um alce enorme dentro do lago, a alimentar-se pachorrentamente. Há 2 fotos dele no albúm que está no fim. No dia do rafting também vimos um junto 'a margem, que até virou o rabiosque para nós quando passámos e fez xixi. Ainda nos fez rir ao subir de forma trapalhona uma pequena ravina e tropeçar, mas era um filhote, ainda sem armações.
Lá no topo estava uma ventania desgraçada, que quase derrubava alguém mais incauto mas, mesmo assim, conseguimos tirar umas fotos da equipa feliz, antes de iniciarmos a descida. Como a descer todos os santos ajudam, fizemos esta parte muito mais rápido do que a subida mas, mesmo assim, quando chegámos 'a base já eram quase 3 horas e, por isso mesmo, o casal B foi andando para Russel Pond.
Ao chegarmos, o Ranger informou-nos que as buscas pelo desgraçado que estava perdido continuavam, com cães e helicópteros, e que a montanha continuava fechada. Infelizmente, uma das pessoas da equipa de salvamento lesionou-se no joelho e precisavam agora de voluntários que ajudassem a passar a mulher em ombros, montanha abaixo, em terreno muito acidentado. Claro que o pequeno Rocky dentro de cada um dos rapazes do nosso grupo começou a gritar "Aaaaadrriiiaaannn!!" e eles, de imediato, disseram que aceitavam fazer parte da squipa de voluntarios.
Com esta reviravolta, e porque eu e a P., por muito que quisessemos, sabíamos que não seríamos de muita ajuda neste caso, decidíamos, as 2, iniciar a trilha de 12km. Desta feita, os 5 rapazes ficaram e nós partimos, com as nossas mochilongas 'as costas, não sem antes comermos cachorros quentes e bebermos getorade, oferta do salvation army aos nossos bravos e de que nós nos aproveitámos :)
Eu e a P. saímos 'as 16h. Como o casal B tinha saído 1 hora e meia antes de nós e são muito trapalhões e desajeitados, fomos o caminho todo com esperança de os encontrarmos. Especialmente porque sabíamos que, a determianda altura, teríamos que atravessar o rio, com as mochilas 'a cabeça, porque a profundidade da água variava entre a altura do joelho e a cintura, com corrente algo forte.
A caminhada foi óptima, longa mas boa. A determinada altura houve uma bifurcação e seguimos pela direita que, embora fosse a trilha mais longa, era a mais plana. Isto porque nesta altura os meus joelhos e pernas já estavam naquela fase de cansaço em que, se eu parasse, já não saía dali. Andar com uma mochila daquelas 'as costas por tantos km faz com que, no fim, a mochila pareça pesar o dobro. Está visto que aqui tomámos a decisão mais acertada de todo o percurso, pois a trilha revelou-se muito bonita e acessível, passando por diferentes riachos, zonas de bosque, zonas 'a beira rio, algumas rochas, subidas e descidas, e a travessia do rio, embora a água me tivesse chegado quase até ao rabo, não foi nada do outro mundo. Vimos imensa vida selvagem, desde muitos sapos, a uma galinha selvagem e um veado enorme, já quase no fim. Felizmente não nos cruzámos com nenhum urso :)
Chegámos a Russel Pond 'as 20h. Surpresa das surpresas, não encontrámos o casal B pelo caminho. Ao irmos até 'a casa do Ranger, para dar entrada no parque, eis que nos surpreendemos com o casal A lá dentro (há horas, ainda sem terem montado o acampamento) e... nada do casal B. Aí, ficámos preocupadas, afinal, a gente não encontrou ninguém na trilha.
A razão pela qual o casal A ainda estava na casa do Ranger sem montar o acampamento é porque, de entre todos os Rangers daquela montanha e, quiçá, do Texas, batendo o Chuck Norris aos pontos, encontrámos nada mais nada menos do que o Ranger mais parvo e idiota, ao que se junta ser, de certeza, parente do Dr. Jekyll e Mr. Hide, totalmente bipolar.
O Ranger não deixou o casal A montar acampamento porque a reserva estava feita pelo Maurício, para 11 pessoas e, o casal A, não sabia o número do alvéolo (pormenor indicativo de que este Ranger estava cheio de má vontade mas de que só soubemos no fim da viagem: só havia 2 alvéolos que albergavam 11 pessoas, um dos quais já estava ocupado. Logo, qual seria o nosso?? Duh! Para além disso, o número do alvéolo é determinado pelo Ranger 'a chegada do pessoal. Duplo Duh!!). Ao ver-nos chegar, sendo nós só 2 pessoas e sendo ele informado de que estávamos sem saber o paradeiro do casal B, o Ranger passou-se da cabeça e quase lhe saltou aquele chapelinho caramelo da tola: "quê? o grupo separou-se? já não basta uma pessoa perdida na montanha agora não sabem onde estão os vossos amigos (casal B)? nenhum Ranger no sei perfeito juízo vos deixaria fazer isso!!"... quando o Ranger onde os nossos rapazes ficaram sabia perfeitamente da situação e nos deixou ir. A gente bem tentou explicar, mas quando o gajo começou a responder "não adianta dizer nada que não vão ganhar este argumento" percebemos que era o mesmo que estar a pregar para os peixinhos.
Ora estamos nós neste impasse, em que o Sr. Ranger está a ser um perfeito idiota para nós quando, do nada, põe a mão no ombro da P. e, simpaticamente exclama: olha um castor lá fora!!
Como disse, totalmente bipolar. Só visto. Avaliando por esta situação e por outras que passámos neste fim de semana com Rangers, foi muito claro que cada um diz o que lhe dá na real gana, desde que se sintam em posição de poder. Não há consistência nenhuma entre o que cada Ranger diz e, quando dois ou mais estão presentes, há uma dinâmica inexplicável de hierarquia em que alguém tem que amochar. Uma patetice!
Como pelos vistos era gravíssimo não sabermos o número do nosso alvéolo, o Ranger teve que contactar a base onde estavam os rapazes para se informar com o Maurício, não sem antes nos fazer sentir que, talvez por nosso causa, o homem perdido na montanha pudesse morrer, pois ia interromper as comunicações com o helicóptero... eu já disse que isto era tudo uma patetice, não já?
Enquanto fazia a comunicação, mandou-nos para um alvéolo (o que denota que o número não interessava para nada) e, finalmente, aparece o casal B. Todo molhado e com um ar pavoroso, pois optaram pela trilha errada, cairam no rio várias vezes, com as mochilas, perderam as sandálias no início da travessia e depois tiveram que fazer o resto descalços... uma odisséia. A gente bem sabia que eles iam ser lentos e desajeitados. Demoraram 6 horas para fazer uma trilha de 4h... ainda nos fartámos de rir com as descrições deles!
Já estava escuro quando finalmente acendemos uma fogueira (bem catita, diga-se), montámos as tendas, para depois fazer o jantareco, comer, falar e, por fim, reunir tudo o que tivesse cheiro (comida, pasta dentífrica, meias mal cheirosas...) e pendurar numa árvore, por causa do ursos.
Estávamos radiantes com a nossa capacidade de sobreviver no "wild" porque esta situação acabou por nos dar a oportunidade de testar os nossos limites e perceber que, mesmo sem os rapagões, nos safámos super bem. We can do it foi a frase mais repetida naquela noite, entre sorrisos, cansadas, mas felizes!
Como os rapazes não se juntaram a nós ainda nesse noite, ficámos convencidas de que no outro dia eles sairiam bem cedo do acampamento deles para vir ter connosco. Assim, acordámos, tomámos pequeno almoço, curtimos o local e ainda tivémos uma visita do Ranger totó, que veio todo simpático para nos dizer que os rapazes tinham ficado no acampamento deles 'a nossa espera. Achámos estranho mas pensámos que tivessem optado por fazer trilhas lá por aqueles lados. Viemos a saber, quando os encontrámos ao fim do dia, que o caramelo do Ranger comunicou para lá a proibi-los de virem ter connosco, pois nós íamos sair muito cedo e ele não queria desencontros... uma metira total, pois não só nós não sabíamos disto como o trengo ainda nos alugou a canoa para passearmos no lago, isto quando já eram 11h e, obviamente, não íamos sair cedo. Para além disso, deu ordens ao Ranger que estava com o rapazes (lá está a tal da hierarquia) para não os deixar sair para lado nenhum. Os desgraçados, que ficaram lá para ajudar, acabaram por não ajudar porque não foi preciso, acabaram por não vir ter connosco ao que é, supostamente, o acampamento mais bonito do parque e acabaram por ficar até 'as 16h de Domingo 'a nossa espera, sem fazer nada, porque sua excelência, o Ranger Bipolar, decidiu que era assim e pronto.
Escusado será de dizer que, mais do que ursos, na próxima viagem, a espécie com quem menos contacto queremos ter são essa raridade dos Ranger rangers ou Ranger bipolaris.
No regresso decidimos fazer a trilha que o casal B tinha feito no dia anterior, depois de termos andado 1 hora de canoa. O Ranger Bipolar fez também essa trilha para regressar 'a base, mas saiu antes de nós. Ao fazer a trilha concordámos com o casal B que era, de facto, mais difícil e a travessia do rio mais arriscada mas, mesmo assim, ainda rimos muito com o insucesso deles... até eles se riram!
Quando chegámos ao rio, vimos na outra banda o parolo do Ranger. Ainda trocou umas palavras connosco mas depois seguiu 'a frente e não o vimos por umas horas. O c´¨mulo da estupidez deste gajo revelou-se quando, já nem lembrados da existência dele estávamos, ouvimos um "mugir", algures no caminho a seguir 'a curva que atravessávamos. Não conseguimos perceber o que era nem ver nada e desde logo ficámos em alerta e sobressalto. Eu pensei logo que era um alce (dizem que são meio parvos e que por razão nenhuma atacam) e recuei, avisando o casal B que havia alguma coisa no caminho. Nesta altura, eis que ouço um riso: já estão a ver, era o cromanhon do Ranger. Lembrou-se de se esconder no mato e imitar um urso (uma imitação péssima) para nos assustar. Pronto, foi o maluco que nos calhou na rifa!
Chegámos 'a base todos contentes com o sucesso da nossa caminhada pois, de todas as probabilidades e combinações possíveis, os 6 gatos pingados que acabaram por acampar em Russel Pond foram o grupo mais surreal e improvável de sempre: ali estávamos nós, o casal A sem grande experiência de campismo, o casal B idem aspas para além de serem super desajeitados e eu e a P., com alguma experiência, mas que nunca tínhamos tido uma "all girl's experience", sem os nosso gajos.
Ao que parece, quando o Ranger Bipolar contactou a base, fez de nós os maiores parolos de sempre, e descreveu um quadro sobre a nossa habilidade de acampar que fez os nosso rapazes desconfiar que tinhamos pegado fogo ao acampamento ou dormido enrolados em salsichas, para atrair os ursos... quando tudo o que aconteceu foi que não sabíamos o número do álveolo (que ninguém sabia... excepto o Ranger... pppfff!).
Bem que se lixou, pois eu e a L., de manhã, quando fomos 'a "casa de banho" (o tal buraco dentro de uma cabaninha) demos com uma cabaninha toda gira e limpinha, que dizia "Private" mas para o qual não ligámos nenhum. E bem que cagámos (desculpem a linguagem), literalmente, para o Ranger. Depois do serviço feito, ele veio todo irritado informar que não era suposto usarmos o WC dele.
Azar, hehehehhe!
Na 6a feira de manhã, terminei de preparar a mochila para o que seriam 4 dias memoráveis, de caminhadas, rafting e campismo. Fiquei muito orgulhosa do resultado, pois tive finalmente 'as costas daquelas mochilas que muitas vezes vi outros terem e que sempre desejei ter: com saco cama e colchão ao penduro, recheada de bens essenciais.
Comida liofilizada, gotas para purificar agua do rio (pois como levamos tudo 'as costas, a água seria muito pesada. Assim, fomos recolhendo água ao longo do caminho), garrafas vazias, roupa termica para a noite, chapeu, protector solar, repelente de insectos, spork, kit de primeiros socorros ultra-leve, barras de energia, trail mix, algumas maças, chocolate, lanterna de cabeça, álcool (para ferer água para cozinhar, nos fogões hiper mega leves, que consistem numa lata de comida de gato furada dos lados com um furador, que se enche de álcool para depois ser incendiado), sacos ziplock, fato de banho, botas, toalha, toalhetes de bebé, sabonete, escova dos dentes, pasta, etc...
Ah, e não me esqueci de levar os bastões para caminhar, não fosse o meu joelho dar de si sem ajuda.
Saímos para uma viagem de 6 horas, até ao estado do Maine, estado conhecido pela abundância de vida selvagem e lagosta. Desta feita, claro que ao almoço nos deliciámos com um delicioso (e barato) lobster-roll. Chegádos ao nosso destino, Big Moose Cabins, encontrámo-nos com mais amigos e montámos o nosso acampamento para aquela noite. Este foi o local mais luxuoso onde ficámos, pois tinha casa de banho com água, chuveiro, lavatorios, etc. A partir daqui, o único luxo foram umas cabanitas de madeira com um buraco, vulgo sanita.
Por forma a aproveitar ainda a luz do dia, alugámos kayaks e canoas e fomos remar para o lago do acampamento. De lá pudemos observar um pôr do sol lindíssimo, bem como os contornos do que seria o nosso objectivo para aquele fim de semana: subir o Mount Katahdin. A cereja no topo do bolo era subir 'a Knife Edge, uma parte da montanha, pouco antes de se chegar ao topo, digamos que... bastante afiada. Basicamente, a trilha é feita no "fio da navalha".
"The most famous hike to the summit goes along Knife Edge, commonly misnamed "Knife's Edge", which traverses the ridge between Pamola Peak and South Baxter Peak. The mountain has claimed 19 lives since 1963, mostly from exposure in bad weather and falls from the Knife Edge. The Knife Edge is closed during periods of high wind." in Wikipedia.
'A noite fizemos uma fogueira e, claro, não puderam faltar os marshmallows da praxe. Fartei-me de rir com o nível de sofisticação do D. (que acamapava pela primeira vez e comprou tudo e mais alguma coisa para esta viagem), que tinha um espeto telescópico para pôr o marshmallow, com o pormenor de que, com um simples gesto do polegar, mantinha a coisa a rodar, para não queimar a goma branca. Experimentei pelo primeira vez um Smore, que consiste num marshmallow derretido, colocado entre duas bolachas juntamente com um pedaço de chocolate, que derrete também. Smore advém de "some more" (um pouco mais). Foi a lição da noite a juntar 'a "técnica do prato" que aqui a Je, após 27 anos de campismo (é verdade, comecei com 5, graças aos meus papis), ensinou ao pessoal. Ou seja, usar o pratito de plástico para atiçar o fogo. Eles bem sopravam mas, quando viram o resultado da minha técnica, deram a mão 'a palmatória e concordaram que era o mais eficaz. Gostei do Smore, mas aquilo é tamanha bomba calórica que nem um consegui comer inteiro.
Antes da sobremesa, todos aqueles que experimentaram comida liofilizada pela primeira vez, deliciaram-se ao provar o conteúdo do pacote, após apenas o juntar de água a ferver. Surpreendentemente saborosa e nutritiva.
A noite foi bem dormida e pela manhã toca de tomar o pequeno almoço e desarmar as tendas, pois no Sábado era dia de rafting. Fomos 16 para esta actividade, que ficaram divididos por um barco de 8, outro de 4 e outro de 4 que se juntou a um outro grupo de 4 desconhecido (portanto, 8 pessoas também). Eu fiquei neste último grupo, na esperança de que, porque o outro grupo tinha 3 rapazes (e o nosso 2), formassemos uma equipa de remada forte mas, bem que me enganei, pois um deles até só pegava no remo com as pontinhas do dedo e assim que havia o mínimo abanico do barco, agarrava-se logo 'a corda e parava de remar, cheio de medo.... homens!
Foi giro ter toda a gente a vestir os fatos térmicos e sentir a excitação no ar. Muito embora seja já a 3a vez que faço rafting (e a 2a vez que faço este rio), nunca se deixa de sentir aquele friozinho na barriga. E' o máximo!
A situação mais surreal no nosso barco aconteceu no 3º ou 4º rápido. Antes de entrarmos no rápido, ficámos junto 'a margem do rio, onde o nosso guia nos preparou para o que aí vinha. Descreveu quantas quedas iria haver, como teríamos que proceder e não deixou de frisar que, o mais importante, era tentarmos mantermo-nos dentro do barco. Se tudo corresse bem, ninguém cairia borda fora mas, caso alguém caísse, que não entrasse em pânico, que flutuasse com os pés em cima e que se deixasse ir, pois no fim do rápido seria resgatado, por nós ou por um dos outros grupos. Ouvimos tudo com atenção e, quando comecámos a enfrentar os rápidos, obedecíamos afincadamente 'as vozes de comando gritadas pelo guia (todos menos o caramelo sentado 'a minha frente, que só se segurava e não remava. Eu bem gritava: paddle! paddle! dig it in!! forward right!! pois com ele sem remar os meus movimentos também ficavam diminuídos, mas o tipo era mesmo um mariquinhas e não fazia nada).
Lá íamos nós a descer o rápido, com toda aquela emoção e a adrenalina a bombar quando, de repente, no meio de umas rochas, deixo de ouvir as vozes de comando. Quando olho para trás, qual não é o meu espanto quando vejo aquele lugar vazio: o guia tinha sido ejectado do barco... ou pelo menos, assim parecia. "We lost the guide!", gritei eu meio incrédula ao mesmo tempo que o barco continuava a descer furiosamente o rápido. Neste exacto momento, vejo que há uma mão agarrada 'a corda que delimita o barco. "There's the guide!!!!" gritei, mas fiquei meio parva, pois não sabia se havia de continuar a remar ou de o ajudar (óbvio que o devia ter ajudado, mas foi tudo tão rápido e o barco abanava tanto que fiquei sem acção). Aí, a C., sentada do meu lado, começou a puxá-lo, pelo salva-vidas (que deve estar sempre super bem apertado, caso contrário, na altura de nos salvarem, ficam só com o colete na mão e lá vamos nós rio abaixo) e aí reagi também e ajudei-o. O guia, tinha claramente estampada no rosto aquela expressão de aflição que põe qualquer um em estado de alerta. Mas fiquei surpreendida como, assim que se viu dentro do barco, pese embora as mãos a sangrar e os pés todos arranhados, imediatamente assumiu o comando e gritou logo "passem-me um remo!! passem-me um remo!!" (pois o dele foi 'a vidinha). Ainda meio atarantados, desatámos a remar e conseguimos chegar ao fim do rápido sem perder (mais) ninguém.
Pelos vistos, numa das rochas o barco passou super perto, rés-vés campo de ourique, e a parte de trás, onde vai sentado o guia, acabou por passar por cima dela sem que ele reparasse e sofrer um belo de um abanão.
Se o nosso grupo já não inspirava muita confiança ao guia no início, depois deste incidente ficou super conservador e a viagem foi super calma, sem incidentes... uma seca, é o que é. Cá por mim estava prontinha a sair borda fora mas... paciência, fica para a próxima. Em compensação, virámos o barco salva-vidas, pois resgatámos para aí umas 6 pessoas, que foram caindo ao longo do percurso. O D. até foi resgatado 2 vezes de seguida pois, assim que o pusemos no barco e nos virámos para o lado para salvar o T., o D. caiu de novo na água... só mesmo ele! :)
O barco que levava 4 dos nossos, rapazes fortes e robustos, era o mais excitante de todos, pois uma vez que era leve, facilmente virava e... diga-se, todos naquele barco (incluindo o guia), estavam ali para a loucura. Então, volta e meia era vê-los ser ejectados do barco a alta velocidade, quando o barco virava.
Foi um dia muito bem passado. Até o almoço que é servido a meio do caminho estava melhor do que das outras vezes. No fim do dia, guiámos até ao Abol Campsite, já no Baxter State Park, para montarmos as tendas de novo e nos preparamos para o dia seguinte, que seria PESADEEEERRRRRRIIIIIIMO! O plano era acordar 'as 3 da manhã para, com as mochilas 'as costas (de 15 kg), fazer uma trilha de 10 horas, a subir a montanha, passando pelo Knife Edge, para depois (como se isto não fosse suficiente para esfandegar qualquer um) ainda fazer uma trilha de 12km (4 horas), para chegar ao próximo acamoamento, no Russel Pond.
Eu acho que houve uma alminha caridosa que intercedeu por nós, acompanhantes do Maurício, que é um excelente organizador de passeios como este, mas sempre muito optimista e ambicioso. Eu e a P. (gajas do grupo consideradas "fortes"), secretamente, desejávamos que o plano fosse mudado (como viemos a confidenciar mais tarde) e... isso aconteceu. Ao chegarmos ao Parque Estatal e obtermos informação sobre as trilhas que tencionávamos fazer no Domingo, o Ranger disse-nos que as trilhas que iam para o topo da montanha estavam todas fechadas, porque havia uma pessoa desaparecida na montanha desde 6a feira (bem que o nosso guia, no barco, quando ouviu o helicóptero a sobrevoar a montanha, disse que isso não era bom sinal e que, provavelmente, alguma coisa grave tinha acontecido). A alminha caridosa intercedeu por nós e quem se lixou foi o gajo que estava perdido... azareco. O que vale é que no fim tudo acabou bem e ele foi encontrado, vivo (isto sim, foi a grande surpresa), na 2a feira, com um joelho 'a banda mas, fora isso, em bom estado.
Assim, os planos mudaram e no dia seguinte a festa incluiria uma subida pela manhã ao South Turner Peak (uma trilha de 6.4km que sobe (e desce) 950 metros), sem mochila, e depois, 'a tarde, uma trilha considerada "fácil", com mochilas 'as costas, de 12.2km, até ao Russel Pond, onde faríamos o nosso acampamento.
Porque nem todos estavam na disposição de fazer 2 trilhas num só dia, o casal A decidiu ir para Russel Pond logo pela manhã. O casal B decidiu encontrar-se connosco 'as 14h, altura em que deveríamos estar de regresso da primeira trilha, para irmos todos juntos. Assim, o grupo que subiu o South Turner Peak, logo pela manhã, era de 7 pessoas: eu e a P., raparigas, e mais 5 rapazes. A subida não foi das mais difíceis que já fiz mas, uma vez que por causa do joelho já há muito que não faço outro exercício que não seja andar de bicicleta, a resistência deu de sim. O joelho portou-se muito bem e a vista lá no topo mereceu o esforço. Lindíssimo. Tivemos a sorte de, logo no início da trilha, termos desviado para ver um lago e, surpresa das surpresas, estava um alce enorme dentro do lago, a alimentar-se pachorrentamente. Há 2 fotos dele no albúm que está no fim. No dia do rafting também vimos um junto 'a margem, que até virou o rabiosque para nós quando passámos e fez xixi. Ainda nos fez rir ao subir de forma trapalhona uma pequena ravina e tropeçar, mas era um filhote, ainda sem armações.
Lá no topo estava uma ventania desgraçada, que quase derrubava alguém mais incauto mas, mesmo assim, conseguimos tirar umas fotos da equipa feliz, antes de iniciarmos a descida. Como a descer todos os santos ajudam, fizemos esta parte muito mais rápido do que a subida mas, mesmo assim, quando chegámos 'a base já eram quase 3 horas e, por isso mesmo, o casal B foi andando para Russel Pond.
Ao chegarmos, o Ranger informou-nos que as buscas pelo desgraçado que estava perdido continuavam, com cães e helicópteros, e que a montanha continuava fechada. Infelizmente, uma das pessoas da equipa de salvamento lesionou-se no joelho e precisavam agora de voluntários que ajudassem a passar a mulher em ombros, montanha abaixo, em terreno muito acidentado. Claro que o pequeno Rocky dentro de cada um dos rapazes do nosso grupo começou a gritar "Aaaaadrriiiaaannn!!" e eles, de imediato, disseram que aceitavam fazer parte da squipa de voluntarios.
Com esta reviravolta, e porque eu e a P., por muito que quisessemos, sabíamos que não seríamos de muita ajuda neste caso, decidíamos, as 2, iniciar a trilha de 12km. Desta feita, os 5 rapazes ficaram e nós partimos, com as nossas mochilongas 'as costas, não sem antes comermos cachorros quentes e bebermos getorade, oferta do salvation army aos nossos bravos e de que nós nos aproveitámos :)
Eu e a P. saímos 'as 16h. Como o casal B tinha saído 1 hora e meia antes de nós e são muito trapalhões e desajeitados, fomos o caminho todo com esperança de os encontrarmos. Especialmente porque sabíamos que, a determianda altura, teríamos que atravessar o rio, com as mochilas 'a cabeça, porque a profundidade da água variava entre a altura do joelho e a cintura, com corrente algo forte.
A caminhada foi óptima, longa mas boa. A determinada altura houve uma bifurcação e seguimos pela direita que, embora fosse a trilha mais longa, era a mais plana. Isto porque nesta altura os meus joelhos e pernas já estavam naquela fase de cansaço em que, se eu parasse, já não saía dali. Andar com uma mochila daquelas 'as costas por tantos km faz com que, no fim, a mochila pareça pesar o dobro. Está visto que aqui tomámos a decisão mais acertada de todo o percurso, pois a trilha revelou-se muito bonita e acessível, passando por diferentes riachos, zonas de bosque, zonas 'a beira rio, algumas rochas, subidas e descidas, e a travessia do rio, embora a água me tivesse chegado quase até ao rabo, não foi nada do outro mundo. Vimos imensa vida selvagem, desde muitos sapos, a uma galinha selvagem e um veado enorme, já quase no fim. Felizmente não nos cruzámos com nenhum urso :)
Chegámos a Russel Pond 'as 20h. Surpresa das surpresas, não encontrámos o casal B pelo caminho. Ao irmos até 'a casa do Ranger, para dar entrada no parque, eis que nos surpreendemos com o casal A lá dentro (há horas, ainda sem terem montado o acampamento) e... nada do casal B. Aí, ficámos preocupadas, afinal, a gente não encontrou ninguém na trilha.
A razão pela qual o casal A ainda estava na casa do Ranger sem montar o acampamento é porque, de entre todos os Rangers daquela montanha e, quiçá, do Texas, batendo o Chuck Norris aos pontos, encontrámos nada mais nada menos do que o Ranger mais parvo e idiota, ao que se junta ser, de certeza, parente do Dr. Jekyll e Mr. Hide, totalmente bipolar.
O Ranger não deixou o casal A montar acampamento porque a reserva estava feita pelo Maurício, para 11 pessoas e, o casal A, não sabia o número do alvéolo (pormenor indicativo de que este Ranger estava cheio de má vontade mas de que só soubemos no fim da viagem: só havia 2 alvéolos que albergavam 11 pessoas, um dos quais já estava ocupado. Logo, qual seria o nosso?? Duh! Para além disso, o número do alvéolo é determinado pelo Ranger 'a chegada do pessoal. Duplo Duh!!). Ao ver-nos chegar, sendo nós só 2 pessoas e sendo ele informado de que estávamos sem saber o paradeiro do casal B, o Ranger passou-se da cabeça e quase lhe saltou aquele chapelinho caramelo da tola: "quê? o grupo separou-se? já não basta uma pessoa perdida na montanha agora não sabem onde estão os vossos amigos (casal B)? nenhum Ranger no sei perfeito juízo vos deixaria fazer isso!!"... quando o Ranger onde os nossos rapazes ficaram sabia perfeitamente da situação e nos deixou ir. A gente bem tentou explicar, mas quando o gajo começou a responder "não adianta dizer nada que não vão ganhar este argumento" percebemos que era o mesmo que estar a pregar para os peixinhos.
Ora estamos nós neste impasse, em que o Sr. Ranger está a ser um perfeito idiota para nós quando, do nada, põe a mão no ombro da P. e, simpaticamente exclama: olha um castor lá fora!!
Como disse, totalmente bipolar. Só visto. Avaliando por esta situação e por outras que passámos neste fim de semana com Rangers, foi muito claro que cada um diz o que lhe dá na real gana, desde que se sintam em posição de poder. Não há consistência nenhuma entre o que cada Ranger diz e, quando dois ou mais estão presentes, há uma dinâmica inexplicável de hierarquia em que alguém tem que amochar. Uma patetice!
Como pelos vistos era gravíssimo não sabermos o número do nosso alvéolo, o Ranger teve que contactar a base onde estavam os rapazes para se informar com o Maurício, não sem antes nos fazer sentir que, talvez por nosso causa, o homem perdido na montanha pudesse morrer, pois ia interromper as comunicações com o helicóptero... eu já disse que isto era tudo uma patetice, não já?
Enquanto fazia a comunicação, mandou-nos para um alvéolo (o que denota que o número não interessava para nada) e, finalmente, aparece o casal B. Todo molhado e com um ar pavoroso, pois optaram pela trilha errada, cairam no rio várias vezes, com as mochilas, perderam as sandálias no início da travessia e depois tiveram que fazer o resto descalços... uma odisséia. A gente bem sabia que eles iam ser lentos e desajeitados. Demoraram 6 horas para fazer uma trilha de 4h... ainda nos fartámos de rir com as descrições deles!
Já estava escuro quando finalmente acendemos uma fogueira (bem catita, diga-se), montámos as tendas, para depois fazer o jantareco, comer, falar e, por fim, reunir tudo o que tivesse cheiro (comida, pasta dentífrica, meias mal cheirosas...) e pendurar numa árvore, por causa do ursos.
Estávamos radiantes com a nossa capacidade de sobreviver no "wild" porque esta situação acabou por nos dar a oportunidade de testar os nossos limites e perceber que, mesmo sem os rapagões, nos safámos super bem. We can do it foi a frase mais repetida naquela noite, entre sorrisos, cansadas, mas felizes!
Como os rapazes não se juntaram a nós ainda nesse noite, ficámos convencidas de que no outro dia eles sairiam bem cedo do acampamento deles para vir ter connosco. Assim, acordámos, tomámos pequeno almoço, curtimos o local e ainda tivémos uma visita do Ranger totó, que veio todo simpático para nos dizer que os rapazes tinham ficado no acampamento deles 'a nossa espera. Achámos estranho mas pensámos que tivessem optado por fazer trilhas lá por aqueles lados. Viemos a saber, quando os encontrámos ao fim do dia, que o caramelo do Ranger comunicou para lá a proibi-los de virem ter connosco, pois nós íamos sair muito cedo e ele não queria desencontros... uma metira total, pois não só nós não sabíamos disto como o trengo ainda nos alugou a canoa para passearmos no lago, isto quando já eram 11h e, obviamente, não íamos sair cedo. Para além disso, deu ordens ao Ranger que estava com o rapazes (lá está a tal da hierarquia) para não os deixar sair para lado nenhum. Os desgraçados, que ficaram lá para ajudar, acabaram por não ajudar porque não foi preciso, acabaram por não vir ter connosco ao que é, supostamente, o acampamento mais bonito do parque e acabaram por ficar até 'as 16h de Domingo 'a nossa espera, sem fazer nada, porque sua excelência, o Ranger Bipolar, decidiu que era assim e pronto.
Escusado será de dizer que, mais do que ursos, na próxima viagem, a espécie com quem menos contacto queremos ter são essa raridade dos Ranger rangers ou Ranger bipolaris.
No regresso decidimos fazer a trilha que o casal B tinha feito no dia anterior, depois de termos andado 1 hora de canoa. O Ranger Bipolar fez também essa trilha para regressar 'a base, mas saiu antes de nós. Ao fazer a trilha concordámos com o casal B que era, de facto, mais difícil e a travessia do rio mais arriscada mas, mesmo assim, ainda rimos muito com o insucesso deles... até eles se riram!
Quando chegámos ao rio, vimos na outra banda o parolo do Ranger. Ainda trocou umas palavras connosco mas depois seguiu 'a frente e não o vimos por umas horas. O c´¨mulo da estupidez deste gajo revelou-se quando, já nem lembrados da existência dele estávamos, ouvimos um "mugir", algures no caminho a seguir 'a curva que atravessávamos. Não conseguimos perceber o que era nem ver nada e desde logo ficámos em alerta e sobressalto. Eu pensei logo que era um alce (dizem que são meio parvos e que por razão nenhuma atacam) e recuei, avisando o casal B que havia alguma coisa no caminho. Nesta altura, eis que ouço um riso: já estão a ver, era o cromanhon do Ranger. Lembrou-se de se esconder no mato e imitar um urso (uma imitação péssima) para nos assustar. Pronto, foi o maluco que nos calhou na rifa!
Chegámos 'a base todos contentes com o sucesso da nossa caminhada pois, de todas as probabilidades e combinações possíveis, os 6 gatos pingados que acabaram por acampar em Russel Pond foram o grupo mais surreal e improvável de sempre: ali estávamos nós, o casal A sem grande experiência de campismo, o casal B idem aspas para além de serem super desajeitados e eu e a P., com alguma experiência, mas que nunca tínhamos tido uma "all girl's experience", sem os nosso gajos.
Ao que parece, quando o Ranger Bipolar contactou a base, fez de nós os maiores parolos de sempre, e descreveu um quadro sobre a nossa habilidade de acampar que fez os nosso rapazes desconfiar que tinhamos pegado fogo ao acampamento ou dormido enrolados em salsichas, para atrair os ursos... quando tudo o que aconteceu foi que não sabíamos o número do álveolo (que ninguém sabia... excepto o Ranger... pppfff!).
Bem que se lixou, pois eu e a L., de manhã, quando fomos 'a "casa de banho" (o tal buraco dentro de uma cabaninha) demos com uma cabaninha toda gira e limpinha, que dizia "Private" mas para o qual não ligámos nenhum. E bem que cagámos (desculpem a linguagem), literalmente, para o Ranger. Depois do serviço feito, ele veio todo irritado informar que não era suposto usarmos o WC dele.
Azar, hehehehhe!
6.03.2010
Dentista (cont.)
Afinal, já não estou assim tão maravilhada com o dentista como estava há dias. Parece-me que, afinal, é a especialidade médica com mais burocracia 'a face da terra. Vejam só: eu disse-vos que tinha ido ao dentista "geral", que me viu os dentes todos, avaliou que um dente precisava de ser visto pelo dentista que desvitaliza dentes e, então, mandou-me para uma clínica, em Boston.
Na 2a feira lá atravessei eu o rio, fui até 'a clínica e, chegada lá, muito embora levasse o raio-x do dente em questão, o dentista fez questão de tirar mais um (cheira-me que este pessoal também não confia muito uns nos outros), só para ter a certeza. Depois, olhou, avaliou a coisa e disse-me: há 3 opções mas acho que cirurgia será o mais indicado. Assim, vou ter que falar com o meu colega e depois entramos em contacto consigo. Conclusão, saí de lá como entrei, e o dentista agora vai falar com outro para ver o que se faz. Com esta história toda, já vi 3 dentistas e quase nada foi feito... humpf!!
PS - No post anterior sobre o dentista esqueci-me de referir que, antes de me darem a injecção com a anestesia, adormeceram a gengiva com um outro anestésico, num algodão. Disso gostei :)
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