3.04.2010
Banco
Hoje o David foi para o Brasil. Porque já me consigo movimentar bastante bem sem muletas, eis que experimentei conduzir pela primeira vez após o acidente, e ir com ele até ao aeroporto, para depois trazer o carro. Tudo correu bem e conduzi sem dificuldade.
Porque estava tão feliz por já poder fazer várias coisas autonomamente e por, finalmente, estar fora de casa (muito embora o tempo estivesse horrível, cinzento, com neve e chuva) decidi aproveitar e, já que estava de carro, ir ao banco.
Como sempre, estacionar perto do banco foi uma dificuldade, pois aquela rua nunca tem lugar. Mas, porque mesmo sem muletas continuo a andar com o suporte 'a volta do joelho, pensei em estacionar logo ali, 'a porta. Muito embora a traseira do carro ficasse um pouco já sobre uma rampa de acesso, arrisquei e confiei que o serviço ao balcão seria rápido.
Entrei, cheguei ao balcão, fiz o meu pedido e, enquanto a funcionária o estava a processar, eis que entra um polícia no banco, a olhar para todo o lado, como se 'a procura de alguém.
"Já está! Já me lixei! De certeza que vai perguntar de quem é aquele carro mal estacionado", pensei eu, enquanto esperava que ele proferisse aquelas palavras. Estou eu naqueles segundos de ansiedade quando entra um segundo polícia, igualmente espavorido e a olhar para todo o lado, desta vez com a mão no coldre. "Dois!? Não há mesmo como dar a volta ' coisa. Nem os santinhos me podem ajudar!".
Mas eis que, contrariamente aos meus temores, os polícias nada disseram e só desataram a andar pelo banco fora. Nisto, noto que os funcinários se foram levantando e, meio atarantados, começam a olhar uns para os outros, como se tivessem um pergunta no olhar. Essa pergunta logo se materializou: a funcionária ao lado da minha sussurra-lhe "Quem é que activou o alarme?"
"O banco está a ser assaltado!!!", percebi logo eu, pela conversa, suportada pela linguagem corporal das pessoas. E sabem o que é curioso? E' que em vez de ficar sobressaltada só me vinha 'a cabeça: "Só podem estar a gozar comigo!! De todas as vezes que vim ao banco, hoje, logo hoje, é que se lembram de assaltar o banco?? Só comigo!! Hoje, que estou perneta, coxinha?!?! Se quiser fugir não consigo!! Se os gajos se lembram de mandar toda a gente deitar-se no chão nem isso consigo fazer. Fica toda a gente no chão e aqui a coxa em pé, a mexer-se que nem uma tartaruga com reumatismo".
Estou eu nestas conjecturas e vem o polícia falar com a gerente, ali ao meu lado. Afinal, falso alarme!!! Está visto que o sistema volta e meia se lembra de disparar sem razão aparente. Mesmo assim, os polícias seguiram com o protocolo e por lá ficaram até ter a certeza que tudo estava bem.
"Está tudo bem?", perguntei 'a funcionária que me atendia, antes de sair, para garantir que não fazia nada fora das regras. "Sim, tudo bem!", respondeu-me aliviada.
Cá para mim, eu acho que o alarme disparou justamente porque eu lá estava, naquelas condições de micas-côxa-da-madragoa. Como disse, só comigo!!! Havia de ser giro, havia!
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