1.13.2012

Carnegie Hall



Cantar no Carnegie Hall foi, sem dúvida, uma experiência única.

Se é já de si emocionante estar naquela sala, tão carismática, vazia, a ensaiar com a orquestra, ainda mais emocionante foi quando, perante uma plateia quase cheia, a tão famosa acústica se revelou. Fiquei com a voz embargada ao som dos primeiros acordes e quase não consegui proferir as primeiras palavras.

Foi uma emoção!

O estar num grupo tão grande não me deixou ficar nervosa e correu tudo muito bem.

Foi giro estar de frente para toda aquela gente e conseguir ver os amigos e familiares que até lá se deslocaram para "me" ouvir. Aprendi que não se pode acenar do palco, mesmo que seja intervalo. Assim, sempre que me faziam sinais, eu coçava o nariz ou mexia na orelha e aquilo virou, literalmente, uma conversa de surdos-mudos... o que é irónico, tendo em conta que se está no Carnegie Hall, onde o que impera é o som.

Pelos vistos aconteceu algo inédito que foi, entre uma peça e outra, o nosso maestro ter saído e nunca mais voltar. No início sentiu-se uma certa agitação na plateia, depois a agitação já era no côro, com toda a gente sem saber o que se passava. Disto passou-se a risos, aplausos espontâneos, mais um pouco de silêncio... e nada do maestro voltar.

Quando finalmente apareceu, veio seguido da solista, toda ela espartilhada num vestido muito justo. Claro que de imediato pensámos que tinha ficado este tempo todo a tentar apertar o vestido mas, viemos a saber mais tarde que, foi tudo culpa da burocracia: o nosso maestro pediu ao guarda da porta que chamassesm a solista, ao que este respondeu que ele não tinha essa função. Pediu-se depois a um outro guarda, desta feita nas escadas, que também respondeu não ter autoridade para isso. E, até se encontrar a alminha que podia ir bater 'a porta da senhorita, esteve-se naquele impasse. Como vêem, burocracia não é só em Portugal :)

Bom, bom mesmo, foi, no final, quando saí, ter todos aqueles abraços e sorrisos amigos 'a minha espera, felicitando-me e a dar-me os parabéns. Foi giro ver o orgulho do David a dizer "é a minha mulher!" :)

Seguida de um jantar com todos eles, aquela noite foi perfeita.

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