Está visto que eu sou perita em ter consultas médicas no mínimo bizarras e rocambolescas.
Qualquer dia ainda apresento a lista de situações inéditas ao Woody e, quiçá, criar-se-á um filme sucesso de bilheteiras, ao nível de um Monty Python :)
Esta passou-se na 4a feira, quando decidi ir visitar o meu Clínica Geral por causa de uma irritação na pele. Contrariamente ao esperado, atendeu-me um outro médico, bastante novo, que vim a perceber estar sob a alçada do meu médico, em período de aprendizagem.
Como novato que é, notava-se um cuidado extra em explicar tudo e perceber bem o quadro clínico, procedendo a um questionário exaustivo. Após todas as questões respondidas, pediu-me então que me despisse e vestisse uma daquelas batas azuis "muita giras" e saiu da sala.
Assim fiz. A Inês despe, a Inês veste e fiquei 'a espera do seu regresso. Quando entrou, pediu que abrisse a bata. A Inês despe. Analisou atentamente todas as marcas na pele e apresentou o seu diagnóstico, mais uma vez meticulosamente explicado. Mesmo com todas estas cautelas, decidiu chamar o meu médico, para confirmar a conclusão a que chegara. "Vista-se que eu já volto". A Inês veste.
Esperei mais uns minutos e chegaram os dois médicos. "Por favor, afaste a bata". A Inês despe (a esta hora já pensava, mas porque raio estou sempre a pôr e a tirar a bata? Mais vale ficar em pelo e pronto). Em típico diálogo de macho alpha para um outro macho, inferior, o meu médico refutava entusiástica e acaloradamente o diagnóstico do novato:
"See here, see here?" - levanta o braço da Inês, baixa o braço da Inês. Empurra para a frente, vê as costas. Empurra para trás, vê a barriga. Empurra para o lado, vê a cintura. Eu parecia um autêntico boneco.
"This is bla, bla, bla..." - dizia ele
"Do you think? But isn't this the "christmas tree" pattern?" - respondeu o novato
"How appropriate!" - pensava eu - "E' para combinar com a época festiva"
"No, no, no!" - continuava o meu médico, animadíssimo - "Let's call Dr. Bla, bla, bla"
"Ena, ganda festa" - pensei eu novamente para os meus botões (ou para a ausência deles) - parece que este pessoal conhece o Zeca Afonso e está a seguir 'a letra o que ele dizia: traz outro amigo também, venham mais cinco... porreiro".
"Get dressed. We'll be right back". Sairam da sala mas nem me dei ao trabalho de pôr a bata de volta. Já sabia que a ia tirar em menos de nada. Passado um bocado entram então o novato, o meu médico e uma outra médica, dermatologista.
Aproximando-se de mim e fazendo de novo todas as acrobacias com o boneco Inês, o meu médico mostrava agora 'a médica as marcas e a conclusão a que chegara, bem como as conclusões erradas a que o outro chegara, agora alguém muito secundário em toda a cena. Por esta altura eu já pensava que tinha algo extremamente raro, daí toda a azáfama.
"Três médicos?!? Não pode ser coisa boa não".
"So, what do you think?" - perguntou o meu médico 'a dermatologista.
"Hhmmm", balbuciou de forma desinteressada, "You're right"
"So, what is your suggestion for treatment?"
"Nothing"
"Pô", tanta coisa para no fim não ser nada?
Estou a brincar, é óbvio que é bem melhor assim. Pelos vistos, a irritação, da mesma forma que veio também se irá embora mas, depois de me sentir macaquinho de circo ou de Zoo, com 3 pares de olhos postos em mim, estava 'a espera assim de algo... complicado.
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5 comments:
Isto fez me lembrar daquela senhora que ficou com seu ego destroçado por ter deixado de ser a mulher com as maiores pernas do mundo do Guiness Book of Records. Alguem lhe havia passado (a perna.. ah ah) à frente. O que uma pessoa chega a desejar para receber atenção.
Mas vamos la a saber, o novato smp era giro ou que?
Por acaso, não estava nada mal não! ;)
imagina se fosse algo de sério....viria o hospital todo!!!!
Para mim, para mim, ficaram espantados com tanta beleza....calma, refiro-me â tatuagem.
O desfecho deste embróglio lembra-me aquela anedota, em que Jesus vem à Terra e substitui o médico das Urgências dum hospital. De uma longa fila de doentes em espera, segue um inválido, na sua cadeirinha de rodas. Jesus, ciente dos seus poderes, ouve-o, levanta-se e diz, pondo-lhe ãs mãos na cabeça: LEVANTA-TE E ANDA.
Melhor o fez o aleijado... À saída, de cadeira desarmada e debaixo do braço, os restantes perguntam: - Quel tal o médico novo??? É bom???
Ao que ele responde: - São todos iguais, caraças, nem um medicamento, uma radiografia, nada....
Hehehehe. Essa está muito boa! Já não me lembrava que a sabia, mas aplica-se perfeitamente.
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