1.30.2010

Incompetência: do pilim não se esqueceram eles


Toda a gente que por aqui passou, ficou a saber que a minha tese de doutoramento foi uma dor de cabeça, como qualquer tese que se preze. Mas, felizmente a prova foi superada e, virei Doutora.

Ora, estava eu muito descansadinha da vida quando, 4a feira passada, recebo um email da Faculdade de Ciências: "por favor, contacte-nos com a maior urgência acerca do seu Doutoramento". O que é que será que estes gajos querem?

Pedi aos meus pais que me fizessem o favor de ligar para lá e averiguar o que se passava. Ligaram ,falaram e só puderam rir da burocracia típica nas faculdades, que só serve mesmo para atrapalhar, pois eficiência não tem nenhuma.

Os desgraçados estavam aflitíssimos porque, ao que parece... eu tinha que marcar quanto antes a defesa da minha tese. O quê? exclamou o meu pai. Só pode haver um engano! A nossa filha defendeu o ano passado, em Maio e, nem de propósito, ontem mesmo fomos levantar o Diploma 'a Reitoria. Lá balbuciartam alguma coisa, verificaram que são uns incompetentes e o assunto ficou por aqui.

Incompetência, neste e noutros casos, não me surpreende nada. O que me surpreende sempre e muito, é que esta incompetência é maioritariamente parcial, pois para cobrarem serviços e receberem os pagamentos, o sistema funciona sempre.

E é isto que temos!

1.29.2010

Caim


Terminei hoje a leitura de "Caim", de José Saramago. Recomendo!
Não pude deixar de rir com as tiradas desconcertantes, inesperadas e contudo inteligentíssimas. Fez-me pensar... e concordar.

1.28.2010

Avatar



Então, finalmente fui ver o Avatar.

Nunca me teria passado pela cabeça ver um filme deste tipo, não fosse a histeria que se desenvolveu 'a volta do mesmo. Assim, tinha que ver para poder saber o porquê de tanto alarido.

Concordo que Pandora é lindíssimo. Aqueles cenários são espectaculares, as cores, as luzes, as 'arvores, os Na'vi. Tudo muito bonito. Achei também inteligente a forma como o realizador foi buscar ideias já conhecidas actualmente, tal como a analogia da rede neuronal 'a rede formada pelas raízes e tudo mais, e como incorporou isto na cultura dos alienígenas. Mas... pára por aqui. Só foi isso que consegui achar interessante.

Não achei que fosse uma história arrebatadora, com um guião riquíssimo. Foi uma tristeza ter-se caído mais uma vez nas piadolas fáceis e "americanizadas" do tipo "despacha lá isso que eu quero ir jantar a casa", enquanto se preparam para destruir uma civilização, por exemplo. O que ainda podia ter safado a coisa eram os efeitos 3D mas, mesmo esses, passaram-me ao lado. Por várias vezes que me questionei se o meu cérebro estaria a processar bem o efeito 3D pois, para mim, tê-lo ou não ia dar no mesmo. Não achei que enriquecesse o filme.

Portanto, não me entusiasmou muito, para além de concordar que, visualmente, Pandora é fantástica.

Estava até com receio que o 3D me deixasse enjoada uma vez que, tal como referi aqui, sou uma enjoadinha e todo aquele movimento me podia ter deixado 'a banda. Afinal não, não foi o movimento que me deixou 'a banda mas, em vez disso, uma infecção viral que me começou a atacar durante o filme.

Um amigo bem me dizia que eu não devia ir ver o filme, porque ir ficar mal disposta. Ele tinha razão, só não pensei que fosse mal disposta desta maneira :P

1.25.2010

Botas de Ski para fazer xi-xi*



As botas de ski, tirando a serventia para que foram desenhadas, são extremamente desconfortáveis. Apertam imenso nas canelas e na barriga das pernas e quando caminhamos com elas mais parece que somos astronautas na lua. Ainda me lembro da primeira vez que calcei umas e de como me ri que nem uma parola com aquela sensação. Descer escadas com as botas nos pés é uma outra modalidade que nos põe a fazer figuras de debilóides... toc, toc, toc, lá se vai quase aos trambulhões, afastando as pernas como se fossemos os homem-de-lata do feiticeiro do Oz. Eu opto por descer as escadas de costas mas nem assim a coisa fica muito melhor.

No entanto, no meio deste desconforto todo, descobri algo para o qual estas botas são ideais (para além de esquiar, obviamente). Estas botas são óptimas, nem mais nem menos do que, para fazer xi-xi em casas-de-banho públicas. Isso mesmo, leram bem. Fazer xi-xi sem sentar o rabiosque na sanita. Geralmente tem que se aguentar ali, de pernas dobradas, fazendo um belo exercício de quadrícipes mas, com as botas de ski, a gente apoia-se nas botas e já está. Como elas naturalmente inclinam uma pessoa para a frente, basta a gente pôr o peso para trás e a coisa funciona.

Quem é amiga, quem é? Agora já sabem, se souberem que vão ter que usar casas-de-banho desconhecidas, nada como andar com um "parzinho" de botas de ski na malinha (sim, porque as botas são muito pequeninas, cof, cof) e têm o problema resolvido. Qual spray de lixívia e desinfectante qual carapuça! Botas de ski é que é :)

* Não, não é um poema! :)

MIGAGAAAAAA!!!!!!!!



Se ficaram curiosos para saber o que é "migagá" então leiam até ao fim! :)

Este fim de semana estreei o passe de ski desta temporada e fui esquiar. Fui com pessoas que desconhecia mas com quem fiquei em contacto por via de um amigo comum. O desconhecimento foi só evidente quando nos encontramos, pois não sabiamos quem esperar, mas logo isso passou e foi como se tivesse passado o dia com amigos que já conhecia há muito tempo.

Eramos 4, eu, uma Alemã e 2 Alemães e 'as 6 da manhã lá fomos nós para New Hampshire.
O dia estava excelente, nem frio nem quente, o ideal para não se congelar nos elevadores e também para não se transpirar imenso aquando das descidas. O sol brilhou, o céu esteve azul a maioria do tempo e a neve estava boa.
Estava felicíssima: já tinha saudades do branco, do esfregar dos skis na neve, daquela paz e daquele silêncio que se sente quando paramos numa das pistas e não se avista ninguém por uns momentos.
Foi óptimo e, até o que poderia ter dado para o torto, acabou por ser um dos pontos altos do dia.

A primeira coisa foi que, eu, moi meme, a je...esquiou numa pista preta pela primeira vez!!! Para quem não está familiarizado, aqui nos EUA as pistas sobem de dificuldade consoante a côr: a mais fácil é a verde, seguindo-se a azul, a preta e a preta com 2 diamantes (double black, como eles dizem). Até agora eu ficava-me pelas azuis, algumas azuis escuras, mas não me arriscava nas pretas. Ontem lá me convenceram e a coisa nem foi tão difícil quanto eu esperava.

Ao descrever a pista 'a L., em Alemão, J. exclamava qualquer coisa como "migagá! migagá!". O que é que é Migagá, perguntei eu. Riram-se. Não é migagá mas sim "mega gail", que quer dizer super cool e, de facto, a pista era excelente e com neve fantástica. Assim, a partir daí, enquanto descíamos a pista e passávamos uns pelos outros, gritávamos "migagá!!!!!". Ficou a palavra do dia :)

Penso que a pista não era uma super preta mas era sem dúvida mais inclinada do que as azuis e consegui descê-la sem grande dificuldade. Liguei toda entusiasmada ao David para lhe dar a boa nova, ao que ele respondeu também com entusiasmo mas ao mesmo tempo com preocupação: "ai, lá vou eu passar o dia ainda mais preocupado!!"

Mas tudo correu bem. Caí uma só vez, mas até foi em terreno fácil, numa pista azul... tudo por causa de uma cambada de putos que decidiu "estacionar" no cruzamento de 2 pistas. Ao tentar desviar-me. acabei por me espalhar e mandar um ski pelo ar, mas nada de grave.

A segunda coisa aconteceu no elevador. Eu e F. iamos na cadeira da frente e J. e L. iam na cadeira atrás da nossa. F. tirou uma foto a J. e L., depois tirou uma a mim e por fim pediu que eu lhe tirasse uma. Tirei a minha luva, pousei-a na cadeira, agarrei na máquina, tirei a fotografia (plim), devolvi a máquina e, quando ia a calçar novamente a luva quem disse que ela ainda estava onde a deixei? Sem reparar devo tê-la mandado borda fora e lá foi ela para toda aquela neve por baixo do elevador. Como se não fosse mau o suficiente esquiar sem luva (lá ia eu tentar esquiar de mão no bolso... havia de ser giro. Estiloso, no mínimo), aquela era uma luva importantérrima, pois foi o David que mas ofereceu no Natal passado. Porque eu me queixava de ter sempre muito frio nas mãos quando ia esquiar, ele foi 'a loja e pediu a luva mais cara, mais pró, mais XPTO, mais quente, mais cocó possível... e eis que me deu estas super luvas, que adoro.

Chegados ao topo da montanha, lamentei-me aos meus amigos, mas eles não me deixaram desanimar. F. deu-me logo uma das luvas suplentes dele para que eu não congelasse da mão e os 3, juntos, começaram logo a engendrar um plano para conseguirem resgatar a luva. O maior problema é que o terreno por aquelas bandas era perigoso, com montes de pistas pretas e double-black e só umas quantas azuis (escuras), que eram as quais eu fazia... estava feliz por ter feito a pista preta mas não me queria armar em campeã e acabar toda partidinha numa double-black :P

Eles disseram-me: Inês, não te preocupes. Desce a montanha e curte. Vai lá para a pista azul que nós tratamos disto. Vamos por esta pista preta e lá pelo meio vamos tentar entrar pelas 'arvores e encontrar a luva. Acedi, mas não sem antes pedir encarecidamente que não se estatelassem contra nada só por causa da luva.

O combinado foi que nos encontrassemos ao fundo da pista, junto ao elevador. Quando lá cheguei, encontrei-me com J. e L. mas... cadê o F.? Nenhum deles sabia, afinal, ele vinha logo atrás. Esperámos um pouco, perguntámos 'as pessoas que desciam se tinham visto alguém parado na pista e um Sr disse que sim, que tinha visto alguém pelo meio das 'arvores... só podia ser o F.
Esperámos mais um pouco e, precrustando pelo caminho em baixo do elevador que subia, eis que o conseguimos avistar. A caminhar, com botas de ski (que não dão jeito nenhum), lá vinha o F. pelo meio da neve, com uma luva na mão. Ficámos felizes, essencialmente por o ver são e salvo mas também pelo vislumbrar da luva mas... 'a medida que ele se aproximava, algo estava errado. A luva que ele trazia era preta e branca... mas a minha era branca e preta. Um pequeno detalhe mas que, quando ele chegou ao pé de nós e nos mostrou a luva, confirmou que os esforços tinham sido em vão. F. tinha trazido a luva que outro alguém tinha deixado cair.

Vamos de novo, disse J. imediatamente. Desta vez, vamos com atenção no elevador, para vermos mesmo onde é que a luva está. Lá subimos nós de novo, mas desta vez, em vez de apreciarmos a paisagam, fomos com os olhos colados no chão por baixo de nós. Está ali!! disse um de nós. Apreciando o terreno em volta J. disse: temos que ir pela double-black!! Pah, vocês não se partam todos, vejam lá. Se não der não dá!! disse eu, mas eles disseram: relax... migagá!!!!!
E lá foram eles!

Eu desci novamente sozinha, eles foram para a double-black e, quando cheguei ao fundo, fiquei 'a espera... e nada de ninguém aparecer. Passados uns minutos, vejo um pontinho a mexer por baixo do elevador. Era o J. que via a "snowboardar" por entre as 'arvores cortadas e os postes do elevador. "Ai que o gajo se me parte todo!!" pensava eu. Mas não!! Não só ele não se partiu, como encontrou a minha luva e apareceu com um sorriso rasgado de orelha a orelha, claramente com um rush de adrenalina enorme a percorrer-lhe o corpo de tão excitado que estava:
- Inês, teres perdido a luva foi a melhor coisa que podia ter acontecido!! A neve por baixo do elevador é puro pó!! Foi o melhor snowboard que fiz nos últimos anos!!!

E estava felicíssimo e eu também!! :)

Migagá!!!!!!!!!!

Oops, lá se foi o Picasso!



A isto eu chamo uma queda em grande.
Cair em cima de um Picasso não é para todos :)

1.19.2010

Mudança de sorte

Vá lá, nem tudo foi mal e ontem o dia nem acabou da pior maneira.
Ao regressar do cinema, encontrei $10 no chão. Acho que o Sr. do Azar se quis redimir.

1.18.2010

Mau dia



Isto hoje não está a correr muito bem:

- De manhã o carro foi para a oficina, meio pifado.

- Pedalei para o lab debaixo de neve/chuva, cheguei com os pés ensopados, pois descobri que as botas deixam entrar água... as duas!

- Chegada a casa, saí para deitar o lixo e fiquei trancada no lado de fora.

Pelo andar da carruagem, ainda acabo a noite no hospital (salvo seja, ouviste, Sr. do Azar?)

1.12.2010

Brigada canina



Por causa do caramelo do terrorista que decidiu experimentar efeitos pirotécnicos no vôo que ia para Detroit, a segurança no aeroporto esteve bem mais apertada do que o costume, quando regressei a Boston.

Estes cãezitos, tão giritos e engraçados, andavam com os seus belos coletes de "brigada" a cheirar tudo o que era malas e pessoas. Comecei logo a ver a minha vidinha a andar para trás pois, como de costume, trazia os meus goodies todos nas malas que despachei no check-in, aka bifes recheados, bôla, salpicão, chouriço, língua estufada com ervilhas (e mesmo assim, vinha a meio gás, com medo que as coisas desta vez não passassem).

Ainda com um restinho de esperança, respondi um solene "não" quando o guarda da alfândega me perguntou: do you have any "tchôrissa"... era verdade, eu não trazia chouriça mas sim chouriço, hehehe.

Logo, logo pude deixar de rir. Quando as malas chegaram a Boston, cada uma apresentava sintomas de que os cães me tivessem denunciado: uma vinha aberta, a outra bem mais leve. Claro está, que tudo o que era comidonga deliciosa já lá não estava.

Bem que os cães fizeram um belo farel 'a minha conta... se eu fosse cão também não resistia ao cheirinho daqueles salpicões... aaaiii!!

1.08.2010

Clara Pinto Correia- Ensandeceu de vez

Que a Clara Pinto Correia não bate bem da bola, já eu tinha percebido há muito tempo, mas que podia ser ainda mais ridícula do aquilo que já é, é que não me passava pela cabeça que fosse possível.

Se não veja-se: como se não fosse já mau o suficiente ter plagiado vários artigos há uns tempos atrás, mais recentemente deu-se a figuras bastante tristes num programa de televisão, onde dançou qual musa paralítica, entrevadinha das canetas (acho que nem alguém em pós-operatório 'a coluna dançaria tão mal).
Vejam só que lindo espectáculo:





Agora, para que o cenário de loucura ficasse totalmente completo e não sobrasse espaço para dúvidas de que está prontinha para se mudar de malas e bagagens para o Júlio de Matos, a senhora lembrou-se de fazer uma exposição, a "Sexpressions", onde vão estar em exibição 10 fotografias dela, tiradas pelo marido da dita (que também não deve ter os berlindes todos), enquanto pinam.

A avaliar pela amostra, ela é tão boa na cama como a dançar... ou então ainda "melhor".

"Sexpressions"??? Cá para mim parece-me mais que a mulher ou anda metida nas drogas ou está a fazer cocó com uma crise de hemorróidas (aquela última foto até mete medo).



1.06.2010

Enjoadinha



Sou uma enjoadinha e não há volta a dar-lhe. Não que seja snob, esquisitinha, nojentinha mas, literalmente, uma enjoada. Sou, até 'a data, a pessoa que mais enjoa que conheço.

Para além de enjoar em situações comuns, como sejam com certos cheiros, a andar de barco ou dentro de um carro numa estrada cheia de curvas (tipo estradas como as que vão para a Régua ou para Chaves... ai que tortura!!), eis que também enjôo em situações menos comuns... e parece-me que, com a idade, a coisa só tende a piorar.

Há tempos dei por mim quase a vomitar ao microscópio. Eram as amostras a passar-me 'a frente dos olhos e o meu estômago a revirar-se com o movimento.

Também me meti uma vez num simulador, jurei para nunca mais. Saí de lá mais verde que uma tartaruga!

Numa outra ocasião, fui visitar o meu melhor amigo ao Luxemburgo e aproveitámos para ir a uma feira tradicional da cidade. Ao ver um dos carrocéis, decidimos andar. Quando já em pleno andamento, roda para aqui roda para ali, eis que o meu estômago se decide virar ao contrário mesmo ali e, sem dó nem piedade, borrifou toda a gente. O que vale é que com o "barulho" das luzes ninguém conseguiu perceber de onde vinha aquilo... aposto que se soubessem, nunca mais me deixavam pôr os pés o Luxemburgo.

Este ano, enquanto andava a fazer snorkeling na Isla Tortuga, com os peixinhos, tão coloridos e bonitinhos 'a minha volta, tudo tão girinho e engraçadinho, também me começou a dar o amoc por causa do balançar da flutuação quee lá mandei eu o respirador para o galheiro. No regresso da ilha, ao chegarmos 'a praia, o barco também andou para ali aos safanões e, mais uma vez, lá fui eu dar comida aos peixinhos. O curioso da situação é que aquilo saiu verde fluorescente. "Verde fluorescente?! Mas o que é que eu comi com esta côr??" pensava eu enquanto continuava na faina mas, depois é que percebi: amarelo com o azul dá verde. Se chegarem alguma vez 'a parte em que já só sai bílis e por acaso estão em águas paradisíacas, podem sempre entreter-se a fazer esta experiência para ver se o tempo passa mais rápido.

A última sessão foi agora no vôo para Portugal. Imaginem, um vôo suave, suave, sem turbulência, calmo, clamo, tudo tranquilo. E aqui a Je, agarradinha ao saco de papel, não uma, não duas, não três mas... cinco, leram bem, cinco vezes. Aposto que a pessoa sentada ao meu lado julgou que eu andava metida nas drogas ou qualquer coisa do género. As hospedeiras já estavam a ver que não tinham sacos suficientes. Pelo sim, pelo não, quando saí do avião, ainda me deram mais uns quantos sacos plásticos, não fosse o festival continuar.

Lindo, não é?

1.04.2010

Inês: a prenda



Este ia ser mais um natal nos Estados Unidos, a juntar ao do ano passado (excelente por sinal).

Porque a conjunctura económico-laboral não era a mais conveniente, a decisão já tinha sido tomada há muito tempo. Aliás, estava tão tomada que até já andava a organizar há uns tempos a leva dos presentes daqui para Portugal.

AP, a alma caridosa deste ano tinha até já enviado aos meus pais os horários do seu vôo para que, na 5a feira, dia 17, estivessem 'a espera dela no aeroporto. Assim, ela dar-lhes-ia os meus presentes e eles, em retorno, entregar-lhe-iam pequenos miminhos para este lado do oceano.

Este era o plano até 2a feira de manhã, dia 14, altura em que uma catadupa de eventos felizes, incluíndo uma conjunctura económico-laboral bem mais favorável e promissora e um maridão que desde sempre insistiu para que eu fosse passar o Natal a casa, fizeram uma reviravolta nas teias do futuro e eis-me com uma passagem na mão, 2a feira 'a noite... para 4a feira, dai 16. Ou seja, também eu iria chegar a PT na 5a feira... tal como a minha amiga dos presentes.

Num passe de mágica e cumplicidade eis que em menos de nada AP já estava a mandar aos meus pais um email para os avisar de que tinha havido umas mudanças no vôo dela e que, afinal, ia chegar num outro horário na 5a feira (qual horário... o do meu vôo, claro).

Assim, quem ia chegar ao aeroporto não eram as prendas mas sim eu... os meus pais sempre me disseram que eu lhes saí uma bela prenda. Está visto que estavam certo, heheh!

O plano era tentar chegar ao pé deles, na 5a feira, bater nas costas do meu pai e perguntar "olhe desculpe, são os pais da Inês?" e depois aparecer eu: tchanam!!!!! Mas eis que a coisa acabou por não ser assim. Passo a explicar.

Quando saí das portas do aeroporto, quis passar despercebida e por isso ia de cabeça baixa e com o cabelo a cobrir-me o rosto. Contudo, eu tinha que dar uma espreitadela para ver onde é que os meus pais estavam. Quando o faço e encontro a minha mãe, naquele preciso momento ela estava a olhar para mim:

"Oh, já me descobriu!!! Lá se foi a surpresa!"

- pensei - mas estava tão excitada e feliz com a situação que desatei a acenar e a rir para ela.
E a minha mãe.... nada de nada de reacção!! Impávida e serena a prescrutar todas as pessoas, a ver se encontrava a AP.

"Yupi!!! Ainda bem que a minha mami é pitosguita. Não me viu! Assim, vou continuar a surpresa e aproximar-me deles!!"

Continuei, desci a rampa, vou-me a dirigir para eles e, ainda distante de conseguir fazer a surpresa, eis que desta vez é o meu pai que olha para mim:

"Oh, já me descobriu!!! Lá se foi a surpresa! Agora é que foi, afinal já estou perto deles e o meu pai não é nada pitosga, antes pelo contrário"

E o meu pai... nada de reacção !! Impávido e sereno a prescrutar todas as pessoas, a ver se encontrava a AP.

"Atão, mas está tudo cego?!?!" E aqui já nem pensava na surpresa porque já só me ria da situação e aproximei-me cada vez mais, a passos largos, com um sorriso rasgado no rosto. E, quando já só a uns passos dele, eis que o meu pai finalmente me "vê", com olhos de ver.

Agarrou de imediato no braço da minha mãe, sem desviar o olhar de mim, que agora só era interrompido pelo constante pestanejar, como se não acreditasse no que via. Abanou a minha mãe, continuando a olhar para mim:

" Olha a Inês!?! Não, não pode ser?!!!" - afirmava e questionava ele em simultâneo.

A minha mãe... nem lhe ligou! Julgando que estava no gozo continuava com o nariz no ar a olhar para as pessoas, não fosse ela perder a AP. Até tinha ido procurar nas fotos do nosso casamento no dia anterior quem era a minha amiga, para ter a certeza que não lhe passaria despercebida.

E o meu pai, continuava naqueles milisegundos que parecem minutos, de agitação, dúvida, espanto, surpresa, e mais dúvida e mais dúvida! Até que finalmente percebeu que sim, era eu.
Ficou lívido, de braços caídos ao longo do corpo, sem reacção, balbuciando "Então?! Mas.... mas estás aqui?! E a AP?! Mas....". Acho que na cabeça dele já duvidava dos mails que trocou, da informação que recebeu... de certeza que até lhe deve ter passado que se calhar eu lhe tinha dito que ia e ele não leu bem o email e lhe passou ao lado. Estava pior do que o Tomé, pois mesmo vendo continuava sem acreditar... coitadinho!

A minha mãe, entretanto, perante a insistência do braço que a agarrava e a abanava seguido de súbita acalmia, finalmente virou-se na minha direcção. Quando me viu, nem 1 segundinho de dúvida lhe percorreu aquela cabecinha de andorinha. De imediato um "oohh" de espanto, um sorriso escancarado, um ataque de riso, um rosto congestinado, vermelho e abraçou-me logo.

E foram tantos sorrisos!! Meus e da minha mãe, que o meu pai ainda ficou sem reacção por uns momentos... coitadinho!

Não haja dúvidas que a área das chegadas de um aeroporto é dos lugares mais felizes do mundo, mas quando o reencontro das pessoas se reveste de surpresa, a alegria consegue ainda ser maior. Foi lindo!!!

"Olha a nossa prenda!!! Que bela prenda!!", exclamavam eles aqui e ali.

E já dentro do carro, a caminho de casa e com a conversa a decorrer, o meu pai volta e meia ainda abanava a cabeça e quase se beliscava para ver se estava acordado e balbuciava, acariciando-me o cabelo:

"Olha a nossa Nês, está aqui connosco!!!"

Coitadinho! :)

Lhasa



Nem queria acreditar quando há momentos li a notícia.
A cantora Lhasa morreu. Calou-se uma grande voz... e tão nova :(

A primeira vez que ouvi falar dela, nem sequer dei muita atenção. Na altura em Nova Iorque, a Sarita veio ter ao meu lado laboratório para saber se eu queria ir ver Lhasa, naquela noite. Porque não a conhecia, não me mostrei muito interessada. Eu não fui e a Sarita também acabou por não ir. Só passados uns tempos é que parei para ouvir esta cantora e me arrependi desde então de não ter aceitado a proposta da Sara. Adorei o som dela e fiquei fã.
Até hoje, altura em que ouvi sobre a sua morte, que esperava pela oportunidade de a ver ao vivo.