1.22.2012

A Descoberta


Embora já com um atraso de 7 dias, o facto de ter obtido um teste de gravidez negativo no hospital na semana anterior (por causa da zona), seguido de uma visita à ginecologista uns dias depois (para o que foi só uma visita de rotina), a falta da menstruação não me fez suspeitar que pudesse estar grávida. Para além do mais, já há dias que andava com aquela sensação de que o período me ia aparecer: pequenas cólicas, algum mau estar, dores nos peitos. O normal.

Contudo, não sei porquê, naquela 3a feira de manhã, 13 de Dezembro de 2011, verificada mais uma vez a ausência de qualquer sinal de sangue, deu-me para fazer um teste de gravidez.

Até então, ocasiões em que só um dia de atraso já nos deixava ansiosos e nos levava a fazer um teste, foi sempre ponto assente que o faríamos juntos. Houve até uma vez que o fizemos pelo Skype, de tão importante que era descobrirmos a possível boa nova juntos. Convencidíssima que estava de que ia dar negativo, nessa manhã nem sequer esperei que o David acordasse e o presenciasse comigo. Foi mesmo só por um descargo de consciência.
Qual não é o meu espanto quando, pela primeira vez em toda a minha vida, aquele tracinho a mais apareceu, quase que de imediato, ‘a medida que o líquido percorria os visores do teste.

Penso que fiquei uns segundos a olhar para aquilo.
Como boa cientista que sou, tentei conciliar toda a informação que possuía: estou grávida? mas, espera, não pode ser! mas… pois, a legenda está certa… um mais aqui quer dizer que sim, que estou grávida. Então e o teste negativo? E a ginecologista, é cegueta? C’um caneco… estou grávida!!

E foi num misto de incredulidade e felicidade que ali fiquei, sentada na sanita mais não sei quanto tempo, com o coração a bater e os pensamentos a mil.

Lembro-me de imediatamente querer proteger aquela vida tão frágil.
E dirigi os meus pensamentos para os meu queridos Avós, para que, lá de cima, como até agora têm feito comigo, protejam agora esta nova geração e a amparem de forma segura, como seguro foi sempre o abraço com que me envolveram.


Com a minha Avó-madrinha, 1978


Com o meu Avô, 1979

E dirigi o meu pensamento ‘a Dani, “mãe” de tantos afilhados, cuja vida lhe negou um filho. E entreguei-lhe, ‘a Dani, o meu, para que seja a sua Dinda trans-terrena, iluminando e amparando esta ervilhita com o seu Sorriso e carinho.



Depois… já nem sei. Caiu-me em cima um peso pesado. Soube, com uma violência incontornável, que este peso nunca mais sairá das minhas costas. Não tanto relacionado com o conseguir sempre dar-lhe roupa, comida, um tecto, uma cama quentinha e segura (se bem que, confesso, uma das primeiras dúvidas parvas que tive ainda naquele momento também foi: como vou saber que carrinho de bebé comprar?). Embora tudo isto esteja presente, este peso refere-se a algo bem mais profundo.

Criar, educar, incutir valores a uma matéria prima tão valiosa. Moldar a sua personalidade e o seu carácter para que se torne um ser humano com H grande, correcto, respeitador, honrado. O medo, o receio, a ansiedade, a dúvida, a esperança. Basicamente, aquilo que é ser Mãe. Como percebo agora!

Quando dei por mim estava a acordar o David. Tentei fazê-lo de forma gentil, mas o David acordou sobressaltado, talvez detectando a agitação na minha voz.
- Que se passa querida? Está tudo bem? – estremunhado.
- Amor…
- Que foi querida? Que se passa? – agora já com os olhos bem abertos e apreensivos perante a minha expressão.
- Amor... estou grávida!!

E quando, pela primeira vez, verbalizei e ouvi em voz alta aquela afirmação, a emoção tomou conta de mim. De nós.
E chorei, enquanto o David me abraçava com um risinho nervoso.
- Um bebé, amor? Vamos ter um bebé?!? – sabendo perfeitamente o que naquele momento passava pela cabeça e pelo coração do David, não fosse eu estar ainda sob o efeito desse mesmo sentimento.

E ficámos ali, abraçados, a celebrar... numa turbulência de emoções.

8 comments:

APLeite said...

Fiquei com um sorriso... Continuem a celebrar a ocasiao!

enfermagica said...

Inês,
Que momento tão lindo e transformador.
Continue partilhando conosco.

.....
Ah vc lembra dos post do casamento?
Vc separa vários temas, na coluna à esquerda e do casamento não separou. Esses dias queria ver de novo - quando vc postou acabei conhecendo algumas músicas.

abraço

Anonymous said...

é mesmo isso tudo e tudo isso, filhota.
Alegria, ansiedade, medo até...mas é maravilhoso, verás.... e todas as dúvidas se dissipam naturalmente e a cada instante.
Ama-te muito
Madale

∫nês said...

Ju: já está lá o respectivo link. no lado esquerdo. Espero que gostes :)

Madalê: o que é bom é que se tiver dúvidas te tenho a ti!!

Paulita: Celebraremos sim senhora e sempre rodeados de quem nos quer bem e de quem gostamos... como tu e o Roger ;)

Glau said...

Me emocionei qdo soube pela primeira vez, de novo qdo recebi o email e agora, lendo sobre esse sentimento tão enorme e bonito. Que Papai do Céu ilumine sempre e muito essa vida que você carrega aí, amiga querida!

Bjos enorme da Tia Glau

Anonymous said...

Olá!
Mais uma vez não resisti a comentar um post teu...
Comentei há uns tempos atrás, não sei se te recordas...
E porquê esta impossibilidade de ficar quieta no meu canto (como é meu hábito)?
O que escreveste tocou-me profundamente... porque também eu estou grávida... porque também eu sinto o amor que me rodeia... porque também eu sinto o peso esmagador de que gero, não um bebé, mas uma vida... um Homem para o Mundo... para a Humanidade...
... e também eu nos entrego e o entrego aqueles que nos guardam com o seu amor lá do alto...
Muito Parabéns e muita, mesmo muita Felicidade...
Vanessa

Ana Nascimento said...

às vezes é quando menos esperamos que as coisas aparecem, e sabem tão melhor quando é assim! a surpresa torna o momento ainda mais especial! mais uma vez parabéns!

Amanda said...
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