6.29.2005

Concerto I

A sala estava a abarrotar. Embora enorme, o Carnegie Hall parecia pequeno para tanta gente. Sentia-se no público a excitação da antecipação de um excelente concerto. Não nos desiludimos: keith, Gary e Jack foram exímios. A música era redonda e o diálogo entre os músicos fluído. Via-se que tocavam com gosto, que apreciavam o que estavam a fazer. Embora todos músicos espectaculares, claro está que Keith Jarrett sobressaíu. No Trio ele é inevitavelmente a estrela e, cada vez que a “palavra” lhe era dada, poemas autênticos saiam das suas mãos, que mais pareciam extensões do próprio piano. Ele contorce-se, levanta-se do banco, dança, quase que se ajoelha… geme, canta. Fecha os olhos, aproxima o ouvido do teclado, vira a cara para o lado… ver para quê? Não precisa de olhar para o teclado, ele sente-o, é dele, é ele.
Uma interpretação com uma intensidade única.
Foi um deleite para os ouvidos e para os olhos. Senti-me bem, feliz, eufórica por vezes… quase que não acreditava que estava de facto a assitir ao vivo a uma actuação do Keith Jarrett. Ri, chorei, suspirei… é impossível não me deixar envolver por aquela música. Dejohnette e Peacock também foram impecáveis. As partes de solo que lhes competiram foram executadas na perfeição e igualmente sentidas. Por vezes, nem se conseguia perceber de onde saiam os sons que Dejohnette tirava da bateria. Literalmente, usou-a como instrumento de percursão que é, pois muitas vezes percrutia ritmos no metal ou nos aros. Peacock dançava com o contrabaixo. Mesmo ‘a distância adivinhavam-se os dedos longos e ‘ageis.
O público acompanhava as interpretações com exclamações e palmas aqui e ali. Sentia-se uma energia muito positiva.
Foi extraordinário… até ao momento em que Keith se aproximou do microfone.
Aí, foi o dissabor da noite.
Eu estava completamente embevecida com tudo o que estávamos a ouvir e assistir e, de todo, ‘a espera daquele balde de água fria.

Quando terminada a actuação, a sala inrompeu numa ovação ensurdecedora. Toda a gente se levantou. As pessoas batiam palmas entusiasticamente, com um sorriso estampado no rosto e, aqueles que queriam de alguma forma guardar um pouco daquele momento, tiravam fotos enquanto os músicos agradeciam. Saídos do palco, ninguém afrouxou. Os aplausos não arredaram pé até que o Trio entrou novamente na sala para nos presentear com o primeiro “encore” da noite. Assim que o público se apercebeu que iam tocar de novo, fez-se silêncio imediato e toda a gente ficou ‘a espera ansiosamente dos próximos sons. Versão de “Somewhere”, de Leonard Bernstein, West Side Story. Uma exclamação e palmas de reconhecimento do público. Uma vez terminado, nova explosão de palmas que continuou até que o Trio entrou pela segunda vez na sala. Aí, Keith vai até ao microfone e fala:
- After all these generations, people continue being Dumb (chamou-nos isto com todas as letras). Can’t you understand flashes bother people on stage (e o mais ridículo é que o pessoal só tirou fotos quando eles estavam a agradecer)? I wish you’d come up here and be flashed in your face to see if you’d like it. I have the sun glasses, but still doesn’t help. C’mon, this is New York, you can at least read can’t you?
Fiquei completamente estupfacta.
Quê?? Que arrogância!!! O pessoal ali, completamente rendido ‘a música deles e a aplaudi-los como nunca e o caramelo vem-me com aquele discurso, a chamar-nos estúpidos?? Foregodeseique (que é como quem diz, For God Sake :P)!!!!
O mais ridículo foi o que se seguiu. Disse:
- And do you want another “encore”? If so, behave yourselves!
No geral, o pessoal ao ouvir a palavra mágica (encore) borrifou-se para o que ele tinha acabado de dizer e desatou a bater palmas. Quer lá o pessoal saber se o Mr. Keith Jarrett “Star” está incomodado! A música é tão extraordinária que o insulto ficou em segundo plano… mas caiu mal.
Seguiram-se ainda mais 2 “encores”, estes sentidos (por mim) já de uma maneira diferente.

Reflexão

Tenho sempre dificuldade em lidar com a ambiguidade: pessoas que são musicalmente lindas e que produzem “o Belo” e depois… revelam ser assim… feias.
E’ para mim estranho como é que depois de dizer algo tão amargo, Keith se conseguiu sentar ao piano e imediatamente começar a tocar e a expressar sons tão diferentes, tão cheios de alma e de sentimento. Lindos mesmo!
Recordo que quando tocava piano havia sempre uns segundos antes da primeira tecla ser premida durante os quais me recolhia, ouvia o que ia tocar dentro da minha cabeça, para depois o começar a sentir no coração e saber que expressão queria que passasse das minhas mãos para o público. Inicialmente tive que saber educar esta dicotomia sentir-exprimir mas depois, o equilibrio era já inato e, o que transmitia era o que sentia e vice-versa. Passei a ser tão transparente nesse sentido que, nos dias em que as coisas não me tinham corrido lá muito bem ou estava desconcentrada, ao começar a tocar a Madalena (professora, mentora, amiga) de imediato percebia e dizia, sorrindo: “Já vi que hoje não estás muito bem disposta! Talvez devamos debruçar-nos mais em exercício de técnica e deixar o Arabesque nº2 de Debussy em paz… hoje não o estás a tratar muito bem!”
Sempre vi a Música como a forma mais fácil, natural e simples de uma pessoa expressar o que de mais sensível tem, o seu interior… aquilo que as palavras não conseguem abranger. E’ tão mais completa! Tem côr, tem cheiro, textura, intensidade, sentimentos…
Inconscientemente, parecia-me natural que alguém que sentisse e vivesse a Música assim seria inevitavelmente uma pessoa transparente, Bonita. Sempre me regi por esses padrões na maneira como aprecio as pessoas. Deslumbro-me facilmente se alguém fica com um brilho nos olhos e com dificuldade de se expressar ao falar de música… pois a música não se fala, sente-se!

Conheci na minha vida 2 pessoas para quem a música era escutada e vivida com as mesmas lentes magnificadoras e através dos mesmo filtros de cores e sensações com que o é para mim. Infelizmente, revelaram-se completos idiotas (e não estou a incluir o Keith nesta categoria, se bem que me parece que para lá caminha… mas não o conheço pessoalmente).
Curiosamente, conheço outro alguém que, em termos musicais, mais parece ter vivido isolado do mundo e que nunca viu na música uma forma de se expressar (basta dizer que Simon & Garfunkel ou Pink Floyd lhe eram totalmente desconhecidos até há uns meses atrás… e falo de alguém na casa dos 30) mas que se revela de uma sensibilidade e sensatez extremas quando ouve os meus desabafos e me aconselha… é uma pessoa Bonita.

Fico confusa….
Afinal, não é linear ver a pessoa que se encontra por trás da música… no geral.
Mas há excepções, certo? Tem que haver…

Gostava de não ter estas dúvidas. Era bem mais romântico e "cor-de-rosa" quando, ingenuamente, sentia que através da música conseguiria ver as pessoas por dentro e não me desiludir.

Bem, mas por outro lado, isto permite que por vezes consiga ter surpresas agradáveis também :)

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6.28.2005

Temporariamente Encerrado...

Para mudanças!
Hoje saio do apartamento onde vivi até agora.
Acho que os vizinhos vão dar pela minha presença...

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Essência

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Só quando se conheceram se aperceberam que até então nunca tinham experimentado a verdadeira Química entre duas pessoas.

Deslumbravam-se mutuamente.

Amavam-se fundindo-se. Era único.
Fundiam-se não só os Corpos mas também as Peles, os Cheiros, os Fluídos, as Palavras, os Gemidos. Perdiam-se nos Olhares Líquidos e Profundos, no Envolver de Mãos, Apertar de Coxas e Saborear de Lábios.
Tornavam-se Um como nunca antes tinha sucedido com ninguém. Complementavam-se, preenchiam-se.

Deslumbravam-se mutuamente.

Mesmo não estando juntos...
Ela sente-O...
Ele sente-A...
Cúmplices!

Certa vez Ele dizia-lhe:

“ – Qual é mesmo o teu perfume? Aquele Azul... hhmmm... não me lembro. Até a minha irmã dizia que "cheirava a ti" sempre que eu tinha estado contigo.
Hoje algo me recordou desse cheiro, do teu cheiro.
Lembrei-me de ti, lembrei-me de nós e então sorri!”

6.27.2005

Ressaca

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Ainda sob o efeito inebriante dos concertos da semana passada, preciso que me passe a "bebedeira" para ser capaz de escrever sobre eles:

- Keith Jarrett/Jack Dejohnette/Gary Peacok
- Paul Motian/Bill Frisell/Joe Lovano
- Stanley Clarke/Bela Fleck/Jean-Luc Ponty
- Cassandra Wilson.

Momento do Dia

Senti o cheiro a terra molhada em Manhattan.
Inspirei fundo e tentei reter aquele odor dentro de mim.

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Só pedindo aos Santinhos!

Fui ao oftalmologista.
Julguei que andava a ver mal mas, afinal, o meu problema é ver bem demais.

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"... And please let Mom, Dad, Rex, Ginger, Tucker, me and all of the rest of the family see colour."

6.23.2005

Lei de Murphy (Versão "Noiorquina")

Se estás 'a espera do autocarro M15 'as tantas da matina na 2a Avenida, todo e qualquer veículo de grandes dimensões, cheio de luzes e que, 'a distância, pareça o transporte prometido, será um camião do lixo.

(já para não falar que, certamente, chegaste exactamente 29 segundos após um autocarro ter passado e terás que esperar uma eternidade pelo próximo, pois estarão sempre atrasados :P)

6.22.2005

E' Hoje! E' Hoje!!!!

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Keith Jarrett

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Um Homem. Um Piano. Uma unidade.

Neste momento escuto o concerto em Paris, o meu preferido.
Tanto neste concerto como em todos os outros que gravou, totalmente improvisados tendo até o mais famoso de todos eles (gravado em Köln) a particularidade de se restringir aos registos médios do piano por falta de afinação do mesmo nos registos mais agudos/graves (o que em nada diminuiu a genialidade de Keith Jarrett... pelo contrário), este extraordinário músico faz com que a música adquira contornos humanos e vice-versa.

Ele respira música e a música respira-o a ele.

Ele transpira música e a música transpira-o a ele.

Há cores, aguarelas, penumbras, sombras. Um gemido, um cantar, um bater de pedal, de martelos, um ranger de banco, um abraçar do teclado, uma exclamação.
Prazer, dor, alegria, ansiedade, expectativa, tristeza, abandono.
Tormenta, acalmia.
Há cumplicidadde, identidade.
Confundem-se... a música, Ele, o piano, o sentimento...

E' lindo! Inexplicável.

Infelizmente, hoje em dia Keith já não nos presenteia mais com este tipo de interpretações. Fruto da intensidade com que os vivia e expressava, os concertos acabaram por o exaurir, tendo sofrido nos últimos anos de Síndroma de Fadiga Crónico... que muito romanticamente alguns preferem enunciar como um "estado de tristeza". Contudo, recuperou e actua ainda com o seu trio de há já muitos anos, que terei o privilégio de escutar amanhã no Carnegie Hall.

Embora actue com músicos excelentes, e falo de Gary Peacock e Jack Deohnette, não consigo conter a minha excitação ao saber que vou ver e escutar, ao vivo e a cores, O Keith Jarrett.

Alguém que sente e vive a música com tanta alma e que cria melodias tão imensamente intensas só pode ser extraordinário.
Adoro-o!

Já Chegou! Já chegou! :D

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Já tenho uma máquina de fotografar!!!!
Não é linda??
E' super "picolina", compacta e toda XPTO com 4.0 megapixels, 3.0x zoom óptico... (sim, as gajas também conseguem falar esta linguagem... não é só dizer: Oh, tão querida! - o que até é verdade, heheh).

Ohhhh, "My Precious"!!!! (dito com sotaque Irlandês e a bater com os dedinhos das mãos, em pleno êxtase).

Acho que o blog ainda vai ficar com mais fotos que o costume... ou então distraio-me tanto com a maquineta que me esqueço de escrever :P

6.21.2005

Afinal, podia ser pior

Lá que ando abananada ando mas, ao menos, não ao ponto de fazer figuras como a dos 3 matulões que hoje vi na East Village. Reuniam-se 'a volta de uma casca de banana sobre a qual saltavam, qual surfistas, para deslizar sobre o passeio... tipo "banana surf".

Menos mal... pensei que eu já fosse um caso agudo :P

Quero um Canito!!!!

Ao ver o pessoal a passear os cães na rua (e quando digo cães refiro-me 'aqueles grandes e não aos pequenotes, que mais parecem a pilhas) é frequente recordar-me dos vários que tive e dos risos que me provocaram em situações divertidas como esta.

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Tenho saudades!

6.20.2005

Inté

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Isto de Blogar é viciante e, sem dar conta, acaba sempre por ir noite adentro.
Vou dormir... amanhã há mais!

Minúcia Oriental

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Hoje fui cortar o cabelo a um salão oriental.
Cortam com arte e paz... sai de lá completamente Zen.

Mariza Transparente

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Já saiu o novo albúm de Mariza. Ainda não o tenho mas já escuto uma das faixas: Medo (Reinaldo Ferreira/Alain Oulman). A voz e a interpretação, como já vem sendo hábito, continuam cheias de alma e expressão... literalmente, transparentes.
Longe de Portugal, o Fado adquiriu para mim um novo significado.
Agora gosto e muito. Identifico-me com tantas coisas e tantos estados de espírito!

Estou ansiosa pelo dia 7 de Outubro, altura em que poderei escutar ao vivo o novo trabalho, no Carnegie Hall.

Uma excelente razão para vir até NY :)

6.19.2005

Essência

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Esquecia-se sempre de algo.
Deambulava nua pela casa depois do banho, ‘a procura de alguma peça de roupa que não encontrava no quarto. Passou pela irmã, que logo lhe perguntou:

- Que puseste na pele? O óleo “verde”?
- Sim – respondeu distraidamente, ainda ‘a procura da dita peça de roupa.
- Pah, em ti cheira sempre melhor! Cheira diferente! Já com o perfume é a mesma coisa. Se eu usar o teu, nunca cheira da mesma maneira. Sei lá… tens um cheirinho especial!

Help!! Estou a ser Atacada por Armas Biológicas!

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Voltou a acontecer!

Aaaahhhh!!!!!!
E' o ataque das Bananas!!!!

Passei por uma banca e... comecei a sentir aquele efeito... ai, ai, ai,...
Resiste Inês, resiste!!
Sê forte!!!
Run away from the light!
Say NO to the dark side of the Force!!

Eu bem tentei, mas não consegui. Lá comprei eu outro monte de bananas!! :P

Argentina?!

A semana passada fui até Boston para dar uma vista de olhos num apartamento (isto porque em Setembro me mudo para lá e tenho que encontrar tecto... mas isso já é material para outro post). Chegada ‘a morada, fiquei ‘a espera nas escadas, onde já se encontrava um senhor. Olhou-me com curiosidade e perguntou-me se era a Cathy. Respondi que não, que estava ‘a espera dela. Ele era o supervisor do prédio e iria abrir-nos a porta do apartamento para o podermos ver. Durante os minutos de espera trocámos umas palavras e, a meio da conversa, acabei por lhe perguntar o nome... afinal já estávamos a falar há algum tempo e as apresentações ainda não tinham sido feitas.
- Fernando! – respondeu.
- Fernando?! Are you Portuguese?
Certinho, direitinho. Nem de propóstio, a primeira pessoa que conheci naquele dia em Boston tinha que ser logo Tuga, nomeadamente Açoreano.
- Engraçado – disse ele ainda com o sotaque de S.Miguel – eu não diria que és Portuguesa! Bem, agora sim, acho que és muito Portuguesa mas, no início, por causa da maneira de vestir e falar, julguei que fosses… p’rái Argentina!

- Quê??? Argentina?!
Até arregalei os olhos de espanto!!

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Já me tinham dito antes que parecia Francesa, Brasileira, Inglesa ou Americana (vá-se lá saber como!)... mas nunca Argentina ou alguém de expressão Espanhola. Era irónico sem dúvida!! Farto-me de me meter com o sotaque do pessoal cuja língua materna é o Espanhol com quem tenho mais ‘a vontade ou sou amiga... quando falam Inglês e dizem “I rave” em vez de “I have” ou "Boodoo Doll" ou "In Bibo" em vez de "Voodoo Doll" ou "In vivo", respectivamente, rebolo a rir.
Desta vez... quem levou com o gozo fui eu. Toma lá para não te armares em Chica Esperta :P

PS – Mesmo assim, ainda acho que o Fernando era meio surdinho!

A Mística da Frying Pan

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Há dias regressei ‘a Frying Pan, barco bar/disco de que já falei no meu antigo blog. Exceptuando essa primeira vez, sempre que lá fui algo de particular aconteceu. Em Novembro, com o Ricardo e com o Hugo, amigos que cá me vieram visitar, tentámos ir até lá. Embora fosse Inverno, pensei que estivesse aberto. Ao chegarmos lá, nada contradisse esta suspeita, uma vez que havia pessoas dentro e fora do barco. Entrámos e deparámos-nos com bastante pessoal de copos na mão e com ar de que toda a gente se conhecia. Estranho, bem como também foi estranho ninguém nos pedir qualquer identificação nem pagamento mas… “olha, estamos com sorte!” e lá continuámos. Continuando a andar pelo barco vimos que nas diferentes divisões havia comida distribuída por mesas. “Olha, viemos parar a uma festa privada!”, disse.
“Ah, sim? Olha que fixe! O pessoal não se importa nada!” brincou o Ricardo, já a servir-se de uns salgados. A malta não se fez rogada e vai de “morfar”… até estávamos com fome. Ao mesmo tempo que deambulávamos por ali entrámos no esquema e cumprimentávamos o pessoal, como se os conhecessemos também. Depois de bebidos e comidos, e porque a música era uma porcaria, decidimos sair da festa.
Já cá fora, com um frio de rachar, batíamos com os pés no chão sem saber para onde ir de seguida. Afinal, era 6a feira ‘a noite! Tinhamos que ir bombar. Vamos para aqui, vamos para ali, entretanto aproximam-se de nós 2 rapazes, bem vestidos e um pouco mais velhos, já um pouco alegres.
- “So, were you at the party!”
Entreolhamos-nos…
- “Eerr… not really! We popped in by mistake and just ate something before leaving!”
- “What? And you didn’t even pay anything?”
Hhehee! Ao que parece aquele pessoal teve todo que contribuir para o aluger do barco mas nós, em grande estilo, tivémos tudo ‘a “borlix”.
- “No!”
- “Well done!!” disseram-nos, a sorrir meio inebriados e a bater nas costas do Hugo. “Were are you guys going now?”
- “We dunno! Any suggestion of a cool place to go?”
- “Sure, just come with us. We’re about to take a cab and go to this place on 6th Av.”
Entreolhamos-nos de novo:
- “ ‘Bora” – disse o Ricardo com o seu ar safado e a esfregar as mãos de satisfação.
Fomos no táxi com eles, pagaram a viagem e, ao chegármos lá, muito embora houvesse uma fila gigantesca, assim que saímos do carro e o porteiro os reconheceu, disse imediatamente: “Come this way”. Em grande estilo outra vez, lá entrámos nós ‘a frente do pessoal todo e, uma vez lá dentro, os rapazes insistiam em continuar a pagar a noite e vai de termos bebidas “ ‘a pala”. No fim da noite, hora de ir embora: “xauzinho, obrigada!” e lá regressámos nós a casa.
“Isto é mesmo “Noiorq”!!! Memo ‘a grande” repetia o Ricardo “over and over”

Desta vez, eu e a Célia, já dentro do barco, fomos ‘a procura das casas-de-banho. No regresso ‘a pista cruzámos-nos com um rapaz alto e algo familiar. “Hhhmm, eu conheço este tipo de algum lado!” pensei. Olhei para ele novamente e reconheci-o:
- “Sorry, aren’t you the DJ of Fauna Flash, the ones playing tonight?”
- “Yes” – respondeu timidamente e com o sotaque que só os “zi Germans” têm.
- “Hi! I am Inês and this is Célia!”. Estendi-lhe a mão prontamente, pois de cumprimentos Alemães sei eu bem. “We came we’re on purpose to hear you guys!”
Pronto, lá estava a situação da noite a acontecer. Blá, blá, blá, comecámos a falar. Ficámos a saber que o outro Fauna Flash (a quem eu e a Célia decidimos chamar Flash, pois este com quem estávamos a falar devia ser o Fauna :P) não iria actuar, porque foi ao médico há 2 dias atrás por causa de um problema no olho, e estava meio zarolhito podendo ficar cego e, portanto, não pode viajar. De certeza que ficámos a saber mais do que muita gente… connections, ppff! Falámos também de uns concertos em karlstorbahnhof, em Heidelberg, onde eu e a Célia vivemos antes. A Célia até disse que os viu lá mas, mais tarde, lembrou-se que afinal foi aqui… mas isso não interessa nada, porque o rapazito até era simpático e gostou das Portuguesitas :)
No fim despediu-se, dizendo que ia dar o seu melhor. Fez e prometeu, pois a noite, para além de ser curiosa pela “típica situação” foi também muito boa e bastante movimentada aos sons das percursões ao vivo e do DJ “Fauna”.

6.16.2005

Um Dia...

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Pousará o livro que está a ler para o deixar esquecido no colo moreno.
Puxará os óculos de sol um pouco para baixo, deixando que a luz do sol filtrada pelo chapéu de palha de abas largas lhe chegue aos olhos.
Então, o tempo parará e contemplará longamente o "Mar" na água azul. O seu Mar, aquele ao som do qual adormece e nos braços do qual se sente protegida e aconchegada: os Homens da sua vida!
Sorrirá e inspirará fundo, enchendo os pulmões de maresia.
Sentir-se-á a mulher mais feliz do mundo.

Essência

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Entrara no edifício da Embaixada.
Parecia um Bunker, por fora e por dentro. Aproximou-se do pequeno balcão para entregar os formulários ao funcionário que se encontrava do outro lado de uma grossa placa de plexiglass. A única comunicação entre eles fazia-se por um intercomunicador e uma pequena fresta, no fundo do vidro, pela qual deslizavam os papéis.
Durante o processo de transacção olhou para ela e, muito sério, perguntou-lhe:
- Excuse me Mam. Can I ask you something without you being offended?
Pensou imediatamente que houvesse algum problema com os documentos… era só o que lhe faltava.
- Sure – respondeu a medo.
- I couldn’t avoid feeling your perfume. Would you mind telling me what is it?
- Sure – respondeu, desta vez decididamente. Esta era uma pergunta fácil.

NY from the East Side

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Em vez de um pote de ouro ao fim de cada arco-íris, existe um Pôr-do-Sol ao fundo de cada rua.

E' mesmo a cidade que nunca pára

'As 4 da manhã encontro pessoas a fazer jogging.
Nunca sei se hei-de dizer JA' são 4 da manhã ou AINDA são 4 da manhã.

Abananada

Sem dúvida que nunca mais serei a mesma depois de ter estado em NY.
Ele há coisas que nem lembram ao diabo!

Nunca gostei muito de bananas.
Aquele cheiro e aquele consistência meia mole?!? Blach! Neste caso, não adoro o amarelo. Só se fossem muito verdes e rijas é que lá conseguia comer uma de vez em quando... e, e! O Rei fazia anos!
Quase que se podiam contar pelos dedos das mão as bananas que comi nos últimos 27 anos de tão poucas que foram. Chegava a esmiuçar a salada de frutas para tirar toda e qualquer rodela do fruto mafarriquento. Uma trabalheira, sem dúvida, mas mais que justificada. Detestava mesmo aquele sabor a banana!

Houve até uma vez em que preferi fazer uma desfeita a uma amiga a comer o bolo de banana e chocolate que tinha preparado especialmente para mim, quando a fui visitar na Alemanha.

Contudo, algo de estranho aconteceu recentemente. De há 2 meses para cá ando com tamanha vontade de comer bananas que me espanto a mim mesma ao parar numa banca de fruta na rua para comprar, activa e propositadamente, quem sabe? Quem sabe?
Ora pois, para comprar bananas!
Chego a comer 'as 2 por dia. Isto não é normal!
Ainda me questiono quanto ao que raio se terá passado.

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6.15.2005

Amigos!

Nos últimos dias deram-se 2 situações que, por diferentes razões, me deram a mesma sensação de conforto e alegria.
Feliz por me saber querida e apreciada por aqueles de quem gosto!

Procura I

Estava no messenger e abre-se uma janela:
"Estás aí?"
Era P. Somos amigos mas não falamos com grande frequência. E' quando calha!
Contudo, naquele dia, assim que entrou online, veio de imediato ao meu encontro.
"Sim, estou. Estás bom?"
"Inês!!! Estou a morrer de amor!!!"
Fiquei algo surpreendida... não esperei que falasse daquelas coisas comigo.
Trocámos impressões durante um bocado: "O que se passou? Porquê? Porque não? Vais ver que passa!..."
Então, a determinada altura disse:
" Queria poder-te ajudar e ser um ombro amigo mas... um pouco distante não? A um oceano de distância! Não posso fazer grande coisa! Porquê a mim e não a alguém aí perto de ti?"
"Digo-te a ti porque sei que és sensível e que me vais perceber!"

Procura II

Entrou no meu laboratório com os braços no ar, um sorriso de orelha a orelha e o ar mais feliz deste mundo, qual criança em dia de aniversário:
"Fui seleccionado!! Vou correr na Maratona de NY!!!"
"Ena!! Parabéns!! Que fixe!!!!". Bati-lhe no ombro com gosto. Estava mesmo feliz por ele. Ao tempo que andava a falar do quanto gostaria de participar no evento.
Estava deliciada com aquela felicidade tão genuína.
Um puto de 34 anos, literalmente! E ainda mais deliciada por ter vindo de propósito 'a minha bancada para partilhar a novidade comigo.
"Já sabes! Em Outubro tens que vir cá a NY para me apoiares!"
Como é que podia recusar? Claro que venho! :)

Deitaram-se

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"Ela olhou-o!
Havia um Mundo naquele olhar... Silencioso, Transparente, sem qualquer necessidade de palavras.
Aproximou-se e juntou-se a Ela."

De Cortar a Respiração

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Aqui em NY é comum passar pelas salas de cinema e ler em letras garrafais, a respeito de um qualquer filme, que é “Breath Taking!!”

Não resisto a imaginar a sala cheia de pessoal de mãos cravadas nas cadeiras e olhos arregalados, sem respirar e a ficarem azulados.
Como a Sara sugeriu, seria boa ideia instalarem máscaras de oxigénio que caíssem do tecto, como nos aviões... just in case! ;)

Leis de Murphy e Baldas ao Trabalho :)

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Acho as “Leis de Murphy” só estariam completas se incluissem a seguinte constatação:

- Todas as facas de cozinha que já não cortem carne, peixe, fruta, vegetais e sei lá que mais que devessem cortar, cortarão, SEM QUALQUER SOMBRA DE DUVIDA, todo e qualquer dedo que se lhes interponha.

E’ certinho, direitinho!
Nas últimas 2 semanas já testei a veracidade desta afirmação por duas vezes, com eficácia comprovada. 100% - Duas distrações, dois golpes valentes.
Lá foi a Inês de pensos rápidos para o laboratório que, ao fim de umas lavagens ou um período com luvas, logo sairam. Como a coisa quando em contacto com qualquer reagente começa logo a arder, acho que devia ir ter com o patrão e dizer-lhe:

- Oh Chefe! Estou com as mãozitas ‘a banda! Não consigo pipetar. Como os golpes precisam de cicatrizar, acho que seria boa ideia passar umas horitas lá fora a apanhar sol. Que tal?

6.14.2005

Essência

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- Ele disse-me que dormiram juntos!
- Sim, é verdade! – não a espantava a “cumplicidade” masculina (ou necessidade que têm de revelar as suas “conquistas”) bem como também não a surpreendia o "questionário". Homens!!
Sorriu.
- Deve ter sido... assim... algo, hein!?
Não respondeu.
- Nunca o ouvi falar assim antes... até referiu o teu cheiro. Algo único?!
Continuava a sorrir.

Sim, lembrava-se de o sentir invadi-la e de o ouvir sussurrar-lhe:

“ - Esse teu cheiro...!! ”
E perder-se nela...

Eugénio de Andrade (1923-2005)

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Devias estar Aqui

Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um

- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum.

de «Poesia e Prosa», O Jornal/Limiar, Lisboa, 1990.

O meu poeta favorito.

Gosto de Amarelo!

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Quase férias

Este Domingo foi excelente.

Foi passado na praia, na boa companhia de amigos. Para lá chegar, uma agradável viagem de comboio que nos ajuda a fugir dos arranha-céus e cimento da cidade para nos mostrar paisagens com verde, com água e casinhas prazenteiras. Depois, uma passeio de ferry-boat até ao nosso destino: uma praia de dunas, com a típica vegetação atravessada por passadeiras de madeira, areia fina e mar com ondas. Até fazia lembrar Tróia. Claro que o mar não é azul nem transparente como aquele a que estou habituada mas, não se pode querer tudo!

O dia foi passado relaxadamente a apanhar sol, a mordiscar umas cenouras, a conversar, a ler um livro ou a ouvir música. De vez em quando lá se tentava ir ‘a água mas, dada a temperatura gélida, só mesmo 3 corajosos mosqueteiros (o Rui, eu e Mariane), ou doidos (como lhes queiram chamar), se atreveram a mergulhar.

‘A noite, o revelador banho que deixa apreciar o resultado de um dia de exposição ao sol. Cara rosada, umas marcas de bikini, muito creme para hidratar a pele e a sensação de lábios salgados. Vesti umas roupas leves, calcei as sandálias e saí para a noite abafada, só arejada por uma leve brisa.

Fui até ao S.O.B. (Sounds of Brazil) com a Sara, onde nos fartámos de dançar Forró. A noite passou-se ao som de uma banda ao vivo, super animada e agitada, a dançar por entre brasileiros e apreciadores do estilo de dança.

“Would you like to dance?” era a frase que ansiávamos ouvir e lá seguíamos nós para a pista de dança.
Já há muito que não dançava tanto!
A determinada altura dançava com um Americano (a quem de certeza trocaram as voltas pois, a avaliar pela côr da pele e jeito para a dança, mais parecia Baihano) com quem não só pude relembrar o que já sabia como também adquirir novos passos. Roda para aqui, recua para ali, gira, vira... estonteantemente divertido. A determinada altura, numa sequência de músicas sem intervalo, a banda começou a acelerar o ritmo e dancávamos agora no que no Brasil eles chamam de “despencar”, pois basicamente as ancas desconjuntam-se para seguir o ritmo frenético e contageante. Quase que parecia Lambada. Por natureza já estava calor e o facto de se dançar contra o corpo do outro tornava a coisa ainda mais quente. Com toda a velocidade da dança, a determinada altura já sentia o suor escorrer-me pelas costas, pelo pescoço, no queixo... mas nada de parar. Não havia qualquer cansaço. O meu par acabou por exclamar “where do you go get so much energy?”

Acho que vinha do facto de aquele Domingo parecer totalmente um dia de férias, despreocupado, sem pensar em trabalho ou preocupações, só a aproveitar o estar calor, o haver música e dança. Terminei a noite completamente ensopada. Quase que se podia espremer a t-shirt mas... nunca me senti tão fresca!

Segunda-feira nem pareceu muito má :)

Cello na Praia

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6.13.2005

Mais vale não dizer nada

Detesto a frase: “Vamos ser Amigos”!

Das duas uma, ou se está a forçar uma situação e a querer algo que não se tem ou, já se teve o que se queria mas, porque não se quer mais, esta é uma maneira airosa de se descartar de uma situação desconfortável.

Em qualquer dos casos, nunca existe amizade... pois esta não se negoceia.

6.12.2005

Está Tanto Calor!!!

Amanhã vou para a praia.
Vou passar o dia assim :)

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6.11.2005

E Ela Beijou-o Assim...

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“Mordeu-lhe o lábio, levemente, provocantemente.
Sentiu-o apertá-la contra si enquanto inspirava fortemente.
Inalava-a... desejava-a.

No ar, aquela música. Uma voz ingénua.

In a manner of speaking (Nouvelle Vague)

“In a Manner of speaking
I just want to say
That I could never forget the way
You told me everything
By saying nothing

In a manner of speaking
I don't understand
How love in silence becomes reprimand
But the way that I feel about you
Is beyond words

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

In a manner of speaking
Semantics won't do
In this life that we live we only make do
And the way that we feel
Might have to be sacrified

So in a manner of speaking
I just want to say
That just like you I should find a way
To tell you everything
By saying nothing.

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything

Oh give me the words
Give me the words
That tell me nothing
Ohohohoh give me the words
Give me the words
That tell me everything”

Ingenuidade? Nenhuma!
A música envolveu-os... envolveram-se também.
In a manner of speaking... palavras para quê?
Os corpos falaram. “

Há Autógrafos e Autógrafos!

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A semana passada assisti ‘a actuação de Luciana Souza, cantora de Jazz Brasileira, acompanhada pelo guitarrista conterrâneo Romero Lubambo. O clube de Jazz, pequeno e aconchegante, providenciou a atmosfera ideal: luzes baixas e ténues que tornavam o grená aveludado das paredes aconchegante e intimista. Deliciei-me com as versões acústicas de Jobim, Djavan, Vinicius, Lins e companhia, salpicadas com toques jazzísticos.
A interacção com o público foi forte, não fossem eles Brasileiros! Envolveram-nos não só com boa música como também com os seus sorrisos, boa disposição e ‘a vontade. Foi bom!
No final consegui facilmente falar com eles, uma vez que permaneceram por ali, ‘a disposição de quem os quisesse interpelar. Fiquei com autógrafos no meu bilhete, desta vez sem ter que estar em filas de espera ou pessoas a acotovelarem-se, como outrora já fizera.

Houve um período da minha vida em que, fruto de conhecer alguém que conhecia alguém que conhecia alguém, usufruí gratuitamente de bilhetes para os mais variados concertos. Estava lá sempre batida! Na maioria das vezes ficava ‘a frente e, normalmente, conseguia entabular uma qualquer comunicação por gestos com um dos elementos da banda para conseguir um autógrafo no fim ou uma palheta. Sucederam-se diversas peripécias, uma das quais terminando comigo em cima do palco a cantar e a dançar com a cantora dos Morcheeba. Contudo, a que recordo mais vivamente aconteceu no concerto dos Cardigans. Com um sorriso aqui e um acenar de mão ali, consegui captar a atenção do guitarrista, ao qual prontamente me pus logo a pedir a palheta. Mesmo estando no meio de uma música, o guitarrista aproximou-se da ponta do palco para me dar a palheta. Esticou o braço e viu que não chegava até ‘a minha mão estendida. Aproximou-se um pouco mais da beira do palco, esticou-se mais um pouco e…. zás, escorregou e caiu do palco. A situação era já de si inédita mas, o mais engraçado foi que ficou a balançar, tipo pêndulo, uma vez que não conseguia tocar com os pés no chão e estava preso ‘a guitarra, que continuava com o cabo ligado. Primeiro fiquei espantada, boquiaberta, num misto de surpresa e preocupação. Coitado, afinal estava naquela situação por minha causa! Depois, não consegui evitar começar a rir. Ele riu-se também, sem qualquer embaraço. Piscou o olho e disse-me qualquer coisa como “everything for a fan with such a nice smile” (gaba-te cesta que vais ‘a vindima, heheh).
Já auxiliado pelo segurança que imediatamente apareceu e o devolveu ao palco, fez ainda questão de lhe dizer “That’s for her”, apontando para a palheta que entretanto ficara no chão. Ainda hoje tenho a dita palheta... sem dúvida aquela com a história mais cómica.
O concerto então decorreu como se estivesse a assistir ‘a actuação de alguém que conhecia pessoalmente, sempre com a cumplicidade da queda hilariante entre nós e alguns rasgos de humor do guitarrista que ainda me fez sinal mais tarde, com uma outra palheta na mão, como quem diz
- “Também queres esta?”

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6.01.2005

American Way :)

Um homem passeava pelo Central Park, em Nova York. De repente vê uma rapariga ser atacada por um pitbull. Corre na sua direcção e começa a lutar com o cão, matando-o e salvando a vida da rapariga.
Um polícia que assistia à cena dirige-se a ele e diz:
- Você é um herói!!! Amanhã poderemos ler em todos os jornais:
"Herói de Nova York salva a vida de rapariga".
O Homem diz:
- Mas eu não sou de Nova York!
- Então, a manchete de amanhã será:
"Corajoso americano salva a vida de uma rapariga"
- Mas eu não sou americano! - diz o homem.
- Oh! Então o que é que você é?
- Eu sou paquistanês!

No dia seguinte, o jornal apresenta na primeira página:
"Extremista islâmico assassina cão americano. Conexões com rede terrorista ainda a ser investigadas"