6.22.2005

Keith Jarrett

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Um Homem. Um Piano. Uma unidade.

Neste momento escuto o concerto em Paris, o meu preferido.
Tanto neste concerto como em todos os outros que gravou, totalmente improvisados tendo até o mais famoso de todos eles (gravado em Köln) a particularidade de se restringir aos registos médios do piano por falta de afinação do mesmo nos registos mais agudos/graves (o que em nada diminuiu a genialidade de Keith Jarrett... pelo contrário), este extraordinário músico faz com que a música adquira contornos humanos e vice-versa.

Ele respira música e a música respira-o a ele.

Ele transpira música e a música transpira-o a ele.

Há cores, aguarelas, penumbras, sombras. Um gemido, um cantar, um bater de pedal, de martelos, um ranger de banco, um abraçar do teclado, uma exclamação.
Prazer, dor, alegria, ansiedade, expectativa, tristeza, abandono.
Tormenta, acalmia.
Há cumplicidadde, identidade.
Confundem-se... a música, Ele, o piano, o sentimento...

E' lindo! Inexplicável.

Infelizmente, hoje em dia Keith já não nos presenteia mais com este tipo de interpretações. Fruto da intensidade com que os vivia e expressava, os concertos acabaram por o exaurir, tendo sofrido nos últimos anos de Síndroma de Fadiga Crónico... que muito romanticamente alguns preferem enunciar como um "estado de tristeza". Contudo, recuperou e actua ainda com o seu trio de há já muitos anos, que terei o privilégio de escutar amanhã no Carnegie Hall.

Embora actue com músicos excelentes, e falo de Gary Peacock e Jack Deohnette, não consigo conter a minha excitação ao saber que vou ver e escutar, ao vivo e a cores, O Keith Jarrett.

Alguém que sente e vive a música com tanta alma e que cria melodias tão imensamente intensas só pode ser extraordinário.
Adoro-o!

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