6.11.2005
Há Autógrafos e Autógrafos!
A semana passada assisti ‘a actuação de Luciana Souza, cantora de Jazz Brasileira, acompanhada pelo guitarrista conterrâneo Romero Lubambo. O clube de Jazz, pequeno e aconchegante, providenciou a atmosfera ideal: luzes baixas e ténues que tornavam o grená aveludado das paredes aconchegante e intimista. Deliciei-me com as versões acústicas de Jobim, Djavan, Vinicius, Lins e companhia, salpicadas com toques jazzísticos.
A interacção com o público foi forte, não fossem eles Brasileiros! Envolveram-nos não só com boa música como também com os seus sorrisos, boa disposição e ‘a vontade. Foi bom!
No final consegui facilmente falar com eles, uma vez que permaneceram por ali, ‘a disposição de quem os quisesse interpelar. Fiquei com autógrafos no meu bilhete, desta vez sem ter que estar em filas de espera ou pessoas a acotovelarem-se, como outrora já fizera.
Houve um período da minha vida em que, fruto de conhecer alguém que conhecia alguém que conhecia alguém, usufruí gratuitamente de bilhetes para os mais variados concertos. Estava lá sempre batida! Na maioria das vezes ficava ‘a frente e, normalmente, conseguia entabular uma qualquer comunicação por gestos com um dos elementos da banda para conseguir um autógrafo no fim ou uma palheta. Sucederam-se diversas peripécias, uma das quais terminando comigo em cima do palco a cantar e a dançar com a cantora dos Morcheeba. Contudo, a que recordo mais vivamente aconteceu no concerto dos Cardigans. Com um sorriso aqui e um acenar de mão ali, consegui captar a atenção do guitarrista, ao qual prontamente me pus logo a pedir a palheta. Mesmo estando no meio de uma música, o guitarrista aproximou-se da ponta do palco para me dar a palheta. Esticou o braço e viu que não chegava até ‘a minha mão estendida. Aproximou-se um pouco mais da beira do palco, esticou-se mais um pouco e…. zás, escorregou e caiu do palco. A situação era já de si inédita mas, o mais engraçado foi que ficou a balançar, tipo pêndulo, uma vez que não conseguia tocar com os pés no chão e estava preso ‘a guitarra, que continuava com o cabo ligado. Primeiro fiquei espantada, boquiaberta, num misto de surpresa e preocupação. Coitado, afinal estava naquela situação por minha causa! Depois, não consegui evitar começar a rir. Ele riu-se também, sem qualquer embaraço. Piscou o olho e disse-me qualquer coisa como “everything for a fan with such a nice smile” (gaba-te cesta que vais ‘a vindima, heheh).
Já auxiliado pelo segurança que imediatamente apareceu e o devolveu ao palco, fez ainda questão de lhe dizer “That’s for her”, apontando para a palheta que entretanto ficara no chão. Ainda hoje tenho a dita palheta... sem dúvida aquela com a história mais cómica.
O concerto então decorreu como se estivesse a assistir ‘a actuação de alguém que conhecia pessoalmente, sempre com a cumplicidade da queda hilariante entre nós e alguns rasgos de humor do guitarrista que ainda me fez sinal mais tarde, com uma outra palheta na mão, como quem diz
- “Também queres esta?”
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1 comment:
Fogo, bela história! Nao te sabia tao de lides artísticas! Fui dar com o teu casaco amarelo nao sei bem como aqui vai uma beijoca da Mafalda de Biologia.
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