7.21.2006
Good Old America
Ontem ‘a noite, ouvia eu descansadinha a minha música, escrevia eu tranquila no meu blog quando vai de começar um chinfrim enorme na rua.
No início não liguei mas, uma vez que o alarido se vinha a avolumar e a prolongar, a determinada altura fui ver o que se passava.
Bem perto da minha casa, no meio da rua, encontravam-se 4 mafarricos: 2 rapazes e 2 raparigas. Um dos casais assistia de braços cruzados e conformadamente ao que parecia ser uma discussão interminável entre o outro casal.
Ela, esperneava, gritava, chorava, berrava, balia, mugia, gania e sei lá que mais. Ele, ouvia calado todos os desaforos que ela lhe dizia e volta e meia lá mandava um ou outro berro que, juntamente ‘a histeria dela, fazia um par digno de um qualquer nome tipo “Duo Ele e Ela”.
Não me pareceu que tivessem muita pressa em resolver o assunto (especialmente ela que não se calava) uma vez que a discussão já durava há bem mais de meia hora antes que me tivesse decidido a ir espreitar ‘a janela e mais meia hora durou até terminar.
Note-se que já passava da 1 da manhã e, no meio do silêncio que reina na parvalheira de Somerville, os gritos dela soavam quase que lancinantes.
No início fiquei preocupada se seria alguma cena de “violência doméstica” fora de casa (se é que isso é possível) mas depois, já estava tão farta de ouvir a gaja guinchar "I hate you! I love you! Fuck you! Leave me alone! Come back!", que cheguei a desejar que o gajo lhe mandasse um par de tabefes.
- Decide-te minha!!!
Espreitando pela janela admirava-me como é que com um escarcéu daqueles a polícia ainda não tinha aparecido. Para festas os vizinhos, mesmo que não se ouça barulho nenhum cá fora, estão sempre mais que dispostos a chamar a bófia mas, neste caso...:
- Ah pois é, devem estar a gostar do espectáculo e ninguém se queixa!
Caramelos!! Humpf!
Enquanto mal dizia a minha vida (pois se aquilo continuasse não conseguiria por certo dormir) eis que aparece um carro da polícia.
- Finalmente! Pronto, é agora que se acaba a peixeirada!
Qual quê? O carro parou, perguntou se havia algum problema (dahhh!), eles disseram que não (daaaaaaaahhhhh!) o carro foi embora e vai de começar o forrobodó outra vez:
- I hate you! I love you! Fuck you! Leave me alone! Come back!
(e os outros panhonhas de braços cruzados ‘a espera que eles se decidissem)
- Oh bai-m'á benda!!!
Bonito! Vou ter que aturar com estes gajos a noite inteira. Está visto que chamar a bófia não adianta... Olh’a minha vida!!! Só me faltava esta.
Já a deitar contas ‘a vida e a pensar seriamente em atirar-lhes com um balde de água para cima (isto sou eu armada em má), vejo de repente o que parecia ser um OVNI a aterrar lá fora, deixando entrar pelas frestas das persianas raios de luz azul, branco e vermelha.
Pois é, bem que poderia ser uma bela introdução para um encontro do terceiro grau (só faltava o orgão de teclas luminosas a fazer a successão de 5 notas, vide filme de Spielberg), até porque a miúda se calou de imediato, como as actrizes, que ficam mudinhas e de boca a abrir e a fechar sem proferir som, qual peixe for a de água... mas não.
Era, nada mais nada menos, do que o batalhão de intervenção, o esquadrão de choque, a força bruta... o Fungagá Americano. Eis que, em menos de nada, estão neste cú de Judas:
Não UM!!!!
Não DOIS!!!
mas sim
TRES automóveis!!!!!! (juro que agora tive uma visão do Carlos Cruz e da Bota Botilde).
Desculpem, três veículos da polícia, de onde saem os bufos gordalhudos, sacudindo as migalhas de donuts do colo, engolindo o último trago de café e apontando ameaçadoramente o foco da lanterna para a cara dos suspeitos (os que berravam e os que assistiam).
Zás trás pás!!!
Pim-pim-pim!!!
Em menos de nada seguiam as gajas para um lado (enquanto que a dama das camélias chorava baba e ranho), os gajos para o outro, os carros desaparecem e voltava o silêncio.
Afinal, a polícia sempre faz algo... tem é que ser, como tudo o que é Americanado, em grande!
Podemos sempre contar com eles: grandes, feios e maus!
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1 comment:
Ganda filme, não será má ideia mudar de lentes...
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