4.26.2006
Negócio da China
Embora NY e Boston estejam separadas por apenas quatro horas de carro, viajar entre estas duas cidades de comboio é uma verdadeira exurbitância, ficando cada viagem por este meio de transporte quase pelo mesmo preço que se a fizessemos de avião. Assim, e não fossem os Chineses os reis das oportunidades (cá para mim são Asiáticos com genes Judeus), há várias companhias chinesas que fazem o curcuito Boston-NY milhentas vezes ao dia, em ambas as direcções, unindo as Chinatown de cada cidade por um preço irrisório.
Existem duas companhias principais, a Fung-Wah e a Lucky-Star que, como concorrentes que se prezem, iniciaram uma bela história de amor que envolve desde corridas na auto-estrada até paragens inesperadas para que os motoristas tirassem disputas e, em discussões mais acaloradas, lá vai disto: Restling entre os “Malga d’Aloz”. Isto foi no início e nunca presenceei estas cenas mas, porque a publicidade não era favorável, cada uma das companhias começou a tentar superar a outra em pequenos quês.
Então:
- uma estabelece que o preço é $15 e a outra… faz o mesmo.
- uma decide fazer vendas de bilhetes online e a outra… faz o mesmo.
- uma (e tenho a certeza que esta decisão deve ter custado um ataque cardíaco ‘a Matriarca da família. Sim, porque isto é negócio onde “só” entram pais, mães, filhos, primos, afilhados, cunhados, amantes, tios, avós, o cão, o pintassilgo e, se preciso fôr, o padeiro e o leiteiro que, por portas travessas, também devem ter contribuido para a família ao fazer uns quantos bastardos) decide baixar o preço em $1 se a compra fôr online e a outra… faz o mesmo.
- uma alarga os horários e a outra… faz o mesmo.
Já estão a ver o esquema, não é?
A determinada altura julguei que já não pudessem alterar a coisa muito mais mas, eis que me surpreendem este fim de semana, quando usei os seus transportes (estes chineses são levados da breca!). Usei uma das companhias ‘a ida e outra no regresso.
Na primeira viagem, em vez de a paragem da praxe ser no fast-food ranhoso e gordurento do costume, parámos num local muito mais “chique”, maior e com mais opção de escolha. Pensei logo: “Não deve tardar muito a outra companhia também começa a parar por estas bandas!”
Mas, a outra companhia foi mais espertinha e optou por um método muito mais inovador e que só me deu vontade de rir ao entrar no autocarro. Entrego o bilhete e, em troca (e nem de algo em troca esperava, óbvio), recebo um papelinho e 25 cêntimos.
- Fantástico! – pensei – por este andar, qualquer dia pagam as viagens ‘a malta e, com sorte, ainda nos vão buscar a casa.
E então para que é o dinheiro?
No papelinho que me entregaram explicam que serve para gratificarmos o motorista no fim da viagem, caso achemos que se comportou como deve ser, uma vez que o objectivo primordial da empresa é satisfazer o cliente, blá, blá, blá.
Estes chineses realmente pensam em tudo.
Vamos lá a ver o que inventam da próxima vez que me tiver que deslocar ‘a Big Apple :)
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