9.10.2005
Tempo para Sentir
Tudo foi muito intenso.
Sentidos entorpecidos pela velocidade dos acontecimentos.
Não tive tempo para parar ou para pensar.
Foi tudo a correr.
Havia sempre algo para fazer, algo para organizar, algo a tratar.
Não tive tempo para parar ou para pensar.
Caixas e mais caixas.
Empacotar. Desempacotar.
Não tive tempo para parar ou para pensar.
Ao fim dos dias, o cansaço.
Costas doridas, mãos cortadas, pele arranhada.
Suspirava. Queria dormir, ser levada pelo sono.
Não tive tempo para parar ou para pensar.
Até agora...
Tudo finalmente toma forma.
Começa a haver uma ordem, um encaixe numa rotina.
E tenho agora tempo para parar e para pensar.
Apercebo-me... começo também a sentir.
E dói...
Não é mais o corpo. Dói-me a Alma.
Sinto vazio... sinto saudades...
Nó na garganta.
Olhos com água, lábios com sal.
Aperto no peito.
Sinto-me perdida, desconheço esta realidade.
Faltam-me aqueles sorrisos.
Faltam-me os "bons-dias", "vamos fazer algo", "queres fazer uma pausa?", "ligo-te mais tarde"...
Uma mão no ombro, uma carícia no rosto, um piscar de olho.
Desconheço os cheiros.
Não reconheço os sons.
Que cores são estas?
E tenho agora tempo para parar e para pensar.
Sinto...
Sinto-me só!
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2 comments:
Percebo-te perfeitamente!
Espero que rapidamente passes esta fase de "uma desconhecida numa cidade nova".
Triste, tocante, mas muito bonito!
Bjs,
Tripeiro
O probelma é isto não ser uma fase de "desconhecida numa cidade nova" mas sim de "desconhecida numa cidade nova onde não quero estar".
Até agora, sempre escolhi as cidades onde vivi.
Tanto na Alemanha como em NY o facto de ser um sítio desconhecido era fonte de entusiasmo e vontade de o querer conhecer mais e mais. Mas, agora, que para aqui vim parar sem opção, sem ter escolhido, há uma certa resistência.
Mas passará... espero!
Obrigada pelo apoio, though!
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