1.20.2006

Um para esta mesa, por favor!!

Um dia vou gostar e ser gostada assim:

" Ela tem viajado demais, consequências de mudanças no trabalho, e eu tenho, ô constatação boba, ficado sozinho demais. Mas vai que deu uma viração nesse começo de ano e ela tem ficado em casa durante a semana e a casa está muito mais bonita por isso.

Quando ela chega eu vento e tenho a ligeira impressão de que isso fica visível. Ela faz sempre festinha em mim, ainda de pé na porta, dá-me um beijo e acarinha meus cabelos. E eu, bobo, marejo os olhos.

Assim como eu, bobo, fico a fazer fotografias dela diante do espelho se pintando, dela acordando, dela dizendo bom dia, dela pedindo mais um "cadiquinho" de preguiça antes de se levantar, como, bobo, fiz-lhe uma supresa na segunda-feira.

Sacumé. Semanas a fio sem a minha garota e o sol da segunda-feira parecia muito mais brilhante, o azul do céu ainda mais azul, só porque ela me dissera no domingo à noite, "essa semana eu não viajo...". Daí eu tô no centro da cidade, penso nela e me dá vontade de dar pulos, como disse o Pessoa num poema recitado pela Bethânia (lembrei-me dos versos na hora!). Seria ridículo. Entro num quiosque de flores e escolho as mais bonitas. Mando entregar em seu trabalho. Rápido. Paro pra tomar um café e fico, bobo (de novo), esperando o celular tocar.

Ele toca. E ela me diz coisas tão bonitas (tive a impressão de ouvi-la com a voz marejada) e eu choro no balcão sozinho, e eu prometo um jantar caprichado à noite, e ela sorri, diz que sim, que quer, e eu, bobo, fico zanzando pelos corredores do Forum a pensar no cardápio da minha menina.

E vou às compras e escolho cada ingrediente como se fosse preparar o primeiro jantar, para causar a primeira impressão, para impressionar pela primeira vez.

Chego em casa e a casa está muito mais bonita do que na semana passada pelo simples fato de que a expectativa de sua chegada é capaz de dar cores a tudo, enquanto que sua ausência me deixa andando pela casa na penumbra em busca do cheiro que o olfato mais aguçado há de perceber (deixei de fumar de novo).

Preparo a comida e lembro que não janto em casa quando ela não está. Acho graça disso. E fico de olho no relógio, e sinto que vento quando vem chegando a hora.

E quando ela chega à noite abraçada na braçada de rosas dá-me um abraço indizível e ficamos ali, os dois, na sala da casa que está tão bonita...

A dona está demais."

Não é lindo?
Edu, querido, não resisti em partilhar este teu texto maravilhoso!

Tirado daqui, onde podem ver a causadora de tão belas palavras... ela bela também.

2 comments:

Fadalê said...

Também eu,bobo, marejo os olhos pela tua Madalê e espero que ELE (seja quem fôr ) o faça por ti. Pode até fazê-lo durante tanto ou mais tempo quanto eu o tenho feito.Ficaria muito feliz por ti.
O texto é lindo e com aquele sabor tão "quentche" que só a língua "açucar" tão bem sabe acalorar... Um "cadiquinho" de preguiça... lindo.
Lembrei-me agora de Sérgio Endrigo, numa sua interpretação de um "mel" brasileiro:

QUANDO, EU CHEGO AO RIO
EU ME ARREPIO DE VER TANTA COISA....
LINDA... SOLTA NO AR...

É assim e pronto.

Sarává

∫nês said...

Tu e a Mãe são um poema constante, de meter ainda mais inveja boa.