2.22.2006
Fogo
Hoje cheguei aos Biolabs e os alarmes de incêndio tocavam.
E’ verdade que via a maioria das pessoas a sair do edifício e não a entrar mas, ignorando o facto, continuei para o laboratório e, como esperado, toda a gente se encontrava lá dentro.
Já vacinados de Nova Iorque, ninguém liga puto aos alarmes de incêndio. A chinfrineira e as luzes a piscar eram o pão-nosso-de-cada dia no antigo instituto e, por "default", ninguém reagia ao anúncio… e nunca foi preciso fazê-lo uma vez que aquela traquitana dos alarmes disparava sempre por engano ou porque decidiam fazer testes a ver se a coisa estava a funcionar.
Bem, o que é certo é que a determinada altura, a torrente de pessoas em sentido ‘a saída continuava e olhavam para o interior do nosso laboratório com olhos de quem diz:
- Como é, não vão sair?
Alguém mais cuidadoso, disse-nos da porta:
- E’ melhor sairem porque se os bombeiros chegam e vêem pessoal cá dentro podem apanhar uma multa.
(Até achei piada 'a ideia de um Bombeiro, no meio de uma batalha pirotécnica, sacar do bloquinho de multas e virar-se para o prevaricador: "Ora diga lá! Qual é o seu número de contribuinte? Cédula de Nascimento? B.I.?")
Dito isto, que remédio tivemos nós que não sair. Com a pressa de deixar a experiência a correr (vejam só como eu acreditava que havia um fogo), esqueci-me de levar o casaco. Chegada ‘a rua, as temperaturas negativas de imediato me fizeram aperceber disso e eis que volto para trás. Ao fazer isto, ainda a porta não se tinha fechado atrás de mim, um Bombeiro, todo equipado no corredor, diz-me com ar de meu paizinho:
- Where does the young lady thinks she’s going?
- I forgot my jacket – respondi.
Então, o bombeiro, do alto da sua autoridade e uniforme, com o dedo indicador esticado para o ar, disse-me sarcasticamente:
- There’s a fire alarm. The building might be on fire!!! (só faltava dizer “dah!” no fim da frase, tal foi o ar com que o disse) – e no ar, nem uma névoazinha e o único cheiro que se sentia era o dos potes de café que a malta, qual ritual, compra pela manhã.
Revirei os olhos, bufei, dei meia volta e resmunguei entre-dentes:
- Vai mas é haver um cold-alarm quando eu estiver lá fora e começar a ficar roxinha e a bater o dente!
Felizmente a coisa não demorou muito. Foi falso alarme (agora quem diz “dah” sou eu :P) e, pelo que percebi pelas conversas que decorriam enquanto a malta esperava cá fora, ter o corpo de bombeiros em peso por causa destes alertas é algo corriqueiro.
Está visto que se mudam as cidades, mudam-se os hábitos mas, mesmo assim (e felizmente) é falso alarme e o alarido, não fossem estes tipos Americanos, é digno de um filme.
Hoje havia dois carros como o da foto repletos de Bombeiros totalmente equipados (vendo bem, o início da manhã nem foi assim tão mau: "gaijos! gaijos! :P"
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4 comments:
nunca vi os bombeiros virem socorrer a UniFreiburg, mas tou contigo!!
nós também temos um alarme que dispara por tudo e por nada. Já nem lhe ligamos. Ainda por cima porque regra geral vem cá o técnico da Siemens testá-lo todas as semanas. E há pelo menos esse sonzito semanal. Todas as semanas.
Na semana passada apanhámos um susto. O alarme mudou de som!! Passou a ser uma melodia quase pimba, tipo brinquedo de crianca... argh!! que tortura!
Pensámos logo, obviamente, que "aquele" seria o som de alarme verdadeiro e desatámos a fugir para fora do edifício!!
Cruzámo-nos entao com o tipo da Siemens, que vinha da cave (na sua visita semanal) super contente porque tinha conseguido instalar um alarme novo e o som era bestial! daaah.... Pimba! Kitsch!
E pronto... agora temos de aturar o som do alarme todas as semanas....
Vi: Hilariante!!!! A avaliar pelo patriotismo destes gajos, nao me admirava se um dia comecassem a tocar o Hino dos USA. Isso sim, seria Mega Pimba :)
Menina Azul: Pois é, é um clichet os meninos de uniforme, semi despidos, troncos suados e tal mas, o que é certo, é que a coisa até funciona bem, hehehe. A ver se da próxima vez que tiver um furo na bicicleta o faço perto do quartel. Obrigada pela dica ;)
Olha Inês, no Brasil, ao menos aonde estudo, a gente não tem essa tradição com alarmes de incêndio. hehehe
Mas nada como uma coisa dessas pra dar uma quebrada na rotina, não acha?
Abraço!
Marcelo: Onde no Brasil? Que inveja. Ess país faz-me bem! :)
E' verdade que o alarme sempre deu para cortar com a rotina. Aliás, enquanto esperávamos na rua, já esfregávamos as mãos de contente (e eu também porque estava cheia de frio :P) a pensar que já não teríamos a reunião das 10h. Enganámo-nos... 5 minutos antes da 10h já tudo estava resolvido!
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